09 dezembro 2018

Paris é uma festa?


Macron segue em sua sanha neoliberal de fazer do Estado  francês a sala de estar dos mais ricos.Retirar impostos de grandes fortunas, reduzir direitos,destruir o sistema de seguridade social,cobrar impostos dos de baixo,lá como aqui,o pobre que votou em Macron e Bolsonaro é o inimigo.Aqui a classe média entenderá que continuará a sustentar a quermesse de banqueiros e os trabalhadores e excluídos perderão o que conquistaram em mais de um século de  lutas.Se "Paris é uma festa" ,título de livro de Hemingway,lá como cá há multidões de barrados nos banquetes dos banqueiros.
Que os "coletes amarelos" nos informem para onde e até onde vão,que os coletes amarelos nos ensinem a saída,sem o desfecho de 2013 no Brasil,quando não soubemos universalizar as bandeiras do repúdio ao mesquinho e selvagem capitalismo.
1968 é logo ali,aqui e lá.

Feliz ano velho versus Feliz ano novo.O que esperar de 2019.

A burguesia brasileira e seus patrões finaceiros não estarão dispostos a reconhecer um governo criminoso desde que este garanta seu regime.O ralo do Estado aberto fluindo seus recursos às mãos do agronegócio e do mercado financeiro não constrangerá quem quer que seja que esteja sendo beneficiado.Óbvio que a ideologia dominante está introjetada pelos setores médios ávidos por desobstruir suas costas de impostos, decidiu eleger o mais pobre à pagar a conta da crise de acumulação capitalista.
O pequeno proprietário não possui um caráter de classe,se enxerga como se fosse grande proprietário e colabora com seus interesses mais mesquinhos pensando fazer parte dos interesses poderosos e globais.
Como "O herói sem caráter",o "Macunaína", as classes médias destituídas de escrúpulos se já não aceitavam a direção do poder do Estado nas mãos das classes populares, mesmo com caráter assistencial, rejeitam qualquer forma de "empoderamento" identitário por associar a visibilidade dos vulneráveis à emancipação popular.
Não distinguiram um PT servil aos interesses de banqueiros do modelo ganha-ganha(onde trabalhadores ganhariam na medida que ricos ganhassem)das formas de lutas de ampliação de direitos que realizasse  distribuição de renda por políticas públicas que garantisse ascensão de classe, o qual o lulismo confundiu com mero acesso ao consumo.
Classes médias com seus pequenos negócios e profissionais liberais sucumbem ao projeto de terra arrasada burguês,que em sua crise, não se abstém de fazer os pobres a pagarem suas contas.
A dúvida é se atentarão cedo para farsa que elegeram. Sabemos que a ideologia é ferramenta poderosa das classes dominantes para reproduzir e manter o sistema capitalista em crise.O projeto ideológico burguês é o que tem sustentado o sistema do capital em esgotamento de acumulação.Esse processo de controle social é exercido com maestria, por vezes com a colaboração de reformistas progressistas, como o PT.
E não será diferente agora.
Não acredito no propalado desgaste rápido do proto-fascismo no governo.
Em regimes autoritários de exceção  as massas são empurradas para anti-participação,em uma anti-cidadania,de silenciamento da sociedade. Em regimes fascistas as massas são organizadas politicamente,manobradas pelo poder dominante e muitas vezes em formas de milícias da classe média, substituindo o Estado na repressão aos movimentos populares, aliado a uma forte propaganda de que "tudo está indo bem",ou iria bem se não fossem os movimentos sociais e a esquerda. Uma forma de criminalizar a resistência a um processo autoritário.
O campo da legalidade é alargado para as peripécias do poder constituído e o judiciário, fazendo do Direito mera ideologia dominante para dar conta da aparência de normalidade democrática, processo iniciado desde a destituição de Dilma.
Claro é também, que depois das eleições, será impossível que as classes dominantes unidas não se desmanchem em frações que reivindicarão seus privilégios. Já podemos perceber que a base do governo já se digladia por espaços privilegiados no governo.
Ainda pesa sobre o governo eleito algumas denúncias de corrupção.
 A imprensa pressiona para que se vejam fortes a reivindicar seus nacos de privilégios e benesses. Não confiemos , eles estão somente tentando demonstrar alguma força que lhe favoreça na queda de braço da disputa de poder,visando fortalecer suas "narrativas" que lhe beneficiarão.
O governo eleito em sua ignorância real tem qualidade para se comunicar de forma simples e simplista com o povo,usará deste recurso que,não resistirá à continuidade do desemprego e de rebaixamento da renda média, o que sem dúvida afetará o humor social. Mas as contrarreformas, se passarem, serão suficientes ao poder financeiro e ao agronegócio para continuarem a sustentar o governo, até que então, ele também possa ser descartado.
Duríssimos ataques se espera contra os trabalhadores da educação que visam modelar a sociedade à imagem e semelhança ao projeto de poder conservador e reacionário.
Igrejas desempenharam bem este processo nas eleições e continuarão "batendo",isto os fortalece,na medida que organiza a "fala" do precariado para justificar o poder.BNCC, reforma do ensino médio,terceirizações,privatizações,Escola"sem partido"...são recursos já utilizados e que reafirma a ofensiva à educação como meio de desmobilização dos servidores públicos bem como do enfraquecimento do serviço público para o corte de gastos,viabilizando o neoliberalismo associado à politica de costumes reacionária.
2019 será um cenário de naturalização da malvadeza neoliberal,a resistência será a da denúncia e organização de bases sociais mais sólidas,tarefa difícil diante da desmobilização e controle praticado pelo petismo por mais de uma década.

