29 janeiro 2014

Crise de representação política ou desconstrução da farsa?


A crise de representação política que tanto se fala para explicar as explosões sociais de rua,nos quatro cantos do mundo,não é uma crise,mas uma quebra do modelo de falsificação do discurso.A atividade política- profissional se mostra cada vez mais carregada de contradições.

Um processo eleitoral onde se propaga a defesa dos interesses populares ,mas se atende diretamente aos interesses do capital tem sua máscara derrubada,pela continuidade e manutenção das condições de vida dos mais pobres.

A sacralidade do voto enquanto forma prioritária de intervenção dos sujeitos políticos caiu por terra,gerando a sensação na consciência popular de que nada vai mudar,independente das bandeiras levantadas em um processo eleitoral.Isto nos mostra que cada vez mais,são as ruas e os movimentos sociais que tem sido capazes de levantar questões imediatas dos trabalhadores .Falta mediar estas questões imediatas e mais necessárias do povo ao necessário descortinamento das contradições deste sistema capitalista que se reproduz alheio à marginalização das amplas massas da população.


Vivemos a época das "democracias totalitárias",onde o capital perdeu a vergonha de submeter todas as suas vontades ao Estado e ao seu povo.



Como dizia Habermas,"o fascismo é o liberalismo que perdeu seus escrúpulos. Inescrupulosa ,a classe dominante tenta ainda nos fazer crer que o jogo de cartas marcadas de eleições,cada vez mais polarizada entre os partidos do "sim"  e do "sim senhor",pode gerar a redenção popular,e mesmo a classe média escolarizada(poodle fiel da moral burguesa) acredita fielmente que pode através do voto amealhar alguns direitos,ou migalhas que caem da mesa do banquete burguês aos cachorros precarizados.




As eleições são um processo importante,primeiro por permitir que algumas dessas migalhas possam satisfazer necessidades dos mais angustiados,das massas excluídas e da classe média proletarizada,segundo,para que o palanque eleitoral sirva para denunciar este jogo viciado de cartas marcadas as quais se tornaram os sufrágios eleitorais.Mas, a verdadeira catapulta da conquista de direitos está nas ruas,nas mobilizações populares e dos movimentos sociais,para que no mínimo tornemos esta democracia marcada pela mentira,em uma "democracia de alta intensidade",de alta pressão sobre o sistema corrupto-capitalista.

05 janeiro 2014

"O HOMEM QUE AMAVA OS CACHORROS."







"O Homem que amava os cachorros" é um livro que não pode deixar de ser lido,por quem deseja conhecer uma parte importante da história do século XX,história da construção do socialismo,ou de um "Estado operário degenerado"  e todas as consequências e direitos que foram produtos destas lutas.

Um livro sobre a paixão humana levada as últimas consequências,paixões que superam a dor,paixões que superam a dicotomia vida\morte,pois o mais importante para estas personagens era a construção de um novo modelo de sociedade e humanidade.

Publicação que resgata um Trotski essencialmente humano,sofrido,angustiado,envolto em suas reflexões sobre erros e acertos em sua vida,sobretudo em sua ação política.Publicação que traça um Stalin que representa o que estudos já apontavam: Stalin foi um dos grandes artífices da política,um monstro sobre o ponto de vista de qualquer época ao que se refere a qualquer tipo de ética que se possa enquadrar.Traçado como anti-modelo,como um doente,capaz de carregar em si tudo que há de ruim em um ser humano.

Trotski é colocado em seu lugar,como grande figura da história da humanidade,posto em aberto com todas as suas contradições,dores e paixões.Um livro feito por um não Trotskista,onde o autor constrói um personagem que gera compaixão,simpatia,irritação,em suma,toda a sorte de sentimentos que uma obra de arte pode produzir,incindindo fortemente sobre os sentidos subjetivos do leitor.

03 janeiro 2014

VIDA DE BARRO


A espetacularização do mundo é instrumento ideológico,de falsificação da realidade.Se no passado a religião era protagonista política,hoje o papel é cumprido pelos meios de comunicação de massa,aliados e multiplicadores dos valores capitalistas,servem como pólo de poder para a manutenção de projeto das grandes corporações do sistema e status quo.

A vida se tornou REPRESENTAÇÃO de algo dito como real,que não passa tão somente daquilo que se simula como realidade.Vivemos,graças aos meios de comunicação e os currículos escolares,um nivelamento e padronização de consciências,que de forma rasteira impede a reflexão e a ação para transformação.A felicidade é atrelada ao consumo,as vontades deixam de ser autônomas para representar o que é aceito pela média de pensamento do senso comum.
 
Vidas são destruidas,poque sonhos deixam de existir,pois passamos a almejar o status social impregnado de competitividade e individualismo,feitichismo e alienação.E assim se dá o domínio de povos transformados em grandes boiadas,carneirinhos dóceis neutralizados pela vontade do capital ,com mentes ocupadas por desejos fúteis,em uma vida que se torna um SIMULACRO, onde imagens produzem ilusões de sentidos de vidas obscuras.A máquina dos meios de comunicação cria necessidades e ditam formas de pensar e agir.
 
Coisificados e classificados,viramos objetos,e como tal plenamente manipuláveis e descartáveis.Marcados e felizes,prontos a atender aos chamados do consumo de objetos,personalidades construídas sobre  a fragilidade do barro .Prato pronto para a festa da política eleitoral,onde a maioria é barrada.
 
A vida passa  a ser uma festa de ilusões psicotrópicas,espetáculo deprimente da escravidão de mentes.Ahh,como me faz bem a televisão,me fazendo pensar que sou alguém,quando não passo de algo,forjado para a felicidade de alguns,forjados para a obediência aos donos de poder,submetido,algemado e pronto para viver minha vida de barro.