07 abril 2018

Por uma frente anti-capitalista.


A defesa de Lula é a defesa da agenda antirreformas. Em momento de tanto refluxo da esquerda,que ainda estará associada à experiência petista de conciliação, o que temos é a defesa intransigente do que ainda tínhamos a pouco tempo.

Há uma base social petista  orfã,muito tempo antes do processo de Lula.

Na esquerda socialista sonhamos grande, muitíssimo além das importantes políticas sociais e assistenciais do PT.

O governo Dilma de recuos permanentes foi terrível para todos nós,com lei antiterrorismo(para ser usada contra movimentos sociais),com o ajuste fiscal(2015), com discursos de retrocesso na educação(fala de Dilma  sobre a "reforma" da educação:"me desculpem a Filosofia e a Sociologia, mas 12 matérias não dá".),com a entrega da comissão de direitos humanos aos ultraconservadores(em troca de voto),com o silêncio aterrador enquanto éramos violentamente reprimidos nas ruas em 2013,por seus aliados, do apoio à farsa eleitoral das UPPs...

Sabemos bem que os golpes dos quais sofremos, fez parte dele o próprio PT,que cavou sua cova.
Só que esta cova também é nossa pois as derrotas são do povo humilde,dos trabalhadores dos explorados e socialistas.

O apoio à Lula se justifica,não para eleições,mas para a construção de um campo onde a esquerda possa denunciar a escalada autoritária da sociedade,de se fazer ouvir de novo por amplos setores indignados que abraçam o fascismo como voto de protesto.

O PT na oposição sempre foi responsável pela politização da sociedade e deixou de fazê-la quando se tornou governo   (sem vislumbrar as alianças com os movimentos populares para empurrar das ruas para o "Reto" do congresso conservador às necessidades dos mais humildes e da classe trabalhadora),com o objetivo de ampliar sua base política no congresso esvaziando a fala crítica de uma geração de jovens que cresceu durante os governos petistas.

No entanto precisamos dizer que parte da esquerda socialista,satisfeita em marcar posições,sem a devida  leitura da correlação de forças na sociedade,satisfeitíssima com o gueto permanente,não consegue entender nada além do que nosso "programa máximo",em uma doença surda e infantil "esquerdista"(como Lênin caracterizou).É uma esquerda que se nega a fazer política,que possui insuficiência em diferenciar tática de estratégia,que muitas das vezes se acha fortalecida apenas em um discurso acadêmico que não alcança os ouvidos da massa desesperada,que é organizada na base,pelas igrejas que se fortalecem com propósitos econômicos e eleitorais.

Estes setores precisam ler e entender a simplicidade do manifesto comunista em sua linguagem direta.

A construção de uma frente única atende à necessidade de que este campo alargado resgate nossa combatividade na luta contra-hegemônica.

A denúncia das ilegalidades golpistas com a anuência dos meios de comunicação e da Justiça passa por alcançar a todos que se encontram colocados no campo antifascista. Os liberais brasileiros são toscos,esqueceram da tradição iluministas quanto ao equilíbrio institucional, esqueceram da tradição iluminista da luta pelos direitos humanos, se aliaram aos ultraconservadores da burguesia aristocrática(Florestan Fernandes) e das classes médias com acesso ao consumo, mas sem acesso à lucidez.

A crítica ao fracasso do reformismo conciliador deve estar vivo, porém motivado por alcançar as consciências de forma mais ampla.

É preciso que o anticapitalismo seja o nosso campo, que denuncie a opção fascistizante desta burguesia latina, tradicionalmente ligada ao atraso das aristocracias do campo, geradora do capitalismo sem a sofisticação do liberalismo ilustrado de tradição europeia.

A opção pela defesa de Lula passa pelo reerguimento das vozes contidas pela própria opção da burocracia petista de se aliar ao capital financeiro e ao agronegócio quando era governo.

O nosso não desaparecimento físico depende da coragem de se erguer trincheiras de enfrentamento à radicalização do capital contra os direitos conquistados no século XX.

Há de se ter coragem,sem revisionismo,mas abraçado à História para não tombarmos abraçados ao principismo infantil.