30 dezembro 2008

PALESTINOS PEDEM SOCORRO!

foto http://www.lavanguardia.es


A violência desproporcional praticada por Israel sobre os palestinos em Gaza atinge inocentes em grande escala.

Israel foi estimulado a praticar a covardia, graças ao pronunciamento de Obama de que a política externa continuaria na mesma linha de Bush.

Obama permanece em silêncio até esta data. Omissão ou seu programa e seus compromissos eleitorais não permitirão mudanças no unilateralismo estadunidense?

O conflito interessa aos grupos políticos que dirigem as duas nações(por mais que os EUA não reconheçam o Estado Palestino, ele existe), mas principalmente, aos grandes grupos econômicos das armas e de energia.

Fisicamente, o conflito está localizado no Oriente Médio, mas as origens destes conflitos estão nos desejos estadunidenses.

Israel promove algo parecido com Holocausto.As eleições israelenses também contam neste momento, mas diminuir as forças do Hamas também é objetivo da ofensiva covarde deste país, que é um braço político e econômico dos EUA no Oriente.

Com a palavra , B. Obama.

leia também "Conflito no Oriente Médio" em http://wallacecamargo.blogspot.com/2006/07/conflito-no-oriente-mdio.html

20 novembro 2008

POR UMA NOVA ABOLIÇÃO!



Precisamos de uma nova abolição da escravidão! Zumbi liderou Palmares onde negros,brancos e índios resistiram a opressão.É preciso resistir a exclusão ao qual os negros e pobres deste país estão submetidos. Os homens brancos com a mesma formação de homens negros, ganham 37% a menos. As penitenciárias e favelas("novas senzalas") possuem mais negros do que brancos. Seria normal em um país que é segundo colocado em número de negros no mundo, mas esta não é a realidade das instituições importantes deste país. Nas universidades públicas,congresso nacional,justiça e etc. As políticas afirmativas são um bom caminho,mais quanto tempo mais(2029? dados do IPEAhttp://oglobo.globo.com/economia/mat/2008/11/20/renda_de_negros_deve_se_igualar_de_brancos_em_2029_indica_ipea-586479801.asp) vamos esperar a caridade da elite econômica e política deste país?

Aos trabalhadores e excluídos, só resta a alternativa da organização e mobilização contra todos os tipos de exclusão

“Valeu Zumbi, o grito forte dos palmares , que correu samba , céus e mares, influenciando a abolição....”

À Luis Carlos da Vila ,autor deste samba que comemorava os 100 anos da abolição(1988) e autor de belas poesias com belas melodias, e à Zumbi, cada qual com suas armas,cada qual em seu tempo, à justa homenagem de quem lutou pelos oprimidos de sua época!

26 outubro 2008

Recado das urnas.

Falar que a credibilidade dos políticos profissionais é baixa é "chover no molhado", todos sabemos disso.

As propostas e promessas fogem às possibilidades do neoliberalismo que engessam o Estado, tornando-o incapaz de atuar para inverter prioridades: a prioridade dos neoliberais é o de dispor do dinheiro público para o financiamento da burguesia e da burocracia política que se mantem no poder ao ter em troca o financiamento de suas campanhas eleitorais.

A crise econômica mundial demonstra a falência do neoliberalismo diante das necessidades sociais que são gigantescas. Alguns profissionais da política, como Lula, que possui uma história de luta contra esta ordem social, se enquadra e se domestica ao sistema que combateu outrora.Como o "advogado do diabo", dispoem de sua biografia para obter as vantagens que o mercado oferece.

Lula oferece a ordem social-política, a integridade das instituições juridico-políticas liberais-democráticas em troca de benefícios impublicáveis.

O que os incompetentes do PSDB foram incapazes de fazer para manter a marcha do desenvolvimento do capital com concentração de renda sem gerar indignação social, o PT faz(pelo menos por enquanto) , manter o povo e os trabalhadores organizados como cordeiros obedientes às regras do falido capitalismo.

O elemento novo na brincadeira do capital é a abstenção eleitoral. O sistema que legitima a ordem econômica, já não mobiliza tantos, e os cães de guarda(políticos profissionais) dos senhores do dinheiro, já não conseguem enganar a todos como faziam com suas promessas em tempos de eleição.