24 novembro 2018

REPÚBLICA FUNDAMENTALISTA - por Vladimir Safatle



Não consta momento algum da história da República brasileira no qual representantes do poder religioso tiveram força suficiente para vetar o nome de um possível ocupante do ministério da Educação.

O que aconteceu nesta semana é fato inédito. Ele indica quão longe estão dispostos a ir os membros do futuro desgoverno em seu uso explícito da religião como elemento de justificação do poder e de mobilização na tentativa de reconfiguração cultural do país.

Nunca é demais lembrar como a democracia ocidental nasceu, entre outros, por meio do combate à religião.

Ela foi impulsionada pela criação de um espaço político no interior do qual a justificação do poder não seria mais alimentada por qualquer forma de crença em escolhas divinas, na qual o amparo produzido pelo discurso religioso não desempenharia mais papel nos modos de produção da coesão social.

A democracia moderna, como gostava de acreditar Max Weber, seria assim solidária de um processo de desencantamento do mundo vindo da perda do poder unificador dos mitos teológico-religiosos na fundamentação das esferas sociais de valores (cultura, arte, política, economia, ciência, entre outros).

Hoje, não é difícil perceber como esse projeto nunca foi completamente realizado. Há várias formas de regressão social periódica a assombrar o que conhecemos até hoje por democracia e uma delas é a regressão religiosa fundamentalista, independentemente de ela ocorrer na Turquia muçulmana, na Polônia católica ou no Brasil com seus evangélicos.

Esses três casos são interessantes por mostrarem que não estamos a tratar de sociedades que teriam vínculos orgânicos com modos de vida ancorados em alguma espécie de horizonte teológico pré-moderno.

Elas são sociedades que passaram por processos de laicização vinculados a alguma forma de modernização autoritária.

A Polônia comunista, a Turquia de Atatürk ou o Brasil com sua modernização conservadora foram incapazes de dar, a largas parcelas da população, algum sentido substantivo para a experiência de serem cidadãs e cidadãos de um estado laico.

Ao contrário, essas largas parcelas foram submetidas à violência periódica do Estado, à despossessão de sua condição de sujeitos políticos e à brutalidade econômica de crises contínuas e desagregações econômicas.

Nesse contexto, a religião pode oferecer a crença na produção de uma nova comunidade baseada na promessa de amparo e redenção. Ela coloca em circulação seu poder pastoral, prometendo amparo - seja sob a forma de uma comunidade de crentes marcada pela assistência mútua e pela promessa de solidariedade, seja sob a forma de um discurso que procura anular a contingência de fenômenos que nos desestabilizam continuamente, como o sexo, a morte e a relação à autoridade, isto é, ainda sob a forma de narrativas teleológicas de guerras e vitórias finais.

