26 outubro 2008

Recado das urnas.

Falar que a credibilidade dos políticos profissionais é baixa é "chover no molhado", todos sabemos disso.

As propostas e promessas fogem às possibilidades do neoliberalismo que engessam o Estado, tornando-o incapaz de atuar para inverter prioridades: a prioridade dos neoliberais é o de dispor do dinheiro público para o financiamento da burguesia e da burocracia política que se mantem no poder ao ter em troca o financiamento de suas campanhas eleitorais.

A crise econômica mundial demonstra a falência do neoliberalismo diante das necessidades sociais que são gigantescas. Alguns profissionais da política, como Lula, que possui uma história de luta contra esta ordem social, se enquadra e se domestica ao sistema que combateu outrora.Como o "advogado do diabo", dispoem de sua biografia para obter as vantagens que o mercado oferece.

Lula oferece a ordem social-política, a integridade das instituições juridico-políticas liberais-democráticas em troca de benefícios impublicáveis.

O que os incompetentes do PSDB foram incapazes de fazer para manter a marcha do desenvolvimento do capital com concentração de renda sem gerar indignação social, o PT faz(pelo menos por enquanto) , manter o povo e os trabalhadores organizados como cordeiros obedientes às regras do falido capitalismo.

O elemento novo na brincadeira do capital é a abstenção eleitoral. O sistema que legitima a ordem econômica, já não mobiliza tantos, e os cães de guarda(políticos profissionais) dos senhores do dinheiro, já não conseguem enganar a todos como faziam com suas promessas em tempos de eleição.

As últimas eleições demonstram.Vinte por cento de abstenção eleitoral no Rio de Janeiro,dezoito por cento em São Paulo e dezesseis em Belo Horizonte, só para citar algumas capitais,deveria começar a dar calafrios nos intelectuais-defensores do sisitema e da ordem política.Para a que a própria defesa da Democracia não se torne algo impossível, é bom que os dirigentes comecem a romper os laços com o "Estado mínimo", a opressão e exploração dos trabalhadores e fazer algo para que a água da banheira não seja jogada fora junta com o bebê.Isto, sem contar com os votos nulos.

O povo mandou seu recado nas urnas.Para quem sabe ler,pingo do i é letra.

25 outubro 2008

PMDB e PERPETUAÇÃO NO PODER.

Não consigo ver os acontecimentos políticos pelo prisma do fato presente.É preciso buscar suas origens e seu desenvolvimento.

Ao pensar no PMDB não consigo me esquecer que este partido se encontra no poder desde 1986(Sarney),início da redemocratização,depois de ser uma oposição comportada e consentida pela ditadura militar.

Uma das razões por estar no poder por tanto tempo é o fato de ter absorvido durante os anos de chumbo partidos e correntes stalinistas, como o MR8 e o Pc do B, que tem em sua tradição a característica do aparelhamento e uso da máquina estatal,o clientelismo, com a utilização de cargos públicos para a capilarização e espalhamento das ações políticas que lhe dêem legitimidade e votos.E o PMDB consegue se utilizar muito bem desta herança, associada às velhas práticas coronelistas de centralização, este partido político é o que se chama de "saco de gatos", abrigando milhares de projetos pessoais escusos:fazem do cargo público o tranpolim para o enriquecimento privado, tanto dos seus integrantes quanto das grandes empresas que se utilizam do Estado para a obtenção de privilégios e o consequente enriquecimento.

Você meu nobre, pode dizer que estou sendo injusto, pois as características citadas pertencem à todas as agremiações presentes no Brasil, e que estas desqualificações serviriam para caracterizar tanto o PT de hoje quanto o DEM-PFL-PDS.É verdade, estas roupas também servem aos outros, porém, esta agremiação(PMDB)conseguiu pertencer a todos os governos centrais desde o final da ditadura, no mínimo, cedendo seus desvalorozos quadros políticos a um governinho ou outro.

Os problemas do Brasil tem raízes estruturais, fundadas no capitalismo internacional que se desenvolveu no século XIX e se aprofunda com a Globalização de mercados, no entanto, não podemos desprezar os elementos culturais da superestrutura política deste país, o qual é comandado pelo "projeto" polítco deste partido.

No Rio de Janeiro atual, de Chagas Freitas à Sérgio Cabral e Paes, passando por Moreira Franco, Garotinho e sua Rosinha, podemos perceber o quanto nós cariocas nos tornamos óleo para a máquina de promoção e de credenciamento político de figuras obscuras.

As máquinas do estado e de municípios trabalham cotidianamente no desenvolvimento do personalismo político destas figuras, de pretenções larguíssimas, destes que se utilizam das tetas do que é público para a obtenção do néctar da perpetuação no poder.

Embora não acredite que eleições possam mudar o estado de coisas, através de um modelo viciado de democracia, acredito que se não abrirmos os "olhos históricos", as coisas podem piorar ainda mais.Só a auto-organização dos trabalhadores pode mudar a vida dos mesmos, mas o direito ao voto foi arrancado por nós com muita luta e desprezá-lo não é algo que se possa fazer.

08 outubro 2008

CRISE FINANCEIRA INTERNACIONAL:os batedores de carteira.