As últimas eleições demonstram.Vinte por cento de abstenção eleitoral no Rio de Janeiro,dezoito por cento em São Paulo e dezesseis em Belo Horizonte, só para citar algumas capitais,deveria começar a dar calafrios nos intelectuais-defensores do sisitema e da ordem política.Para a que a própria defesa da Democracia não se torne algo impossível, é bom que os dirigentes comecem a romper os laços com o "Estado mínimo", a opressão e exploração dos trabalhadores e fazer algo para que a água da banheira não seja jogada fora junta com o bebê.Isto, sem contar com os votos nulos.

O povo mandou seu recado nas urnas.Para quem sabe ler,pingo do i é letra.

25 outubro 2008

PMDB e PERPETUAÇÃO NO PODER.

Não consigo ver os acontecimentos políticos pelo prisma do fato presente.É preciso buscar suas origens e seu desenvolvimento.

Ao pensar no PMDB não consigo me esquecer que este partido se encontra no poder desde 1986(Sarney),início da redemocratização,depois de ser uma oposição comportada e consentida pela ditadura militar.

Uma das razões por estar no poder por tanto tempo é o fato de ter absorvido durante os anos de chumbo partidos e correntes stalinistas, como o MR8 e o Pc do B, que tem em sua tradição a característica do aparelhamento e uso da máquina estatal,o clientelismo, com a utilização de cargos públicos para a capilarização e espalhamento das ações políticas que lhe dêem legitimidade e votos.E o PMDB consegue se utilizar muito bem desta herança, associada às velhas práticas coronelistas de centralização, este partido político é o que se chama de "saco de gatos", abrigando milhares de projetos pessoais escusos:fazem do cargo público o tranpolim para o enriquecimento privado, tanto dos seus integrantes quanto das grandes empresas que se utilizam do Estado para a obtenção de privilégios e o consequente enriquecimento.

Você meu nobre, pode dizer que estou sendo injusto, pois as características citadas pertencem à todas as agremiações presentes no Brasil, e que estas desqualificações serviriam para caracterizar tanto o PT de hoje quanto o DEM-PFL-PDS.É verdade, estas roupas também servem aos outros, porém, esta agremiação(PMDB)conseguiu pertencer a todos os governos centrais desde o final da ditadura, no mínimo, cedendo seus desvalorozos quadros políticos a um governinho ou outro.

Os problemas do Brasil tem raízes estruturais, fundadas no capitalismo internacional que se desenvolveu no século XIX e se aprofunda com a Globalização de mercados, no entanto, não podemos desprezar os elementos culturais da superestrutura política deste país, o qual é comandado pelo "projeto" polítco deste partido.

No Rio de Janeiro atual, de Chagas Freitas à Sérgio Cabral e Paes, passando por Moreira Franco, Garotinho e sua Rosinha, podemos perceber o quanto nós cariocas nos tornamos óleo para a máquina de promoção e de credenciamento político de figuras obscuras.

As máquinas do estado e de municípios trabalham cotidianamente no desenvolvimento do personalismo político destas figuras, de pretenções larguíssimas, destes que se utilizam das tetas do que é público para a obtenção do néctar da perpetuação no poder.

Embora não acredite que eleições possam mudar o estado de coisas, através de um modelo viciado de democracia, acredito que se não abrirmos os "olhos históricos", as coisas podem piorar ainda mais.Só a auto-organização dos trabalhadores pode mudar a vida dos mesmos, mas o direito ao voto foi arrancado por nós com muita luta e desprezá-lo não é algo que se possa fazer.

08 outubro 2008

CRISE FINANCEIRA INTERNACIONAL:os batedores de carteira.



“Estamos com medo, e nós falamos sério, de que passamos o ponto sem volta, as coisas estejam fora de controle e as forças que foram desatadas não possam ser paradas sem uma ação governamental verdadeiramente massiva, verdadeiramente forte, incluindo o fechamento de mercados e a imposição de limites de saques bancários" (Dennis Gartman, especialista econômico em mercado de commodities)


Em uma crise financeira como esta é que se pode perceber a veracidade dos princípios que fundamentam o sistema capitalista.


Primeiro é preciso reconhecer que o sistema do Capital é mestre em acumulação. São somas inacreditáveis formadas pelo grande capital. No entanto, é mais do que sabido, estas somas vultuosas não se transformam em melhoria da qualidade de vida daqueles que realmente sustentam esta máquina de produção: os trabalhadores.