Ela ainda promete o gozo (pois não há religião sem gozo) na fusão incestuosa com o sangue e o corpo da divindade.

No começo dos anos 1970, o psicanalista Jacques Lacan podia dizer: "Vocês ainda não têm ideia do que será o retorno da religião".

Ele podia dar declarações dessa natureza por perceber como a política moderna mobilizava os mesmos afetos do discurso religioso, como o desejo de amparo e a produção contínua do medo. Contra a religião, só haveria uma saída, mas ela não seria utilizada pelo discurso político.

Pois, do ponto de vista da circulação dos afetos, só se quebra a força da religião pela afirmação do desemparo, ou seja, por meio da afirmação da recusa a todo amparo vindo de um Outro, como se do desamparo pudesse nascer uma certa coragem cuja consequência política maior seria a produção de sujeitos que não querem mais ser governados.

Sujeitos que sabem que sua ausência de lugar natural não é uma falha que deve ser superada, mas uma condição para a produtividade da liberdade. Sujeitos que afirmam a contingência de sua existência e de seus caminhos. Mas sempre haverá um poder político a se alimentar dos nossos afetos mais regressivos e amedrontados.

26 julho 2018

Chet Baker,poeta do jazz.

←Os 85 anos de Chet Baker, uma lenda do jazz
TATIANE CORREIA



Publicado originalmente em 2014
https://jornalggn.com.br/

85 anos de Chesney Henry "Chet" Baker, Jr. (Yale, Oklahoma, 23 de dezembro de 1929 – Amsterdã, 13 de maio de 1988)

Nascido Chesney Henry Baker Jr. em 23 de dezembro de 1929, em Yale, Oklahoma, Chet Baker era filho de Vera Baker e Chesney Henry Baker.

Baker nasceu e foi criado em uma família musical. Seu pai, Chesney Baker, Sr., era um guitarrista profissional, e sua mãe, Vera, era uma pianista talentosa que trabalhava em uma fábrica de perfumes. Baker começou sua carreira musical cantando em coro de igreja. Seu pai o apresentou a instrumentos de metal como um trombone, que foi substituído por um trompete quando o trombone revelou-se demasiado grande.

“Quando eu tinha treze anos, papai chegou em casa com um trombone. Tentei tocá-lo durante umas duas semanas, sem muito sucesso. Eu era pequeno para minha idade e não conseguia alongar até o fim a vara do trombone. Além disso, o bocal era muito grande para os meus lábios. Depois de umas semanas, o trombone acabou desaparecendo, e em seu lugar surgiu um trompete, que era muito mais apropriado para o meu tamanho”.

Desde o primeiro momento com seu instrumento o talento era visível. Dominou rapidamente o modo de soprar no trompete e desenvolvia sua habilidade mais rápido do que assimilava a teoria musical. Talvez este tenha sido o fator decisivo para que Chet Baker preferisse tocar de ouvido, um hábito que o acompanhou durante toda a sua carreira.

Baker recebeu alguma educação musical em Glendale Junior High School, mas deixou a escola em 1946, para se juntar ao exército dos Estados Unidos. Ele foi enviado para Berlim, onde se juntou à banda Army 298. É nesse período que ouve jazz pela primeira vez, pela rádio do exército.

Quando Baker retornou à vida civil começa a estudar teoria musical no El Camino College, na Califórnia. Logo ele estaria conduzindo seu próprio grupo. Ele gravou muito durante a década de 1950 - muitas vezes cantando com uma voz sedutora que complementou sua boa aparência - bem como tocando.

Sem motivo aparente decide se realistar no exército e  volta a tocar na banda militar. Entediado, deserta e volta para Los Angeles

Iniciou, com apenas 22 anos,  a sua carreira de sucesso com Charlie Parker quando este estava à procura de um trompetista para acompanhá-lo em sua turnê pelos Estados Unidos e Canadá. Baker tinha grande afeição por Charlie Parker, por sua gentileza, honestidade e pela maneira como protegia os músicos da banda, tentando mantê-los longe da heroína que tanto lhe corroía.



