13 fevereiro 2011

Egito e Tunísia:revoluções e movimentos sociais.


Quando pensamos que sabemos todas as respostas, vem a realidade e muda as perguntas.Esta frase de Karina Gross e Kelli Prudêncio em seu trabalho “Os conceitos de movimentos sociais revisitado” nos alerta. A complexidade dos movimentos sociais que se dão neste momento na “aldeia global” desautoriza qualquer avaliação apressada sobre os acontecimentos.No entanto, a história nos permite algumas “opiniões” sobre os acontecimentos quanto ao caráter das chamadas revoluções no mundo árabe,especificamente na Tunísia e Egito.

Movimentos trotskistas afirmavam que a impossibilidade de superação do capitalismo estaria calcado,principalmente,nas crises de direções dos movimentos organizados dos trabalhadores.
Novos veículos assumem papel importante no século XXI,como a internet e telefones móveis,embora não possamos afirmar que sejam preponderantes para as ações políticas.

Os “coletivos em rede” refere-se às “conexões em primeira instância comunicacional de vários atores ou organizações através da Internet, principalmente, para difundir informações, buscar apoio ou estabelecer estratégias de ação conjunta”. Esses coletivos são percebidos através dos sites que os atores sociais dispõem na rede de computadores.Não se tratam de novos movimentos sociais,mas de novas formas de expressão dos atores sociais.

Alguns autores,a partir da década de 80, anunciaram o fim  da importância dos movimentos operários graças a crescente automação que teria esvaziado, em número, o peso dos sindicatos e seu papel de vanguarda nas lutas por transformações sociais.A indústria teria diminuído o número de trabalhadores,apesar dos aumentos da produção,graças aos recursos tecnológicos e às reestruturações produtivas,formas contemporâneas de aumento da exploração do homem pelo homem.

Sem o fim da indústria não podemos anunciar o fim da força dos movimentos operários, embora tenhamos que reconhecer a emergência de  novos movimentos sociais.
O certo que estes tradicionais movimentos de trabalhadores se juntam agora à força de manifestações, que mesmo sendo de massas não possuem necessariamente um projeto nem lideranças claras, o que logicamente enfraquece a continuidade das ações destes movimentos.

Este fato parece reafirmar que há crise de direções que impedem neste momento a substituição  do modelo do Capital, mas que também reforçam a tese de que o Capital,seja ele manifestado em democracias ou em ditaduras,não resolveram problemas básicos estruturais da humanidade como fome e desemprego.Pelo contrário,vemos que os números das exclusões da maioria da festa capitalista se intensificam.

Crise de direção dos movimentos sociais, ausência de projetos alternativos ao capitalismo,são problemas  que sem dúvida alguma pesam para termos esperanças concretas sobre o futuro ,sobretudo quanto a necessidade cada vez maior de denunciarmos que o sistema que aí está não produzirá qualidade de vida à todos,visto que não incluem à maioria aos gigantescos lucros obtidos pelas grandes corporações.Soluções capitalistas do passado para o controle social como a reforma agrária,sequer fazem parte dos planos nos dias de hoje,mesmo de partidos políticos que dirigem entidades dos trabalhadores.O “Estado de bem estar social” europeu ainda é utopia na periferia capitalista.

O que vemos no Egito e Tunísia são revoluções políticas de grande importância que expressam o desagrado das massas quanto aos sistemas corruptos, que é característica básica do modelo como o Capital se expressa nos dias de hoje, a globalização. Certamente precisamos avançar para revoluções sociais que modifiquem a estrutura social e coloquem em cena, como protagonistas, os que realmente constroem as riquezas das nações.