A origem desta crise de superprodução está, como em todas as outras crises cíclicas do capitalismo, na perda da capacidade de consumo.


A crise hipotecária se traduz na incapacidade daqueles que financiaram imóveis de arcar com suas dívidas. A especulação financeira não passa de um jogo onde os ricos apostam para ficarem mais ricos .As chamadas “bolhas” se dão na medida em que as apostas são feitas em cima daquilo que não existe, em um otimismo do mercado forjado em bases insipientes.


Ou seja, as regras do mercado são fictícias,trabalham com somas de dinheiro que não são reais. Daí a expressão “especulação”. Como se fosse o jogo “Banco Imobiliário”, no momento que você está ganhando muito “dinheiro” com suas construções em locais valorizados, vem seu irmão mais novo e derruba o tabuleiro.


O capitalismo financeiro é uma ficção na medida que ignora o meio de vida dos atores principais, aqueles que produzem riquezas no cotidiano do chão real de suas nações: os trabalhadores.


Não sou capacitado para falar das entranhas mais profundas deste jogo, até por que pertencem aqueles que criam seus jargãos complicados, justamente para manter a maioria distante dele. Marx dizia que os economistas(autores dos jargãos) são como os antigos “sincofantas”, que na Grécia antiga, eram como seguranças dos dias de hoje, que nas feiras livres gritavam quando alguém “roubava” um alimento da feira livre .


.Estes “especialistas” criaram as teorias para a manutençaão do sistema e qualquer que seja aquele que acuse que estes princípios excluem a maioria, eles(economistas) gritam em sinal de alerta e com seu vocabulário incompreensível, tentam esconder a incoerência do capitalismo e sua falta de significado para aqueles que tentam com seu trabalho diário, apenas o bastante para a sua sobrevivência: “Ajudaremos empresas e bancos para salvar empregos”.Uma grande multinacional,por exemplo ,uma montadora de automóveis, não gera mais que 500 empregos diretos. E então, porque não ajudar quinhentos botequins?


Mas podemos dizer que a cada crise dessa quem paga a conta somos nós trabalhadores. A incoerência do sistema está em que quando as apostas no jogo financeiro são muito grandes e a possibilidade de que ele não venha se coberto, nós pagaremos a conta.


Os defensores do mercado livre, “auto-regulável” ficam constragidíssimos (quando não são cínicos) quando o Estado tem que intervir para salvar um mercado que se ampara nos recursos públicos. O seu dinheiro é a garantia do sujo jogo das elites econômicas.


Os defensores do “Estado mínimo” só o defendem pequeno, para a solução das mazelas sociais, para investimentos em saúde , educação, saneamento e todas as outras necessidades fundamentais para a existência digna de um ser humano. Quando a crise ameaça os grandes, o Estado é solicito em salvá-los. E os governos dos Estados-naçõe correm em acudir suas classes dominantes: privatizam os lucros e socializam os prejuízos.


As ajudas financeiras aos conglomerados econômicos são atos de lesa-vida, em um mundo onde metade da população mundial não tem o que comer e cerca de um bilhão de pessoas não tem nem acesso à água potável.

Bushs e Lulas , protetores das regras universais, da “tranqüilidade do mercado” correm para salvarem bancos em quebra,ou empresas em perigo, que não pagam de impostos o que pagam trabalhadores e classes médias.É o Estado à serviço da minoria.


Para construírem essas regras, desregulamentam direitos trabalhistas, arrocham as rendas e não percebem porque estes arrochados em seus salários não podem continuar a pagar suas contas. Inventam expressões de alto impacto como “reestruturação produtiva”, diminuindo os postos de trabalho e aumentando os níveis de exploração da mão-de-obra.Essas “reegenharias” não passam de falácias, meras invenções de pomposos nomes para justificar a continuidade da exploração. Os bens públicos são entregues por nossos mandatários a interesses particularíssimos. Cada vez menos pessoas comandam todos os recursos produzidos no mundo. Segundo especialistas, duzentas famílias no mundo inteiro detêm quase todos os trilhões (dinheiro) circulantes diariamente.


Na festa dos capitalistas e especuladores, só somos chamados para cuidar da limpeza. Bancaremos com o nosso suor as incoerências do capitalismo. Alguns ainda dizem que falar em “socialismo” e “imperialismo” são coisas antiquadas para o século XXI. Antiquado é sabermos que a maioria sustenta diariamente o banquete de uma minoria despudorada, que reinventam este sistema falido (capitalismo) com nomes novos e velhíssimas práticas de exploração do Homem (rico) pelo Homem (excluídos).