Em 1952, quando Gerry Mulligan começou a formar seu famoso quarteto sem piano - chamado de pianoless jazz (a importância dessa inovação é grande pelo fato de ser o piano o instrumento que geralmente conduz a harmonia das canções), escolheu Baker, com quem já havia tocado em jam sessions, para dividir a frente do palco. Gerry Mulligan criou o estilo ‘west coast’, um estilo de jazz mais calmo, menos frenético cujas músicas caracterizavam-se por composições mais elaboradas. Sua versão de 'My Funny Valentine' com Mulligan é clássica.


Amante do jazz, Baker não tardou em conquistar o sucesso, sendo apontado como um dos melhores trompetistas do gênero. Rapidamente se tornou uma estrela.

Quando Mulligan se afastou do conjunto por motivos diversos - seu envolvimento com drogas era o maior deles - Chet Baker tomou pra si a liderança e rearranjou o quarteto adicionando o pianista Russ Freeman, um de seus mais notórios parceiros durante toda a sua carreira.

Chet conquistou um novo público ao lançar-se como cantor, à frente do próprio quarteto. Viajaram pelos EUA com grande sucesso, e nessa época Chet Baker começou a ganhar prêmios nas revistas especializadas. Após desentendimentos o quarteto se desfez e Baker seguiu para a Europa. Sozinho, permaneceu na Europa tocando com músicos de todos os níveis.

Em 1950 foi preso pela primeira vez por porte de drogas e quando voltou aos EUA começou a consumir drogas pesadas por volta de 1956. Com isso, se envolveu em diversos problemas tendo sido internado no Hospital de Lexington e preso em Riker's Island por porte ilegal de drogas. Sem uma autorização para tocar em lugares que servissem bebidas, resolveu voltar para a Europa. Vive e toca na Europa pelos próximos quatro anos, sediado na Itália, onde também é preso por drogas.

Em 1954 Baker venceu o Downbeat Jazz Poll.

Por causa de sua beleza, Hollywood se aproximou de Baker e ele fez sua estreia como ator no filme Hell’s Horizon, lançado no outono de 1955.


Em 1956 ele se casou com Halema, uma bela mulher paquistanesa que aparece em algumas das famosas fotografias de Baker tomadas por William Claxton. Eles tiveram um filho, Chesney Aftab Baker, em 1957 ("Aftab" é mais ou menos equivalente a "júnior" na pátria de Halema). Em 1959, Baker saiu para fazer um show e deixou Halema e Chesney Aftab com o escultor americano Peter Broome em Paris. Broome e Halema começaram um relacionamento e, posteriormente, o escultor adotou a criança.



Em 1961, Baker conheceu uma atriz Inglesa, Carol, na Itália. Eles se casaram em 1964 e tiveram três filhos: Dean,  Paul e Melissa

Ele foi um dos músicos mais importantes da sua geração e esteve sempre à frente do seu tempo. Além de tocar seu instrumento como poucos e com absoluta suavidade, Chet Baker também inovou ao colocar sua voz pequena, porém sempre bem colocada e muito afinada, inaugurando um estilo único, que influenciou vários artistas. Ele ajudou a estabelecer o que viria a ser identificado como “cool jazz”: uma música econômica, de poucas notas, mais tranquila e fria, oposta ao bebop incendiário de Charlie Parker, Dizzy Gillespie e Bud Powell, cujos temas tinham ritmo veloz e fraseados cheios de notas.

A vida pessoal de Baker muitas vezes ofuscou a profissional. Ele era extremamente talentoso, mas sua dependência de drogas arruinou sua reputação nos EUA, mas valeu-lhe grande de simpatia entre muitos europeus. Esta simpatia não foi compartilhada, no entanto, por parte das autoridades na Europa, e ele foi banido de vários países durante a década de 1960, só sendo permitido retornar no final de 1970.

