16 agosto 2013

Polis partida é polis rebelada.



“Devemos apostar na rebelião do desejo.Aqueles que se apegarem às velhas formas serão enterrados com elas.” Mauro Luis Iasi – “A rebelião,a cidade e a consciência”-

As grandes mobilizações de juventude que se dão há dez anos pelo menos,o crescimento e maior visibilidade dos movimentos sociais ,são produtos da explosão do capital.O capitalismo não vive somente uma crise cíclica,vive uma crise de seu projeto de acumulação e de seu projeto civilizatório que desemboca em uma crise urbana.

As cidades partidas,viraram cidades fragmentadas onde o individualismo produz conflitos permanentes,conflitos esses que contém em si mesmos a luta de classes.As várias cidades contidas em uma só se enfrentam e chegam ao limite quando o Estado,que detém o monopólio do uso da força física,coloca seu aparato repressor a serviço da ordem e do controle social.

A solução política tem sua continuidade na violência expressa pelas polícias,que demonstram também que o aparato ideológico da midiocracia não vem dando respostas às necessidades das elites dominantes de paz,palavra esconderijo da ordem da exclusão.

Violência,conflitos de ocupação  fundiária/periferização/gentrificação/especulação,alarmantes engarrafamentos, que mostram a crise de mobilidade... são resultados claros do esgotamento do projeto de cidade que tenta ser viabilizado à força dos "choques de ordem" em programa que restaura o século XIX da política higienista,da limpeza étnica que mostra a limpeza como sinônimo de ordem de ocupação da cidade burguesa.
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As mobilizações atuais são processos de ocupação da Polis.Marginalizados e o proletariado precarizado em vias de perda total de direitos sociais,trabalhistas e até mesmo políticos,estudantes que enxergam o futuro sem perspectivas,excluídos de todas as ordens empreendem ação pela apropriação da cidade,enquanto espaço plural e republicano,no sentido de que pertence a todos,e a apropriação da Política sem mediadores.

A esse protagonismo político no cenário urbano,o espetáculo da encenação de uma nova ordem está sendo gestada.Do caos sai o novo e das mobilizações não sairão somente direitos conquistados,mais a consciência da força eruptiva e orgástica de um novo modelo de cidade,de um novo modelo de política,e por fim,de um novo modelo de humanidade alternativo ao do capital.