06 setembro 2008

Fausto Wolff.


Fausto Wolff representou a independência verdadeira de uma imprensa comprometida com o poder institucional e com o grande capital , os princípios defendidos acima de tudo e das consequências que vieram à sua vida profissional por acreditar em um projeto de humanidade melhor do que este apresentado pela sociedade do consumo.

Me lembro de quando o li pela primeira vez em PASQUIM 21, e o acompanhei fielmente até hoje, do impacto que me causou a sua escrita. Como uma lâmina afiada que não tolerava a injustiça e o sistema selvagem do capital que o provoca. Em seus livros e artigos, fazia de um conto uma crônica da decadência dos valores das classes favorecidas economicamente , denunciava a degradação da democracia-liberal-capitalista, enaltecia os simples, debochava do comprometimento dos seus pares jornalistas com as pautas pré-fabricadas pelos ordenadores-editores do controle social.

Mesmo assim, escrevia no JB de hoje com a beleza da inteligência e independência, que lembrava , no seu cantinho no segundo caderno, a forma de se fazer um jornalismo livre, crítico e comprometido com as classes populares e sua emancipação cultural , política e econômica.

Li recentemente “O Homem e seu Algoz” e fiquei estarrecido como as palavras e as idéias o obedeciam e delas , Fausto fazia o que bem queria, em nome do bem que queria aos humildes.


Vá espírito livre das amarras do dinheiro e do poder, vá com Deus, que você dizia não acreditar, mas quem demonstrava tanto amor aos despossuídos e excluídos, terá a obra da vida aprovada pelos que sofrem. Sofreremos pela ausência da tua sensibilidade!


Última crônica : “À sombra do medo em flor”
http://jbonline.terra.com.br/extra/2008/09/05/e050910341.html

Sítio : http://www.lobo.net

17 agosto 2008

A gente se vê por aqui!




Em tempos de eleições, como estas que se avizinham, um tema torna-se recorrente, o da manipulação de informações e idéias por parte dos meios de comunicação com o objetivo de impor uma visão de mundo.

A televisão enquanto o maior meio de comunicação de massa sería o maior veículo de controle das informações.No entanto, nos tempos de hegemonia global do capitalismo com a sua mais nova versão, o neoliberalismo, a acusação que pesa sobre as organizações Globo de manipulação do noticiário para a eleição de seus preferidos, se desloca para outro patamar.

A simples eleição de candidatos simpáticos aos "interesses globais" já não interessam ao império de comunicação brasileiro.

Esta empresa se tornou tão poderosa que impõe seu próprio programa político-ideológico, massificando seu modelo de existência cultural,seus parâmetros civilizatórios, "facilitando" que se tome como lógico o projeto político e econômico a ser seguido.

Se as propostas de transformação e conservação social, apresentadas por partidos políticos e organizações sociais, não questionarem a existência e a reprodução do capitalismo, será permitido tudo, com grande aparência de pendão democrático a Globo se apresenta, com a maior preocupação de legitimar o Sistema que existe hegemonicamente nos dias de hoje.

Não é mais necessário que se manipule processos eleitorais, já que os valores da democracia representativa,enquanto valor universal, estão preservados através do programa político das organizações Globo, que cotidianamente sua programação afirma em forma de valores culturais, esmagando a qualidade, execrando os valores de solidariedade que não seja o do simples ato de doar reais para programas assistencialistas como o "criança esperança".

O programa da Globo é legitimado por sua programação diária, e aqueles (orgs políticas) que mais se enquadrarem aos padrões impostos, serão vitoriosos nas eleições.

A manipulação hoje é mais sofisticada, ela não escolhe entre o candidato A ou B, mas os candidatos A e B deverão estar necessariamente enquadrados aos referenciais ideológicos colocados por esta empresa de comunicação.

A Globo é o maior partido político do Brasil e seu programa político-ideológico-econômico é louvado como o máximo de qualidade a ser alcançado ou reverenciado pelos projetos partdários.

A Globo manipula valores e emoções, cria necessidades, controla a indignação popular, instaura a agenda política e dos noticiários, em fim, dita quais serão as pequenas "utopias" a serem disputadas por candidatos e partidos em época eleitoral.