A maior crise, entre tantas, em sua vida foi um agressão física por traficantes no final dos anos 1960 que destruiu seus dentes. Em consequência da agressão sofrida, Chet teve que tirar todos os dentes da arcada superior, fato desastroso para um trompetista, que mudou toda a sonoridade das suas canções e até da sua voz quando cantava. Na fase em que teve mais problemas com drogas, vagou pela Europa e chegou a trabalhar como frentista em um posto de gasolina.

O músico foi preso várias vezes em função do vício, sua vida, no geral, foi nômade e desorganizada. Sempre precisando de dinheiro, aceitou propostas duvidosas de gravadoras precárias, nas quais não ficava muito tempo. O resultado disso tudo foi uma discografia extensa e de alguns itens descartáveis.

Existem diferenças de opinião sobre os altos e baixos na qualidade do seu trabalho , mas todos concordam que a década de 1950 - especialmente a parte inicial da década - fosse seu apogeu. A avaliação geral é que pouco do que ele gravou em 1960 foi particularmente bom; No entanto, enquanto alguns pensam que ele nunca se recuperou, muitos aficionados sustentam que ele realmente melhorou durante seus últimos 14 anos de vida, quando ele voltou após a perda de seus dentes.

Em 13 de maio de 1988, Baker caiu de uma janela de quarto de hotel em Amsterdã. Até os dias de hoje as circunstâncias da sua morte são imprecisas, deixando dúvidas e várias versões foram sugeridas sobre o que realmente aconteceu. Suicídio, acidente, assassinato são algumas das hipóteses possíveis, pois ele despencou estranhamente do 2º andar do hotel, com apenas 58 anos de idade, mas com aparência de mais de 80 anos, principalmente em razão da sua dependência às drogas pesadas.

A heroína foi encontrada  em sua corrente sanguínea, e tanto a heroína como a cocaína foram encontradas em seu quarto, que estava trancada por dentro. Seu corpo foi enviado de volta para a Califórnia e enterrado ao lado de seu pai. Ele foi socorrido por sua mãe Vera, a esposa Carol e quatro filhos.

Em Oklahoma, funciona a Chet Baker Foundation, sem fins lucrativos, que preserva sua memória. Seu filho Paul Backer é o diretor executivo e responsável pelo acervo do artista, acompanhado de perto por vários conselheiros, que inclui a atriz Sharon Stone.

Em 1985, Chet esteve no Brasil em duas apresentações no primeiro Free Jazz. Acompanhado por uma banda liderada pelo pianista Rique Pantoja, com quem já havia gravado dois discos, o show carioca, segundo alguns, foi decepcionante, mas em compensação, o paulista foi um arraso.

Na sua cola, a organização contratou um médico que ministrava doses de metadona no combate a seu vício em heroína. Porém, Chet driblou a todos, conseguiu drogas e quase morreu de overdose em uma suíte do Hotel Maksoud Plaza.

Homenagens:

Ganhou o prêmio New Star para trompete no prestigiado Critics Poll Downbeat, em 1953.

O filme All The Fine Young Cannibals (1960), é uma produção levemente inspirada na sua vida (o personagem chama-se Chad Bixby)

Introduzido no Big Band e Jazz Hall of Fame em 1987.

Em 1991, o cantor / compositor David Wilcox gravou a canção "Unsung Swan Song de Chet Baker" em seu álbum Home Again , especulando sobre o que poderia ter sido os últimos pensamentos de Baker, antes de cair para a morte. A canção foi coberta por kd lang como "My Old Addiction" em seu álbum de 1997.


Em 1991, ele foi introduzido no Oklahoma Jazz Hall of Fame .

Foi homenageado no documentário “Let’s Get Lost”, dirigido pelo fotógrafo americano Bruce Weber, feito com a colaboração do próprio Chet e que estreou alguns meses depois da sua morte, ocorrida no ano de 1988. Todo gravado em preto e branco, apresenta trechos de programas de TV e fotos do início da carreira, onde era comparado ao astro James Dean. A trilha sonora do documentário foi lançada também em CD.

