15 março 2013

O "Fenômeno" Yoani Sánchez. Uma reflexão sobre o papel dos meios de comunicação.





Por Gabriela Coelho
O sucesso da blogueira cubana: natural ou pretensão? A enorme importância de analisarmos e pensarmos a respeito de tudo que lemos e vemos nos meios de comunicação.


No último mês, um nome específico tem sido bastante repetido pela mídia. O nome não diz respeito a alguém que tenha morrido numa famosa tragédia ou que esteja envolvido em algum grande crime. É só um rosto cubano que tem aparecido por aí (e, até aparecido bastante, diga-se de passagem – aparecimento que não é muito esperado de uma figura cubana). O rosto é de Yoani Sánchez, uma blogueira que escreve muitas críticas a seu país e, por estas mesmas, tem sido valorizada e prestigiada pelo mundo afora. A verdadeira questão em torno da blogueira é: por que (e/ou por quem) um rostinho de Cuba tem ganhado tanta visibilidade nos veículos de massa?

Há muitos que dizem por aí que a razão pela qual esse rostinho tem ganhado toda essa atenção é justamente por ser um rostinho diferenciado. Diferenciado porque, supostamente, a blogueira tem agido como uma voz da verdade e um ícone mundial a todos que enxergam (ou querem fazer os outros enxergarem) uma tirania stalinista em Cuba. Devo concordar que a imagem de Yoani Sánchez representa mesmo algo diferenciado, mas não consigo dizer que seja porque ela mesma representa essa diferença.
 
A revolução cubana, para muitos ("idealistas" ou não), representou um grande sonho em torno de toda a América Latina. E, até hoje, Cuba mostra-se como uma prova de resistência e sabedoria. Não é muito à toa que o país possui os melhores índices de alfabetismo e a marca zero da pobreza, por exemplo (segundo dados da ONU) - mesmo privado e sancionado de tantos benefícios comercio-econômicos. Mas, para muitos outros, e até de maneira muito compreensível, devo admitir, o modelo político de Cuba, hoje, pode parecer um retrocesso. Em meio a tantas tecnologias, novas mídias e publicidade, Cuba perdeu o charme diante de um mundo tão entregue às lógicas do capitalismo. Por isso mesmo, vemos o país também em abertura política. Assim, Yoani entra nessa história como alguém que resolve falar de todas essas coisas que o capitalismo proporciona e sobre o quanto Cuba age como uma ilha de isolamento e alienação a tudo isso. Contudo, minha intenção não é desmerecer o que ela diz e critica, mas só analisar o percorrer de suas falas.

Assim, sinceramente, o que ela pensa a respeito de Cuba não muito me interessa agora. Não quero analisar suas opiniões, apesar de ter grandes críticas a estas. Ela fala o que quiser e tiver bem vontade de falar, seja de sua espontânea crença ou não. Confessemos que, se ela também não falar só o que acredita por conta própria, mas também o que agrada e satisfaz outros interesses privados e particulares, não seria uma grande surpresa. Desta forma, o meu interesse em falar de Yoani é justamente o fato da possibilidade de haver um grande interesse de outras pessoas por trás dela. O interesse seria em querer que o que ela fala ganhe muita notoriedade. Para incitar mais isso, por exemplo, posso citar o fato de seu blogue ser traduzido para mais de 10 línguas (o que é quase um recorde em se tratando de uma página virtual).

Portanto, o importante me parece ser o reconhecimento de que sua figura só transcende porque a fizeram transcender. Há um nítido interesse midiático em tornar Yoani uma voz do saber. O interesse fica sempre mais claro quando analisamos por trás toda a polêmica que a blogueira arrastou em torno de suas críticas à falta de liberdade individual em Cuba. Por si só, o conceito de liberdade individual já me é relativo - mas, mais relativo ainda é pensar que Yoani alega estar insatisfeita com alguns dos fatores que mais faz o país consagrar-se como uma nação mais igualitária. Mas, é claro: o conceito de uma sociedade mais igualitária também é relativo. Penso que, o que não pode ser relativo, é imaginar que transformem uma pessoa em figura-celebridade e coloquem o que ela diz como frases de um oráculo de luzes divinas. 
É claro que a grande responsabilidade disso cai muito mais em cima das grandes revistas e jornais, e das grandes emissoras de televisão (que são controladas por pessoas que têm interesses além dos informativos, obviamente). E, é claro também que, alguns desses interesse são fáceis de serem decifrados. Afinal, criticar Cuba, com embasamento e sérias informações, ou não, é sempre divertido.
Não importam, o preço, a ética, a moral. Se tiverem que criar um preço para fazerem a crítica, criarão. Se tiverem que ajustar as éticas de comunicação e jornalismo, ajustarão. E, se tiverem que romper com algumas morais cívicas básicas, romperão da maneira mais esdrúxula possível: com a manipulação.Por isso, a crítica vai diretamente à comunicação, e não à blogueira – mesmo que ela possa agir como empregada deste ramo.

Deste modo, o que mais me parece sensato agora é entender que é preciso criticar a importância que associaram a ela - e associam a quaisquer outras celebridades inventadas de momentos passados, ainda mais com tanto furor. O que imagino ou idealizo é respeito. Respeito que venha tanto dos meios de comunicação de massa, vendidos e entregues, que insistem em desinformar; assim como de quem pensa que tem o direito de cortar a fala de Yoani, mesmo que esta seja falsa.