Antes o "Jornal Nacional" era o principal veículo da justificação dos seus interesses, hoje, bastam as "Malhações" e "Favoritas", que como modelos instauram as vontades a serem alcançadas.As eleições são a festa onde se disputam o que ou quem tocará à frente o projeto político da Globo e sua Globalização econômica.

Na verdade este modelo não é uma criação racional, mas parte de um projeto muito antigo, onde as redes de comunicação estadunidense vendem há tempos o "american way of life", "o modo americano de vida", que valoriza o individualismo e o consumismo como o patamar mais alto a ser alcançado pelos mortais. A Globo só importou este modelo de controle social, e o faz com maestria.

E aí não importa se quem vai ser eleito é um "evangélico", um stalinista do Pc do B ou um neo-TFP(tradição-Família-propriedade). Seja quem for, terá que beber da fonte do status quo .

24 julho 2008

Eduardo Galeano:poeta dos excluídos.




Estava com uma vontade enorme de escrever sobre acontecimentos das últimas semanas. A violência policial é um tema que me provoca angústias há pelo menos 15 anos. Violência praticada primeiramente aos deserdados e excluídos da terra de São Sebastião e agora, com maior efeito midiático, sobre a classe média.

Mas a aspereza do tema me fará adiar a revolver sobre tal angústia social.

Pensei então naqueles autores que "me fizeram" enquanto ser humano durante a minha vida, principalmente sobre aqueles que denunciam ou denunciavam quando estavam por aqui, as mazelas sociais criadas ou multiplicadas pelo sistema capitalista e suas variações contemporâneas .

E navegando pela internet, entediado com a agenda única dos grandes meios de comunicação, fui parar em uma página que anunciava o novo livro de Eduardo Galeano.

Este senhor-autor ou autor-senhor, que vê a vida dos habitantes destas américas com a mesma angústia de muitos que não conseguem esquecer das dores de uma América latina sangrada pela dominação física,econômica e cultural do imperialismo europeu e estadunidense.

Mas nunca a denúncia dos seus livros se deixou levar por mero ato temporal e localizado, no entanto, sempre embasado estruturalmente e historicamente, Galeano nunca perdeu em seus escritos a atitude poética , fazendo de suas prosas, obras de arte esteticamente inspiradoras do sublime espírito humano, liberto do materialismo e das perspectivas depresssivas que apontam o neoliberalismo e a globalização para o futuro da América Latina .

Este autor profundamente ético com estes bilhões de excluídos da festa do Capital é também extremamente estético através da beleza das suas linhas. Com admiração, exponho aqui um trecho do"Espejos. Una historia casi universal" onde fala em crônica poética sobre arte, desgualdade, feminismo, mídia, impérios e resitências.


Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos nos lembram.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, eles se vão?

Este livro foi escrito para que não partam.
Nestas páginas unem-se o passado e o presente.
Renascem os mortos, os anônimos têm nome:
os homens que ergueram os palácios e os templos de seus amos;
as mulheres, ignoradas por aqueles que ignoram o que temem;
o sul e o oriente do mundo, desprezados por aqueles que
desprezam o que ignoram;
os muitos mundos que o mundo contém e esconde;
os pensadores e os que sentem;
os curiosos, condenados por perguntar, e os rebeldes e
os perdedores e os lindos loucos que foram e são o
sal da terra.

14 junho 2008

Jamelão:fruto da árvore perfumada.


A cultura popular brasileira perdeu hoje um dos seus símbolos mais importantes. A passagem de Jamelão, que atravessou todo o século de construção de uma das mais ricas manifestações populares do mundo, o samba.

Lembro-me como se hoje fosse, na minha infância, da sua voz potente rodando no toca discos de meus pais, voz de oboé, marcante na grande orquestra dos artistas brasileiros.


Lupicínio Rodrigues, soube mais tarde, era o autor daqueles versos fascinantes, carregados de sensibilidade, transbordando a dor do amor.

“Homem que é Homem faz qual o Cedro que perfuma o machado que o derrubou” !

Esta frase do verso de Lupicínio, chamou a atenção de uma criança, com a voz de “machado” deste interprete de grandes obras. Jamelão como o Cedro, perfumou várias gerações e cotovelos doloridos, adoçando com sua passagem aqueles que sofriam a dor da perda .

“Cedro”, obrigado por suas interpretações e pelo seu apreço sincero pelo samba!

