24 abril 2008

OLIM-PIADA DE PEQUIM.






Com todo respeito aos atletas olímpicos e ao príncipio unificador e solidário do esporte, não posso entender a postura do mundo e do governo brasileiro com relação à ditadura stalinista-burocrática chinesa.E não se trata "somente" do direito de autodeterminação dos povos,no caso do Tibete,direito básico e universal daqueles que defendem a democracia liberal, cada vez mais Liberal(economicamente) e menos democrática.



A dominação sobre o Tibete remonta à dinastia mongol dos Yuan (1279-1368) e desde então, passando sob a dominação européia e após a Revolução Cultural liderada por Mao Tse Tung, este povo e várias outras etnías são tolhidos do seu direito de autodeterminação.



A questão da autonomia das nações sempre foi polêmica no seio dos movimentos socialistas, notadamente a partir da "Questão da Georgia" após a Revolução Russa de 1917.Negava a burocracia soviética stalinista o direito de autonomia política das nações.



Mas é preciso dizer que a questão das manifestações de Lhasa este ano, apesar de sensibilizar o mundo, não podem esconder outras questões, como a perseguição impiedosa que sofrem os opositores da ditadura chinesa( há a especulação de que mais de 30 milhões de pessoas estejam presas por este motivo), o trabalho semi-escravo e a pobreza de milhões das periferías da China, não beneficiadas pelos lucros e crescimento econômico da economia de mercado chinesa.O povo chinês sofre com a manipulação dos meios de comunicação oficial e todo o tipo de manifestação contrária ao governo monolítico se transforma em respaldo para a manutenção da ordem social.



A burocracia chinesa pratica sobre povos o receituário imperialista comum aos blocos capitalistas. Nações africanas sofrem com as intervenções políticas dos EUA, das nações européias e também da China.Veja que não trato aqui simplesmente da defesa do estabelecimento de uma Democracia Liberal, a qual está provada no mundo ocidental , o quanto se constitui em farsa.Tão pouco penso como alguns, que o modelo chinês seria uma alternativa ao "império" estadunidense.



O modelo chinês hoje é o da defesa do sistema capitalista e todos os seu princípios, com o apoio(e até euforia) irrestrito dos capitalistas e seus organismos internacionais, inclusive dos mandatários dos EUA.Não é possivel, em nome da estabilidade financeira do grande Capital, ignorarmos a opressão sofrida pelo povo e pelos movimentos sociais chineses.Inclusive do Brasil, em nome da "sagrada" relação comercial, estabelecida na última década pelo menos.As manifestações de boicote às olimpíadas são tímidas e deveriam ir além do Tibete.



Muitos recordes olímpicos serão batidos, inclusive os de opressão ao trabalhador e perseguição àqueles que se opõem à mais cruel ditadura burocrática que se esconde atrás do nome socialismo, reforçado pelo ocidente, com o objetivo de se jogar na lama as experiências de luta dos trabalhadores por igualdade social.



Leia também "O florescer da Primavera do Tibete" em

http://diplo.uol.com.br/2008-04,a2329