Morte.





Por Giovana Lidizia

Eu via tantas pessoas percorrendo aquele caminho, naquela direção que eu ficava curiosa. Até que um dia eu tomei coragem e fui até lá, mas não cheguei muito perto e então perguntei “Quem é você?” e ela me respondeu ,“Prazer, sou a morte.”. Nisso passaram duas pessoas ao meu lado, uma mulher e um menino chorando e me perguntei “Será mesmo um prazer?”, afinal ambos que passaram ao meu lado estavam jorrando lágrimas de tristeza e eu não podia fazer nada, estava de mãos atadas. Sai dali.

No caminho encontrei mais uma pessoa, um homem, em torno dos 40 e poucos anos e perguntei “Com licença, aonde esse caminho leva as pessoas?” e ele me respondeu “Para a morte.”. Espera, quem é ou o que é a morte? Indaguei para mim mesma, e logo em seguida, indaguei em voz alta para o homem. Ele disse ,“A morte é o final desse caminho aqui.” Tá, mas como, por quê? Qual a finalidade dela? Quando virei-me de lado para fazer novas perguntas, o homem já estava quase no final do caminho. Engraçado que ele parecia apressado e ansioso para chegar ao fim desse caminho. Mas as outras duas pessoas que haviam passado por mim mais cedo, estavam aos prantos.

Continuei andando, na mão contrária a das pessoas. Enquanto as pessoas iam, eu voltava. Só eu.

O caminho era bem grande, muito grande e cada pessoa tinha uma linha que a seguia. De umas pessoas ela era maior do que de outras. Era como se fosse o quanto ela viveu.

Parei outra pessoa e perguntei “Que caminho é esse”?”e ela me respondeu “é a vida, querida.” perguntei mais uma coisa ,“que vida?” Ela respondeu “a que vivemos, existimos, porque pergunta?” Um pouco confusa tentei responder “ por que tem tanta gente nesse caminho?Uns jorram lágrimas de tristeza, outros aparentam alívio, uns felicidade...?Por quê?” e ela mais uma vez me responde, “É o que eles estão sentindo em relação ao fim da vida. Quando morremos, não voltamos para nossa antiga vida. Saímos da vida das pessoas e de tudo mais, tudo aquilo que durante anos fomos obrigados a conhecer, a gostar. Agora somos obrigados a desapegar, principalmente das coisas e pessoas que mais amamos e prezamos,ver os outros sofrerem.” E eu indaguei “Mas quando se morre, se sai da vida das pessoas? Por completo?” e ela disse um simples e sonoro “sim” e eu mais uma vez a procura de respostas “ Mas e a memória, a saudade que você deixou? É extinta também? Será possível...” e ela respondeu “não sei, mas sei que tenho curiosidade de saber o que está atrás do ultimo passo do caminho a minha frente” e eu perguntei “mas então quer morrer? Não se importa com as pessoas que deixará para trás, ou a saudade?” e ela me surpreendeu “muitos me deixaram e eu não morri por isso.”

Então espera, você tem uma vida que lhe é entregue e dizem “vai em frente, vive.”, mas como podemos nos entregar a algo que sabemos que um dia vai ser tirado da gente. Tirado sem pedir licença ou perguntar se ao menos queremos. Somos apresentados à vida, falam que temos duas opções, viver ou existir. Fazer juz aquela vida que você recebeu e viver mesmo, com intensidade, fazer o que quer fazer ,o que tem curiosidade. Ou viver, seguir regras e não se importar, apenas viver, não fazer nada de importante, que “mude o mundo” ou que mude você.

Falam que a vida tem um fim e esse fim é a morte, mas será que depois da morte não tem nada  mais? Será que não voltamos?

Eu tenho curiosidade sobre a morte, para mim, mas não para os meus parentes, familiares, amigos porque eu sei qual é a sensação que é provocada quando alguém que você se importava, amava, gostava, morre. Sensação amarga e de perda de um pedaço de dentro de você. Eu penso que se eu, por exemplo, perder algum ente muito próximo como minha mãe, hoje, eu não vejo futuro na minha vida. Porque a minha mãe é meu chão, ela que me direciona aos caminhos e me incentiva a ser alguém na vida, não necessariamente uma pessoa boa para o país que trará lucro, mas uma pessoa na vida pra mim.

Mas será mesmo que eu não conseguiria seguir em frente sem ela? Será que exatamente por não tê-la eu queira seguir em frente?

Enquanto eu não descubro a morte eu vou viver com o máximo de intensidade e curiosidade possíveis dentro de mim. Permitir que eu sinta as sensações mais estranhas que podem existir, me apaixonar, me machucar milhares e milhares de vezes, aprender, errar e fazer tudo que quero. Mas o principal, quero viver meus sonhos, quero achar minha razão de viver, se é que existe.

Quero estender a mão quando precisarem, quero beijar quando quiser, abraçar quando quiser. Quero viver, quero ser uma estranha nesse mundo tão grande, quero ser uma estranha diferente no meio desses 7 bilhões de pessoas estranhas no mundo.
Estranha.