17 dezembro 2017

Reflexão sobre ciências,universidade,política e o controle social.

"Se tivermos sorte teremos o privilégio da servidão"(Camus),mas se não contarmos com a sorte,lutemos até o fim para que não sejamos transformados em escravos do capitalismo.

Estamos bem próximos desta modalidade de mão de obra,despidos de direitos servimos como máquinas,quase sem remuneração a serviço do monstro financeiro que explora de forma incansável.

Remunerar trabalhador nunca foi objetivo do capitalismo,o justo pelo trabalho encarece o produto,mas hoje vivemos o vilipêndio,a desconstrução de conquistas trabalhistas e sociais.

Mas isso não é o pior.O pior é que esta máquina  capitalista que coisifica o ser humano é ainda mais cruel por naturalizar e banalizar esta sub-condição de vida.

Nos tornamos escravos nesta modernidade em desconstrução indecente e acatamos e nos sujeitamos como se fosse normal.

Como em Heidegger,nós próprios nos tornamos  veículos de justificação desta máquina de moer gente,nos tornamos nós mesmos capatazes do nosso corpo e de nossas mentes e enquanto torturados,sorrimos em uma esperança vil e mesquinha de superarmos a condição de miserabilidade econômica e da alma, por meio da individualização ,da busca por status e ascensão social.

Operamos cotidianamente como legitimadores deste sistema, não só porque o aceitamos docilmente,mas por agirmos como propagadores dos valores.Integrados ao modelo econômico,a educação(formal e não formal) rege nossos planos e sonhos segundo a receita de um currículo escolar feito para atender à obsolescência de nós mesmos,a descartabilidade das relações e a monetarização da vida.

Enquadrados pelos modelos alienantes(educação, comunicação,relações sociais,religiões),somos os principais agentes multiplicadores desta ordem.Nas cátedras universitárias,antes da crueldade atual dos ataques do capital,o silêncio era o verbo e a obra(majoritariamente),formando vontades e desejos em cada um dos estudantes para se dispor mais qualificadamente ao mercado.
Se outrora as nobrezas distribuiram títulos àqueles que não possuiam "sangue azul",multiplicando na sociedade seus valores,introjetando em alguns membros  a certeza da retidão das verdades monárquicas,hoje,títulos acadêmicos servem para justificar e docilizar mentes antes rebeldes.

Milhares de antigos lutadores contra este sistema cruel foram absorvidos e modelados à crença de brechas nos sistema para humanizá-lo,e não para destruí-lo.Antigos lutadores selvagens viraram moderados e mediadores do sistema.

E assim, segurando a mão do sistema carregamos com a outra os desvalidos no caminho da aceitação e da integração.A universidade pública hoje atacada com um rolo compressor, silenciou diante do massacre aos mais pobres,forjando esperanças falsas, em que por meio e pela via da "adequação" à Ordem,os portadores do conhecimento e aqueles que os aceitassem como forma de luta,seriam integrados e abraçados pelo modo de produção capitalista,teriam diminuidas as suas dores mesmo que as dores do povo pobre do país mais desigual do mundo não fossem resolvidas,senão remediadas.

Os remédios paliativos de sintomas eram receitados pela cátedra,e perceba também,que esta lógica se seguiu na política da esquerda que submeteu suas histórias de luta à domesticação do controle da rebeldia em troca de assistência do Estado aos mais degradados economicamente.

A conciliação de classes através da política de esquerda liberal, que gerou degradação às condições materiais da maioria,também foram forjadas dentro das universidades e escolas, e todos os seus membros que colaboraram,esperando a bondade do capital hoje estão atônitos,vendo que a política não funciona como no modelo darwinista de evolução permanente e inexorável.

O edifício da colaboração de classes,seja pela ciência ou pela política ruiu, e o desejo de felicidade foi controlado pela "vontade Kantiana" da racionalidade do modelo burguês que só inclui aqueles que  oferecem seus préstimos ao sistema em troca de participação na distribuição de migalhas.