02 outubro 2005

LULA E RITA

A crise política é provocda pela ausência de um programa político de intervenção nos profundos problemas sociais, os quais constitui a verdadeira dívida. Os "rasgos de indignação moral" da oposição, da situação e da imprensa, criam o falso debate de que o problema é "ético" ou moral.A crise é consequência de um projeto petista democrático-liberal. Os democratas acreditam que estão acima dos antagonismos de classe, das lutas que se dão no chão da realidade social pela apropriação da riqueza, no jogo de cartas marcadas, a vitória é daqueles que comandam a banca. Marx disse que a História se repete, a primeira vez como farsa e a segunda como tragédia. É aqui que se pode relacionar Collor e Lula, embora o segundo seja, ou tenha sido, o maior líder da história do século XX no Brasil. A farsa da oratória da modernidade, da defasa dos "descamizados" que deu início a integração do Brasil à nova ordem mundial, de subordinação à ideologia neoliberal. Ali se enfraqueceu o Estado, fortalecido pela ditadura militar para o financiamento da burguesia nacional, de cócoras à transnacionalização e financeirização, projeto este, consolidado eficazmente por FHC. A História se repete como tragédia no governo Lula, pois o projeto neoliberal de integração subordinada à globalização tem continuidade no governo atual. Os sonhos(as promessas) de inclusão das massas, de maior interferência dos movimentos sociais organizados nas tomadas de decisão se esbarram na burocratização das direções sindicais, populares e estudantis para que a pseudo-hegemonia petista no parlamento controlasse à conta-gotas algumas reformas sociais sem o desagrado dos banqueiros internacionais, das antigas oligarquias agrárias e da FIESP. Quebrados os vernizes de esquerda das reivindicações dos trabalhadores, o PT modelou-as com feições liberais-democráticas e atirou no pé, quando abandonou as bandeiras históricas. A experiência partidária mais rica da História da América -Latina, abandonou à uma década, pelo menos, a força dialética dos núcleos de base e jogou todas as fichas na roleta viciada da democracia representativa e no caquético e esgotado liberalismo econômico. O furacão Rita instalado no governo Lula, lembra a Rita de Chico Buarque: " A Rita levou meu sorriso... levou junto com ela o que me é de direito, arrancou-me do peito e tem mais... Que papel... a Rita matou nosso amor de vingança, nem herança deixou...mas causou perdas e danos...levou os meus planos, meus pobres enganos, os meus vinte anos, o meu coração e além de tudo me deixou mudo o violão." Emudeceram o violão e choram as cuícas, mas a bateria da escola se reorganiza diante da nota baixa dada pelos julgadores do desfile de erros cometidos pelo governo burguês do PT.