“Estamos com medo, e nós falamos sério, de que passamos o ponto sem volta, as coisas estejam fora de controle e as forças que foram desatadas não possam ser paradas sem uma ação governamental verdadeiramente massiva, verdadeiramente forte, incluindo o fechamento de mercados e a imposição de limites de saques bancários" (Dennis Gartman, especialista econômico em mercado de commodities)


Em uma crise financeira como esta é que se pode perceber a veracidade dos princípios que fundamentam o sistema capitalista.


Primeiro é preciso reconhecer que o sistema do Capital é mestre em acumulação. São somas inacreditáveis formadas pelo grande capital. No entanto, é mais do que sabido, estas somas vultuosas não se transformam em melhoria da qualidade de vida daqueles que realmente sustentam esta máquina de produção: os trabalhadores.


A origem desta crise de superprodução está, como em todas as outras crises cíclicas do capitalismo, na perda da capacidade de consumo.


A crise hipotecária se traduz na incapacidade daqueles que financiaram imóveis de arcar com suas dívidas. A especulação financeira não passa de um jogo onde os ricos apostam para ficarem mais ricos .As chamadas “bolhas” se dão na medida em que as apostas são feitas em cima daquilo que não existe, em um otimismo do mercado forjado em bases insipientes.


Ou seja, as regras do mercado são fictícias,trabalham com somas de dinheiro que não são reais. Daí a expressão “especulação”. Como se fosse o jogo “Banco Imobiliário”, no momento que você está ganhando muito “dinheiro” com suas construções em locais valorizados, vem seu irmão mais novo e derruba o tabuleiro.


O capitalismo financeiro é uma ficção na medida que ignora o meio de vida dos atores principais, aqueles que produzem riquezas no cotidiano do chão real de suas nações: os trabalhadores.


Não sou capacitado para falar das entranhas mais profundas deste jogo, até por que pertencem aqueles que criam seus jargãos complicados, justamente para manter a maioria distante dele. Marx dizia que os economistas(autores dos jargãos) são como os antigos “sincofantas”, que na Grécia antiga, eram como seguranças dos dias de hoje, que nas feiras livres gritavam quando alguém “roubava” um alimento da feira livre .


.Estes “especialistas” criaram as teorias para a manutençaão do sistema e qualquer que seja aquele que acuse que estes princípios excluem a maioria, eles(economistas) gritam em sinal de alerta e com seu vocabulário incompreensível, tentam esconder a incoerência do capitalismo e sua falta de significado para aqueles que tentam com seu trabalho diário, apenas o bastante para a sua sobrevivência: “Ajudaremos empresas e bancos para salvar empregos”.Uma grande multinacional,por exemplo ,uma montadora de automóveis, não gera mais que 500 empregos diretos. E então, porque não ajudar quinhentos botequins?


Mas podemos dizer que a cada crise dessa quem paga a conta somos nós trabalhadores. A incoerência do sistema está em que quando as apostas no jogo financeiro são muito grandes e a possibilidade de que ele não venha se coberto, nós pagaremos a conta.


Os defensores do mercado livre, “auto-regulável” ficam constragidíssimos (quando não são cínicos) quando o Estado tem que intervir para salvar um mercado que se ampara nos recursos públicos. O seu dinheiro é a garantia do sujo jogo das elites econômicas.


Os defensores do “Estado mínimo” só o defendem pequeno, para a solução das mazelas sociais, para investimentos em saúde , educação, saneamento e todas as outras necessidades fundamentais para a existência digna de um ser humano. Quando a crise ameaça os grandes, o Estado é solicito em salvá-los. E os governos dos Estados-naçõe correm em acudir suas classes dominantes: privatizam os lucros e socializam os prejuízos.


As ajudas financeiras aos conglomerados econômicos são atos de lesa-vida, em um mundo onde metade da população mundial não tem o que comer e cerca de um bilhão de pessoas não tem nem acesso à água potável.

Bushs e Lulas , protetores das regras universais, da “tranqüilidade do mercado” correm para salvarem bancos em quebra,ou empresas em perigo, que não pagam de impostos o que pagam trabalhadores e classes médias.É o Estado à serviço da minoria.


Para construírem essas regras, desregulamentam direitos trabalhistas, arrocham as rendas e não percebem porque estes arrochados em seus salários não podem continuar a pagar suas contas. Inventam expressões de alto impacto como “reestruturação produtiva”, diminuindo os postos de trabalho e aumentando os níveis de exploração da mão-de-obra.Essas “reegenharias” não passam de falácias, meras invenções de pomposos nomes para justificar a continuidade da exploração. Os bens públicos são entregues por nossos mandatários a interesses particularíssimos. Cada vez menos pessoas comandam todos os recursos produzidos no mundo. Segundo especialistas, duzentas famílias no mundo inteiro detêm quase todos os trilhões (dinheiro) circulantes diariamente.


Na festa dos capitalistas e especuladores, só somos chamados para cuidar da limpeza. Bancaremos com o nosso suor as incoerências do capitalismo. Alguns ainda dizem que falar em “socialismo” e “imperialismo” são coisas antiquadas para o século XXI. Antiquado é sabermos que a maioria sustenta diariamente o banquete de uma minoria despudorada, que reinventam este sistema falido (capitalismo) com nomes novos e velhíssimas práticas de exploração do Homem (rico) pelo Homem (excluídos).