24 abril 2008

OLIM-PIADA DE PEQUIM.






Com todo respeito aos atletas olímpicos e ao príncipio unificador e solidário do esporte, não posso entender a postura do mundo e do governo brasileiro com relação à ditadura stalinista-burocrática chinesa.E não se trata "somente" do direito de autodeterminação dos povos,no caso do Tibete,direito básico e universal daqueles que defendem a democracia liberal, cada vez mais Liberal(economicamente) e menos democrática.



A dominação sobre o Tibete remonta à dinastia mongol dos Yuan (1279-1368) e desde então, passando sob a dominação européia e após a Revolução Cultural liderada por Mao Tse Tung, este povo e várias outras etnías são tolhidos do seu direito de autodeterminação.



A questão da autonomia das nações sempre foi polêmica no seio dos movimentos socialistas, notadamente a partir da "Questão da Georgia" após a Revolução Russa de 1917.Negava a burocracia soviética stalinista o direito de autonomia política das nações.



Mas é preciso dizer que a questão das manifestações de Lhasa este ano, apesar de sensibilizar o mundo, não podem esconder outras questões, como a perseguição impiedosa que sofrem os opositores da ditadura chinesa( há a especulação de que mais de 30 milhões de pessoas estejam presas por este motivo), o trabalho semi-escravo e a pobreza de milhões das periferías da China, não beneficiadas pelos lucros e crescimento econômico da economia de mercado chinesa.O povo chinês sofre com a manipulação dos meios de comunicação oficial e todo o tipo de manifestação contrária ao governo monolítico se transforma em respaldo para a manutenção da ordem social.



A burocracia chinesa pratica sobre povos o receituário imperialista comum aos blocos capitalistas. Nações africanas sofrem com as intervenções políticas dos EUA, das nações européias e também da China.Veja que não trato aqui simplesmente da defesa do estabelecimento de uma Democracia Liberal, a qual está provada no mundo ocidental , o quanto se constitui em farsa.Tão pouco penso como alguns, que o modelo chinês seria uma alternativa ao "império" estadunidense.



O modelo chinês hoje é o da defesa do sistema capitalista e todos os seu princípios, com o apoio(e até euforia) irrestrito dos capitalistas e seus organismos internacionais, inclusive dos mandatários dos EUA.Não é possivel, em nome da estabilidade financeira do grande Capital, ignorarmos a opressão sofrida pelo povo e pelos movimentos sociais chineses.Inclusive do Brasil, em nome da "sagrada" relação comercial, estabelecida na última década pelo menos.As manifestações de boicote às olimpíadas são tímidas e deveriam ir além do Tibete.



Muitos recordes olímpicos serão batidos, inclusive os de opressão ao trabalhador e perseguição àqueles que se opõem à mais cruel ditadura burocrática que se esconde atrás do nome socialismo, reforçado pelo ocidente, com o objetivo de se jogar na lama as experiências de luta dos trabalhadores por igualdade social.



Leia também "O florescer da Primavera do Tibete" em

http://diplo.uol.com.br/2008-04,a2329

23 abril 2008

O Holocausto continua.


O sistema de saúde do Rio de Janeiro está quebrado muito tempo antes da epidemia de dengue.O prefeito, pouco antes da epidemia ser "liberada" nos meios de comunicação, anunciava um caixa astronômico para o seu sucessor.Não acredito que seja mentira, somente o povo humilde que migalha atendimento médico à décadas, chegando de madrugada nas portas de hospitais públicos não merece do político profissional atenção alguma.Pois então, tomemos deles às rédeas do negócio público e eles verão como se faz.
Leia também o artigo " HOLOCAUSTO NO BRASIL"

03 fevereiro 2008

BLOCOS DE RUA do RIO DE JANEIRO.


A despeito de não conhecer os carnavais de muitos outros lugares, posso afirmar que o carnaval de rua do Rio de Janeiro é o melhor do mundo. Os blocos do centro da cidade são exemplo de alegria e organização, mesmo com o desprezo da prefeitura(faltam banheiros químicos e o o centro se transforma num rio de urina) .A grande mídia não reconhece que um bloco de rua que carrega 500 mil pessoas como o BOLA PRETA é a verdadeira referência do carnaval brasileiro. Destaco também o CARIOCA DA GEMA com saída da rua do Lavradio na Lapa, animadíssimo com grandes cantores e repetório do mais puro samba.