09 dezembro 2018

Paris é uma festa?


Macron segue em sua sanha neoliberal de fazer do Estado  francês a sala de estar dos mais ricos.Retirar impostos de grandes fortunas, reduzir direitos,destruir o sistema de seguridade social,cobrar impostos dos de baixo,lá como aqui,o pobre que votou em Macron e Bolsonaro é o inimigo.Aqui a classe média entenderá que continuará a sustentar a quermesse de banqueiros e os trabalhadores e excluídos perderão o que conquistaram em mais de um século de  lutas.Se "Paris é uma festa" ,título de livro de Hemingway,lá como cá há multidões de barrados nos banquetes dos banqueiros.
Que os "coletes amarelos" nos informem para onde e até onde vão,que os coletes amarelos nos ensinem a saída,sem o desfecho de 2013 no Brasil,quando não soubemos universalizar as bandeiras do repúdio ao mesquinho e selvagem capitalismo.
1968 é logo ali,aqui e lá.

Feliz ano velho versus Feliz ano novo.O que esperar de 2019.

A burguesia brasileira e seus patrões finaceiros não estarão dispostos a reconhecer um governo criminoso desde que este garanta seu regime.O ralo do Estado aberto fluindo seus recursos às mãos do agronegócio e do mercado financeiro não constrangerá quem quer que seja que esteja sendo beneficiado.Óbvio que a ideologia dominante está introjetada pelos setores médios ávidos por desobstruir suas costas de impostos, decidiu eleger o mais pobre à pagar a conta da crise de acumulação capitalista.
O pequeno proprietário não possui um caráter de classe,se enxerga como se fosse grande proprietário e colabora com seus interesses mais mesquinhos pensando fazer parte dos interesses poderosos e globais.
Como "O herói sem caráter",o "Macunaína", as classes médias destituídas de escrúpulos se já não aceitavam a direção do poder do Estado nas mãos das classes populares, mesmo com caráter assistencial, rejeitam qualquer forma de "empoderamento" identitário por associar a visibilidade dos vulneráveis à emancipação popular.
Não distinguiram um PT servil aos interesses de banqueiros do modelo ganha-ganha(onde trabalhadores ganhariam na medida que ricos ganhassem)das formas de lutas de ampliação de direitos que realizasse  distribuição de renda por políticas públicas que garantisse ascensão de classe, o qual o lulismo confundiu com mero acesso ao consumo.
Classes médias com seus pequenos negócios e profissionais liberais sucumbem ao projeto de terra arrasada burguês,que em sua crise, não se abstém de fazer os pobres a pagarem suas contas.
A dúvida é se atentarão cedo para farsa que elegeram. Sabemos que a ideologia é ferramenta poderosa das classes dominantes para reproduzir e manter o sistema capitalista em crise.O projeto ideológico burguês é o que tem sustentado o sistema do capital em esgotamento de acumulação.Esse processo de controle social é exercido com maestria, por vezes com a colaboração de reformistas progressistas, como o PT.
E não será diferente agora.
Não acredito no propalado desgaste rápido do proto-fascismo no governo.
Em regimes autoritários de exceção  as massas são empurradas para anti-participação,em uma anti-cidadania,de silenciamento da sociedade. Em regimes fascistas as massas são organizadas politicamente,manobradas pelo poder dominante e muitas vezes em formas de milícias da classe média, substituindo o Estado na repressão aos movimentos populares, aliado a uma forte propaganda de que "tudo está indo bem",ou iria bem se não fossem os movimentos sociais e a esquerda. Uma forma de criminalizar a resistência a um processo autoritário.
O campo da legalidade é alargado para as peripécias do poder constituído e o judiciário, fazendo do Direito mera ideologia dominante para dar conta da aparência de normalidade democrática, processo iniciado desde a destituição de Dilma.
Claro é também, que depois das eleições, será impossível que as classes dominantes unidas não se desmanchem em frações que reivindicarão seus privilégios. Já podemos perceber que a base do governo já se digladia por espaços privilegiados no governo.
Ainda pesa sobre o governo eleito algumas denúncias de corrupção.
 A imprensa pressiona para que se vejam fortes a reivindicar seus nacos de privilégios e benesses. Não confiemos , eles estão somente tentando demonstrar alguma força que lhe favoreça na queda de braço da disputa de poder,visando fortalecer suas "narrativas" que lhe beneficiarão.
O governo eleito em sua ignorância real tem qualidade para se comunicar de forma simples e simplista com o povo,usará deste recurso que,não resistirá à continuidade do desemprego e de rebaixamento da renda média, o que sem dúvida afetará o humor social. Mas as contrarreformas, se passarem, serão suficientes ao poder financeiro e ao agronegócio para continuarem a sustentar o governo, até que então, ele também possa ser descartado.
Duríssimos ataques se espera contra os trabalhadores da educação que visam modelar a sociedade à imagem e semelhança ao projeto de poder conservador e reacionário.
Igrejas desempenharam bem este processo nas eleições e continuarão "batendo",isto os fortalece,na medida que organiza a "fala" do precariado para justificar o poder.BNCC, reforma do ensino médio,terceirizações,privatizações,Escola"sem partido"...são recursos já utilizados e que reafirma a ofensiva à educação como meio de desmobilização dos servidores públicos bem como do enfraquecimento do serviço público para o corte de gastos,viabilizando o neoliberalismo associado à politica de costumes reacionária.
2019 será um cenário de naturalização da malvadeza neoliberal,a resistência será a da denúncia e organização de bases sociais mais sólidas,tarefa difícil diante da desmobilização e controle praticado pelo petismo por mais de uma década.