Em 2013, com o álbum I Thought about you, a pianista e cantora brasileira Eliane Elias presta tributo  a Chet Baker, interpretando temas do repertório do saudoso trompetista. Vieram ao estúdio Randy Brecker, ao trompete, Oscar Castro Neves e Steve Cárdenas nas guitarras, Marc Johnson ao contrabaixo, Victor Lewis e Rafael Barata se revezando na bateria e mais o percussionista Marivaldo dos Santos.


Fontes:

Candelabro aceso para Chet Baker(1929 - 1988)

Chet Baker na Wikipédia

Chet Baker na Wikipédia , em inglês

Chet Baker no IMDb

Chet Baker (1929-1988), por V.A. Bezerra

Chet Baker, a atuação que mudou a vida de João Gilberto, por Alfeu

 Chet Baker: o gênio branco do jazz , por Fernando do Valle

Chet Baker: o poeta do jazz, por Marcelo Lopes Vieira

Conheça as músicas essenciais de Chet Baker

O disco que João Donato não gravou com Chet Baker

Gigantes do jazz: Chet Baker

 Livro revela as memórias de Chet Baker

Sobre Chet Baker: uma divagação apaixonada, por Andreza Spinelli Balln        

Toda vez que dizemos adeus, por Sergio

A tragédia do esfolado vivo, por Antonio Gonçalves Filho

Livros:

Funny Valentine – The Story Of Chet Baker, por Mathew Ruddick

Memórias Perdidas

No fundo de um sonho: a longa noite de Chet Baker, por James Gavin

No rastro de Chet Baker: um caso,de Evan Horne

https://youtu.be/2Ynn3mzC2E4
Coletânea









































15 julho 2018

Futebol e um outro mundo possível.


Tenho acompanhado com atenção as discussões pela rede sobre apoio ou não apoio às seleções, como França com seleção de origem africana ou Croácia, que possui torcedores e jogadores fascistas(alguns deles),principalmente por questões históricas.
Isso é longo em minha vida, quando a seleção brasileira é usada politicamente para a afirmação da filosofia da ditadura civil-militar no Brasil ou, quando nas vésperas da copa de 2014 já se apontava a corrupção generalizada e uso dos recursos públicos para o benefício do capital, que escolheu países dos Brics,nas últimas copas para sugar os Estados nacionais de África do Sul, Brasil e Rússia.

É muito triste ver que o futebol como identidade das culturas brasileiras possa ser absorvido pela sanha do capital.
No entanto, trago outros pontos que seriam importantes nesta discussão.

O primeiro deles, observados no debate sobre as seleções desta Copa é perceber a "Questão nacional" como referência. Como a torcida por uma ou outra seleção, dentro das esquerdas foi muito além do futebol.

Aqueles que veem na esquerda socialista referência na tática de alianças com países que enfrentam o imperialismo estadunidense,como a Rússia,e que tem a ver com posicionamentos políticos diante da questão da Síria e o governo de Assad,aliado russo frente aos EUA.A mesma questão aparece no debate que envolve as questões nacionais de Croácia,a antiga Iugoslávia,Ucrânia e Rússia,que envolvem a influência fascista   na formação da nação croata,a aliança sérvia com a rússia e etc etc..
Por outro lado,outros setores socialistas que não identificam a questão nacional como parâmetro,ou seja,identificam os setores populares,suas aspirações e demandas independente de governos e Estados,acabam se aproximando mais do marxismo original(e também em Weber),quando caracteriza o Estado como viabilizador da dominação burguesa,ferramenta de repressão política,onde trabalhadores não deveriam ter referências em nações,que mesmo reconhecendo a autodeterminação dos povos ,engrossariam o caldo da dominação política do capital.
A segunda questão a tratar, é a questão da Identidade cultural.

É fato que a questão da cultura é ponto importante nos debates intestinos às esquerdas socialistas, principalmente quanto a ideia de a cultura e a identidade são ou não prioridades aos marxistas originais ou seu desenvolvimento,quando podemos identificar que a agenda da esquerda hoje tem como pontos importantes questões específicas relativas ao indivíduo e sua autonomia diante de questões como o racismo , a homofobia,a proteção das culturas originárias e etc, dentro do modelo capitalista de lutas de classes.

