20 janeiro 2017

Sobre grades e liberdades.

Em cada cárcere está presa a essência da humanidade.

Ocupados com suas falseadas visões de mundo,ordenada pela tirania do mercado,praguejam pela morte e pela tortura,como quem pede um sonho na padaria.

Em cada cárcere estão nossas formas de vida,nossas normas e culturas e todas as frustrações que o sistema produz.

Cada currículo escolar ou escola em destruição, é matéria prima para futuras grades.

E cada um com seus desejos de consumo e necessidades não alcançadas pregamos que todo sofrimento deva ser pouco para aqueles fracassados que violaram as regras.Depois me recolho às orações,pedindo pelo bem e pelo direito de continuar livre em frente ao telejornal.Isso não é da "minha conta"!

Nos Shopping Centers finjo exercer a minha liberdade entre vitrines e sonhos de consumo.

E comemoro a liberdade em frente à TV e publicando lindas fotos nas redes sociais.

E cada um que se acredita livre,pode por algum tempo,se sentir vitorioso por não estar no cárcere e comemorar a cada corpo caído sua "liberdade" consentida, por ser um obediente em sua vida de eterna infância.

Mas o cárcere não é para brancos,poderosos e corruptos.Cada grilhão que procure seu negro ou favelado.

Em cada encarcerado há uma tumba de uma sociedade que se alimenta da punição,por não haver disponível outro nutriente para eliminar suas dores produzidas pelo sistema.

Cada encarcerado é produto da alienação de todos,é produto da conivência com o mal feito e mal vivido,é resultado da tolerância com a atual Idade Média,vestida com cores de século XXI.

Em cada cárcere, jaz cada um de nós.

Sobre as micaretas de dezembro de 2016

Sobre as "micaretas" de 4 de dezembro.

A judicialização atual da política brasileira é resultado da falência da Política enquanto canal viabilizador  e mantenedor de direitos.
Crise de representação,colocação feita por movimentos sociais há muito,é expressão de uma democracia que não empodera classes populares.
 Com a derrota do PT,vem a certeza do esgotamento de um projeto de conciliação de classes,que a história nos demonstra sua impossibilidade quanto a sua permanência sem a brusca ruptura.
As manifestações de hoje são fruto do cansaço da classe média pagadora de impostos,enquanto a burguesia não paga,"detalhe" que a classe média ainda não entendeu.
A aliança entre classe média e burguesia é histórica,é regra no sistema capitalista.As exceções produziram grandes transformações sociais,quando estas classes médias entenderam seu caráter e o seu papel social,se aliando aos desejos e aspirações dos trabalhadores e excluídos economicamente.Mas seria cobrar muito da classe que sempre esteve ao lado dos corruptos que ela mesma elege.
As Manifestações deste dia 4 de dezembro, das classes médias,sem precariado,sem programa,sem elementos populares e sem os Movimentos Sociais, são um engôdo,produto da falsa consciência da realidade e que carrega consigo os projetos autoritários,conservadores e reacionários.
"Acabar com a corrupção",com herói forjado pela direita, messianicamente hasteado como salvador da pátria é um erro que pode ter consequências históricas terríveis.
A estes,falta a compreensão de que a fonte da corrupção é a relação promíscua entre Estado financiador do capital e o próprio capital,que como a classe média,prefere privilégios à direitos universalizados,forma cultural de um país onde o Estado é ausente em produção de políticas públicas.

Capitalismo e Esperança.

O liberalismo e suas variações históricas não possuem fundamento científico ou filosófico,não passam de falsa consciência da realidade,ideologia,usurpação dos recursos da humanidade e do planeta para a legitimação da ordem e da dominação social para a obtenção do lucro.

Conforme a História desconstrói suas contradições,novas alegorias e "novas" versões do natimorto são produzidas,novos agentes manipuladores se arvoram para defender o indefensável,e o fazem com a máscara da seriedade e dos títulos acadêmicos.São como malabaristas tentando sustentar a ilusão. Não há verdade possível em uma biblioteca liberal.
A maior vitória da humanidade será o soterramento dos cínicos que veiculam a farsa e a tragédia.Não há esperança no capitalismo.

Bauman ,diversidade e igualdade.

Bauman,teórico da crise da era Moderna,ou da pós-modernidade, dizia que "mais que lutar pelos direitos da diferença, deveríamos nos empenhar pelo direito à igualdade"("A Cultura no mundo líquido moderno").

Bandeiras pelos Direitos são fundamentais,até porque a direita raivosa abomina os valores iluministas,mas não podemos esquecer que as raízes dos preconceitos estão na Ideologia ,nos valores burgueses,superestruturais, do individualismo e da competitividade.

Para um sociólogo que não era marxista,o recado foi muito bem dado em suas obras.Que a esquerda entenda que a democracia liberal é fantástica diante do atraso do pensamento humano,mas esta democracia que permitiu certa liberdade,não permitirá a igualdade econômica.