08 setembro 2007

O Capital urubu.


Que sistema é este que consome vidas em troca de negócios? Se considerarmos o Mercantilismo como precondição para o capitalismo global em que vivemos, podemos dizer que este sistema possui mais de 500 anos, sem que consiga, se é que tenta, diminuir a dor dos famintos do planeta. Pelo contrário, por regra o capitalismo é o sistema onde se privilegia a circulação de mercadorias e o grande Capital que se alimenta de Capital gerado pela força de trabalho, cada vez menos protegidas por leis trabalhistas, graças a ideologia neoliberal, que prega e financia as classes dirigentes nacionais à diminuir a força do Estado. As instituições que compõem o Estado-nação hoje, tem seus recursos voltados para o financiamento dos desejos das burguesias nacionais, recursos estes que quando sobram dos pagamentos de dívidas feitas pelas classes dominantes são empregados como óleo para fomentar a máquina capitalista.


O resultado deste processo é o aumento do número de deserdados e famintos que se espalham pelo mundo. A África é o exemplo maior. Recortada pela sanha imperialista européia, no período de descolonização através das lutas de libertação nacionais, deixou os europeus à herança das guerras civis entre povos que no recorte imperialista acabaram fazendo parte de Estados artificiais. Povos com culturas e línguas diferentes se viram pertencendo e disputando o controle destes estados através de disputas armadas com armamento financiado por grandes corporações produtoras de armas, principalmente estadunidenses. Boa parte deste continente hoje, encontra-se sob guerra civil, produzindo a fome e a barbárie, contabilizando segundo o fotografo Sebastião salgado, mihões de pessoas em fuga de disputas insanas pelo poder político.


Não é diferente a situação da América Latina onde dados oficiais comemoram a diminuição de miseráveis. Dados maquiados com metodologias de pesquisas manipuladas que condenam mais de 150 milhões de pessoas à miséria absoluta, comandados pelas receitas dos organismos internacionais que dirigem o capital financeiro e obedecido a partir do emblemático “Consenso de Washington” (1992) pelos vários governos das Américas, incluindo o do senhor Luís Lula da Silva.


A China capitalista, comemorada como potência nacional do século XXI mantém sob censura e tortura milhões de ativistas e militantes pelas liberdades democráticas, e segundo dados oficiais, possui hoje 53 mil trabalhadores em regime de escravidão, fora os que trabalham por salários de fome.Existe um grande movimento nacional e internacional que prega a suspensão dos próximos jogos olímpicos pela defesa dos direitos humanos que o governo chinês, comandado pelo PC stalinista-maoista,ditadura que se disfarça sob o véu dos símbolos do antigo regime, viola descaradamente.


O Oriente Médio sofre com a intervenção estadunidense que busca subjugar as nações árabes aos interesses econômicos do petróleo e projetos de gasodutos, com o apoio europeu, incluindo a Rússia e aliados como alguns grupos de poderosos árabes e Israel.


O “Império da maldade” , Estados Unidos, por conta das grandes corporações e do mercado financeiro internacional comandam este planeta, direta e indiretamente no caminho do caos , sujeitando bilhões de famílias à fome. Segundo dados oficiais, são 3 bilhões de pessoas que vivem abaixo da linha da miséria(com menos de 1 dólar por dia), mais de um bilhão que não tem acesso à água potável.


O sistema competitivo da selva global-capitalista estimula a corrupção dos Estados Nacionais para que ele subsista diante dos interesses econômicos, desviando a atenção dos seus povos para sangria do roubo do dinheiro público, enquanto sob a batuta da psudo legalidade as mega-corporações sugam os esforços dos trabalhadores, que convivem com a diminuição dos postos de trabalho, a precarização dos empregos que ainda existem ,e a perda de direitos trabalhistas e previdenciários em busca de sustentação da festa capitalista.


A fotografia é obra de Kevin Carter de 1993, no Sudão que mostra uma menina subnutrida e faminta em marcha para um abrigo que distribui comida a um km dali, que cai esgotada sobre a espreita de um urubu que aguarda pela morte desta. O autor recebeu o prêmio pulitzer de 1994, e se suicidou por não agüentar os questionamentos sobre o porquê de não ter salvado a criança. Talvez ele tenha contribuído para salvar milhões de outras crianças que sobrevivem no mundo inteiro sob a guarda do Urubu-capitalista, que promove e legitima esta situação enquanto circulam pelo planeta diariamente TRILHÔES de dólares sobre o controle de 200 famílias que se locupletam com as riquezas produzidas pelos trabalhadores do mundo.


Enquanto houver capitalismo, haverá fome, enquanto se sustentar este moribundo sistema não haverá paz. Como diz o escritor Eduardo Galeano, “No mundo das super tecnologias, nos tempos da microbiologia, uns são mercadores, outros somos mercadorias”.