08 outubro 2008

CRISE FINANCEIRA INTERNACIONAL:os batedores de carteira.



“Estamos com medo, e nós falamos sério, de que passamos o ponto sem volta, as coisas estejam fora de controle e as forças que foram desatadas não possam ser paradas sem uma ação governamental verdadeiramente massiva, verdadeiramente forte, incluindo o fechamento de mercados e a imposição de limites de saques bancários" (Dennis Gartman, especialista econômico em mercado de commodities)


Em uma crise financeira como esta é que se pode perceber a veracidade dos princípios que fundamentam o sistema capitalista.


Primeiro é preciso reconhecer que o sistema do Capital é mestre em acumulação. São somas inacreditáveis formadas pelo grande capital. No entanto, é mais do que sabido, estas somas vultuosas não se transformam em melhoria da qualidade de vida daqueles que realmente sustentam esta máquina de produção: os trabalhadores.


A origem desta crise de superprodução está, como em todas as outras crises cíclicas do capitalismo, na perda da capacidade de consumo.


A crise hipotecária se traduz na incapacidade daqueles que financiaram imóveis de arcar com suas dívidas. A especulação financeira não passa de um jogo onde os ricos apostam para ficarem mais ricos .As chamadas “bolhas” se dão na medida em que as apostas são feitas em cima daquilo que não existe, em um otimismo do mercado forjado em bases insipientes.


Ou seja, as regras do mercado são fictícias,trabalham com somas de dinheiro que não são reais. Daí a expressão “especulação”. Como se fosse o jogo “Banco Imobiliário”, no momento que você está ganhando muito “dinheiro” com suas construções em locais valorizados, vem seu irmão mais novo e derruba o tabuleiro.


O capitalismo financeiro é uma ficção na medida que ignora o meio de vida dos atores principais, aqueles que produzem riquezas no cotidiano do chão real de suas nações: os trabalhadores.


Não sou capacitado para falar das entranhas mais profundas deste jogo, até por que pertencem aqueles que criam seus jargãos complicados, justamente para manter a maioria distante dele. Marx dizia que os economistas(autores dos jargãos) são como os antigos “sincofantas”, que na Grécia antiga, eram como seguranças dos dias de hoje, que nas feiras livres gritavam quando alguém “roubava” um alimento da feira livre .


.Estes “especialistas” criaram as teorias para a manutençaão do sistema e qualquer que seja aquele que acuse que estes princípios excluem a maioria, eles(economistas) gritam em sinal de alerta e com seu vocabulário incompreensível, tentam esconder a incoerência do capitalismo e sua falta de significado para aqueles que tentam com seu trabalho diário, apenas o bastante para a sua sobrevivência: “Ajudaremos empresas e bancos para salvar empregos”.Uma grande multinacional,por exemplo ,uma montadora de automóveis, não gera mais que 500 empregos diretos. E então, porque não ajudar quinhentos botequins?


Mas podemos dizer que a cada crise dessa quem paga a conta somos nós trabalhadores. A incoerência do sistema está em que quando as apostas no jogo financeiro são muito grandes e a possibilidade de que ele não venha se coberto, nós pagaremos a conta.


Os defensores do mercado livre, “auto-regulável” ficam constragidíssimos (quando não são cínicos) quando o Estado tem que intervir para salvar um mercado que se ampara nos recursos públicos. O seu dinheiro é a garantia do sujo jogo das elites econômicas.


Os defensores do “Estado mínimo” só o defendem pequeno, para a solução das mazelas sociais, para investimentos em saúde , educação, saneamento e todas as outras necessidades fundamentais para a existência digna de um ser humano. Quando a crise ameaça os grandes, o Estado é solicito em salvá-los. E os governos dos Estados-naçõe correm em acudir suas classes dominantes: privatizam os lucros e socializam os prejuízos.


As ajudas financeiras aos conglomerados econômicos são atos de lesa-vida, em um mundo onde metade da população mundial não tem o que comer e cerca de um bilhão de pessoas não tem nem acesso à água potável.

Bushs e Lulas , protetores das regras universais, da “tranqüilidade do mercado” correm para salvarem bancos em quebra,ou empresas em perigo, que não pagam de impostos o que pagam trabalhadores e classes médias.É o Estado à serviço da minoria.


Para construírem essas regras, desregulamentam direitos trabalhistas, arrocham as rendas e não percebem porque estes arrochados em seus salários não podem continuar a pagar suas contas. Inventam expressões de alto impacto como “reestruturação produtiva”, diminuindo os postos de trabalho e aumentando os níveis de exploração da mão-de-obra.Essas “reegenharias” não passam de falácias, meras invenções de pomposos nomes para justificar a continuidade da exploração. Os bens públicos são entregues por nossos mandatários a interesses particularíssimos. Cada vez menos pessoas comandam todos os recursos produzidos no mundo. Segundo especialistas, duzentas famílias no mundo inteiro detêm quase todos os trilhões (dinheiro) circulantes diariamente.


Na festa dos capitalistas e especuladores, só somos chamados para cuidar da limpeza. Bancaremos com o nosso suor as incoerências do capitalismo. Alguns ainda dizem que falar em “socialismo” e “imperialismo” são coisas antiquadas para o século XXI. Antiquado é sabermos que a maioria sustenta diariamente o banquete de uma minoria despudorada, que reinventam este sistema falido (capitalismo) com nomes novos e velhíssimas práticas de exploração do Homem (rico) pelo Homem (excluídos).