03 junho 2017

PÓS MODERNIDADE

Fique atento!As velhas formas de dominação se travestem como novas.

O mundo fragmentado,efêmero apresenta o presente sem História,sem passado e sem futuro,apresenta o "agora" como única maneira de viver.

As lutas sociais perderam sentindo de transformação global e  o novo só pode permitir a "inclusão" a um mundo onde a perspectiva permitida é o consumo.

O pós moderno,que abandona a História e a mudança é a velha proposta conservadora.Com cara de novo,eu luto pela inclusão,eu afirmo a beleza da diversidade e esqueço que o diverso e o plural,ainda que belos,estão excluídos da festa da pujança e da abundância capitalista.

A pós modernidade petrifica e congela o momento,eterniza a pobreza e a exploração do Homem pelo Homem.

Mas que beleza,posso em ato libertário defender os direitos da mulher,do povo originário e do negro,desde que estes continuem a existir em sua condição de classe,subordinada economicamente.

Finalmente livre para levantar minha bandeira fragmentada !
Se a História não existe,se o futuro e o passado já não me servem,me "emancipo" culturalmente sem me emancipar economicamente.

E aí o pós moderno é somente armadilha,onde incautos levantam-se contra as opressões sem origens econômicas,pois é tudo uma questão cultural,moral ,e nada poderá conter meu desejo de liberdade,desde que não conteste a propriedade e o capital e suas expressões subjetivas e mesquinhas.

O presente que encerra o ensinamento do passado e a perspectiva de um futuro realmente livre das tutelas  de dominação de classe.

"Deixe a vida me levar,vida leva eu",do "pagodinho",expressão pós moderna do samba,que supera a essência de denúncia da cultura excludente desta forma de cultura popular,é um símbolo desta velha forma de dominação e controle.

"Não sou eu quem me navega,quem me navega é o mar".
O "tradicionalismo" se impõe como ideologia e apaga traços das tradições que subvertem a ordem.
"Espíritos do passado que oprimem o presente", apresentando o velho com suas sofisticadas formas de garantia da ordem social."Pós verdade","pós industrial",pós modernidade.. e todos os "pós" apagam as lutas de superação da sociedade de classes.

Se a modernidade está superada,todas a formas de questionamento a Ela também devem ser enterradas "em pé, para não ocupar espaço".

A "sociedade do conhecimento" outorga o poder e não mais a posse do capital.Basta que passemos o tempo estudando para que sejamos "empoderados".A academia encastelada agradece,os intelectuais estavam cansados de seu papel de agente transformador, e agora a universidade glorifica o piedoso mercado que os reconhece e os financia."E o amor,será eterno novamente".

As causas do racismo não se apresentam mais como ideologia de controle social,não mais como forma superestrutural  ,expressão das relações materiais injustas.

Aceito o apassivamento na luta cultural e política e esqueço suas origens,a luta de classes passa a ser algo do passado,do "velho",do esgotado esforço da humanidade de se livrar daqueles que detém o controle das antigas formas de produção.

É o velho como novo.A subversão civilizada,padronizada,o consenso entre oprimidos e opressores de que o que está dado é definitivo e que apenas precisamos corrigir desacertos desta forma civilizatória ,que pelo discurso pós moderno,apresenta a democracia liberal como fim em si mesma.Nada a fazer se não aceitar e se regozijar  com cada direito não perdido,louvar a dominação econômica por esta permissão de "liberdade" .

O conservador,a manutenção da ordem econômica vale como moeda de troca por essa liberdade consentida.As novelas televisivas já mostram o negro como patrão,e com direito a patrocínio de empresas que se locupletam com trabalho escravo.Mas que avanço!A publicidade é a nova arte soterrando a imaginação utópica e criadora.

As velhas formas e suas (pós)modernas roupagens vestirão novas gerações e controlarão os ímpetos juvenis revolucionários que devem ficar no passado.

O "empreendedorismo" é a palavra de ordem,que significa,"se vire como puder", porque o Estado não mais lhe proverá “paternalmente”.

A globalização econômica,ou "globalitarismo" é o fim da História,aceite de bom grado e lute por ascender de classe.É a única forma emancipatória.Esta é a mensagem definitiva aos que insistem com "classes operárias" revolucionárias,que homenageio com minha camisa do "Guevara",símbolo do passado,"promovido" à folclore,forma cultural de um passado estático que não mais influencia.

Nos domingos em família visitaremos os "museus de grandes novidades" e  olharemos o passado de lutas com olhos de piedade, aqueles ingênuos comunistas.