As questões de classe e afirmação da individualidade são questões ainda que carregam muitas polêmicas no campo da esquerda,que envolvem princípios das correntes políticas emancipatórias.

É duro demais perceber como o Futebol, forma cultural que permite a caracterização do brasileiro  foi e é,e não só aqui, fator de alienação e manipulação política,meio de controle social e dominação.

O capitalismo se apropria de todas as formas culturais como forma de obter lucro e reproduzir suas formas de dominação.
Sobre torcer ou não para tal ou qual selecionado nacional aprofunda debates que revolvem as profundezas das "almas" socialistas e comunistas.

Tenho pra mim,que assim como os meios de comunicação de massa,futebol e religiosidade são sim ferramentas de alienação e manipulação,mas vejo que todas as formas culturais são passíveis de manipulação,no entanto,não a principal.

O principal eixo de controle,alienação e dominação está centrado no currículo escolar ,sem o qual não se pode discutir os processos de "anestesiamento social" e desertificação da racionalidade e de leitura da realidade e  dos acontecimentos sociais(tema tratado em outro momento e outros textos já discutidos).

Portanto, se cada apropriação que o capital faz dos elementos culturais formos envolver nossos princípios, não sobrará nada que possa nos envolver com o mundo real, seremos meros principistas ,alienados do mundo real,portanto,incapacitados para disputar a hegemonia política na sociedade.

Torça e se envolva com a sociedade e o mundo cultural,mesmo sabendo dos propósitos da indústria cultural, pois se condenamos a religião ,o futebol ou a novela, o fazemos por sabermos a que servem e a quem serve, mas ao nos afastarmos deste mundo Real não poderemos ler e identificarmos o que pensa o senso comum, e mais ainda, a cultura popular é propriedade do povo e dos trabalhadores,ao negarmos, pensarmos e nos envolvermos com eles, mas me parece prepotência e principismo ,as vezes, auto proclamação e não passa de um sentimento de pertencimento aos grupos políticos por parte de militantes das causas, vanguardismo que aponta contradições, necessárias mas insuficientes para fazer revolução.

28 maio 2018

Não há moral em você.

Em "intervenções militares" não há manifestação ou greve, não há possibilidade de resistir aos desmandos e à corrupção,não há moral ou ética.
Fardados não são portadores da moral, se não, não fariam o que fizeram ou não fariam o que costumam fazer contra os pobres e favelados hoje.
Não há moral nem ética na ponta de uma arma ou em uma sala de torturas.
Não há moral em quem deixou,sob seus bigodes,sua época e seu governo,nascer o primeiro comando do tráfico de drogas.
Não há moral em quem tortura crianças.
Não há moral em quem é corrupto por poder estar acima da lei.
Não há moral e ética no sistema capitalista que tem como recurso uma ditadura militar.
Burguesias se apropriam do que é produto do trabalho de todos,inclusive da democracia.
Não há moral em você que prega a ditadura e corre para a igreja rezar, para sei lá o que você pede aos céus sem saber quem foi o Cristo.
No instinto que sobrepõe a razão  não há moral,só violência e medo.

12 maio 2018

Perpetuação histórica da relação Casa Grande e Senzala.

É óbvio que as correntes sofisticadas não são as mesmas de 1888,mas também é óbvio que não há o que comemorar no 13 de maio.
O fim da escravidão não libertou a população negra do racismo,não a integrou com políticas públicas.O Estado "Casa Grande" é a herança inequívoca de nossa História.As políticas "higienistas" do século XIX ainda permanecem com toda a força do ódio.
São as populações negras deste país que carregam o peso da miséria e da pobreza, alvos preferenciais da repressão policial e  maior grupo de risco de morte se tem entre 14 e 25 anos,julgados,condenados e executados cotidianamente.
É majoritariamente entre os negros onde prevalece o desemprego,a população carcerária,as moradias sem saneamento básico,a ausência de serviços públicos de qualidade... A população negra deste país carrega o emblema da exclusão racista . E se alguma política compensatória é feita,logo é massacrada pela classe dominante que universaliza suas verdades,bem presentes que estão nas cabeças de parcela da classe média.
 Por uma nova Abolição !!!

07 abril 2018

Por uma frente anti-capitalista.


A defesa de Lula é a defesa da agenda antirreformas. Em momento de tanto refluxo da esquerda,que ainda estará associada à experiência petista de conciliação, o que temos é a defesa intransigente do que ainda tínhamos a pouco tempo.

Há uma base social petista  orfã,muito tempo antes do processo de Lula.

Na esquerda socialista sonhamos grande, muitíssimo além das importantes políticas sociais e assistenciais do PT.

O governo Dilma de recuos permanentes foi terrível para todos nós,com lei antiterrorismo(para ser usada contra movimentos sociais),com o ajuste fiscal(2015), com discursos de retrocesso na educação(fala de Dilma  sobre a "reforma" da educação:"me desculpem a Filosofia e a Sociologia, mas 12 matérias não dá".),com a entrega da comissão de direitos humanos aos ultraconservadores(em troca de voto),com o silêncio aterrador enquanto éramos violentamente reprimidos nas ruas em 2013,por seus aliados, do apoio à farsa eleitoral das UPPs...

Sabemos bem que os golpes dos quais sofremos, fez parte dele o próprio PT,que cavou sua cova.
Só que esta cova também é nossa pois as derrotas são do povo humilde,dos trabalhadores dos explorados e socialistas.

O apoio à Lula se justifica,não para eleições,mas para a construção de um campo onde a esquerda possa denunciar a escalada autoritária da sociedade,de se fazer ouvir de novo por amplos setores indignados que abraçam o fascismo como voto de protesto.

O PT na oposição sempre foi responsável pela politização da sociedade e deixou de fazê-la quando se tornou governo   (sem vislumbrar as alianças com os movimentos populares para empurrar das ruas para o "Reto" do congresso conservador às necessidades dos mais humildes e da classe trabalhadora),com o objetivo de ampliar sua base política no congresso esvaziando a fala crítica de uma geração de jovens que cresceu durante os governos petistas.

No entanto precisamos dizer que parte da esquerda socialista,satisfeita em marcar posições,sem a devida  leitura da correlação de forças na sociedade,satisfeitíssima com o gueto permanente,não consegue entender nada além do que nosso "programa máximo",em uma doença surda e infantil "esquerdista"(como Lênin caracterizou).É uma esquerda que se nega a fazer política,que possui insuficiência em diferenciar tática de estratégia,que muitas das vezes se acha fortalecida apenas em um discurso acadêmico que não alcança os ouvidos da massa desesperada,que é organizada na base,pelas igrejas que se fortalecem com propósitos econômicos e eleitorais.

Estes setores precisam ler e entender a simplicidade do manifesto comunista em sua linguagem direta.

A construção de uma frente única atende à necessidade de que este campo alargado resgate nossa combatividade na luta contra-hegemônica.

A denúncia das ilegalidades golpistas com a anuência dos meios de comunicação e da Justiça passa por alcançar a todos que se encontram colocados no campo antifascista. Os liberais brasileiros são toscos,esqueceram da tradição iluministas quanto ao equilíbrio institucional, esqueceram da tradição iluminista da luta pelos direitos humanos, se aliaram aos ultraconservadores da burguesia aristocrática(Florestan Fernandes) e das classes médias com acesso ao consumo, mas sem acesso à lucidez.

A crítica ao fracasso do reformismo conciliador deve estar vivo, porém motivado por alcançar as consciências de forma mais ampla.

É preciso que o anticapitalismo seja o nosso campo, que denuncie a opção fascistizante desta burguesia latina, tradicionalmente ligada ao atraso das aristocracias do campo, geradora do capitalismo sem a sofisticação do liberalismo ilustrado de tradição europeia.

A opção pela defesa de Lula passa pelo reerguimento das vozes contidas pela própria opção da burocracia petista de se aliar ao capital financeiro e ao agronegócio quando era governo.

O nosso não desaparecimento físico depende da coragem de se erguer trincheiras de enfrentamento à radicalização do capital contra os direitos conquistados no século XX.

Há de se ter coragem,sem revisionismo,mas abraçado à História para não tombarmos abraçados ao principismo infantil.