22 outubro 2017

"O Fascismo é o liberalismo que perdeu seus escrúpulos."



Da difícil unidade das esquerdas sabemos que qualquer tentativa de agrupamemto é sempre benvinda.No entanto os erros do passado continuam assombrando como fantasmas.
Os vícios do eleitoralismo puro,da falsa crença em um "evolucionismo" democrático no caminho da superação do capital,faz com que alianças entre esquerdas sejam feitas em torno de processos eleitorais.

A unidade não existe em torno de programas construídos pelas bases sociais.Isto é histórico e as razões estão centradas em torno do desejo de conciliar interesses de classes incompatíveis.

A História,inclusive a recente,mostra o quão irresponsáveis são as ideias que preconizam a "unidade das esquerdas" a qualquer custo.

O argumento reformista é de que devemos assegurar direitos históricos vilipendiados pelo radicalismo capitalista.Este argumento soa como estaca nos corações dos maltratados pelo sistema.

A Razão histórica é perdida diante de ataques cruéis aos trabalhadores.A História nos confirma que o jogo democrático é viciado,que as instituições do Estado burguês se voltam para a garantia da manutenção da ordem excludente e concentradora.É certo também,que no jogo democrático as conquistas sociais permitiram avanços,e que cada espaço deve ser disputado com todas as forças.Claro que quem tem fome tem pressa,mas as barrigas saciadas tem sonhos de saciar novas fomes,geralmente associadas ao consumo e à ascensão social.

É preciso que as bandeiras das utopias sejam hasteadas de novo.

A descrença na democracia é produto ,dentre tantos outros fatores ,ao fato de que trabalhadores não conseguem discernir aonde estão os "seus",cada vez mais envolvidos com opressores.

Via de regra,abandonamos programas de enfrentamento para buscar setores de uma suposta burguesia "mais humana".

Lembremos que as conquistas sociais são resultados de duras lutas sociais que empurraram a instituições democrático-liberais a ceder dedos para não perder as mãos.

Se 2018 é logo ali,perdemos tempo precioso de um século XXI onde se acreditou em corações de proprietários sensíveis à barbárie de seu sistema.

Setores da esquerda socialista e da esquerda liberal são cachorros girando em torno do rabo,não importa o quanto os erros recentes provocaram danos aterradores aos mais pobres.

Nos tornamos fragmentos de uma pós-modernidade que recortou nossos sonhos em lutas específicas importantes como o antiracismo e muitas outras lutas, ou ao afirmar "espaços de fala" e "empoderamentos".Perdemos o centro da luta contra opressores.Os próprios liberais que criaram os direitos humanos nos empurraram as lutas específicas que sobrecarregam nossas agendas.

É necessário que associemos de novo nossos ideais libertários,afirmativos de direitos e até "compensatórios",mas que mais uma vez não percamos de vista que liberais-sensíveis se apoiam até nos monstros fascistas quando seus edifícios econômicos estão desmoronando.

A História é pedagógica e nos mostra e reafirma que as escolhas estão cada vez mais esclarecidas: "Socialismo ou barbárie".

03 outubro 2017

A vida como obra de arte,a censura como morte.


A arte livre viola subjetividades, garante o debate sobre a cultura e a moral, desdenha do que foi naturalizado e banalizado.

Seja qual for o tipo de arte, os juízos de valor são submetidos a julgamento.

O caráter subversivo da arte não transforma sociedades, mas forja pessoas aptas para o pensamento autônomo e a fruição de subjetividades. A Arte impede o servilismo e a subserviência, liberta instintos vitais-criativos, promove o tensionamento com o mundo visto sob a ótica da Razão instrumental e cientificista.
São diversas as tentativas históricas de submissão da arte ao pobre moralismo religioso, às estruturas ideológicas dominantes, aos malfeitores dirigentes políticos que representam a aberração de um capitalismo que mata objetivamente e cria símbolos de morte em vida.Sistema este que condena bilhões à fome, condena à frustrações pessoais por não inclusão, ou a não obtenção de status sociais, constrói signos de submissão à ordem injusta estabelecida.

A política é o meio de libertação da opressão.Não a política institucional do liberalismo,mas a política que movimenta multidões para arrancarem seus grilhões.

A crise ética pós moderna que enfrentamos é resultado também do sufocamento da liberdade de criação e negação da apropriação da cultura pelos marginalizados,e isso é de responsabilidade da política liberal-capitalista,não culpa da arte.

Arte e Política são formas humanas de emancipação,de superação das explicações místicas que condenaram a humanidade à cega obediência do oportunismo dos "Donos do poder" econômico, de crítica aos tradicionalismos culturais(diferente de tradições culturais) que são ferramentas de reprodução de falsa consciência da realidade e manutenção da ordem perversa e desigual.

Lembro que mesmo o "realismo socialista" stalinista quisera submeter a arte livre ao rótulo de "mero desvio pequeno burguês", que recebeu resposta a altura de Breton e Trotski("Manifesto do surrealismo,por uma arte revolucionária e independente").
A arte em espaços privados possuem seus mecanismos regulatórios(as vezes não suficientes) para evitar a exposição de crianças.

O que dizer sobre os meios de comunicação de massa que expõem a obscenidade da farsa de um sistema que mata simbolicamente e concretamente?

A arte subverte a ordem  e atinge a moral e ética burguesas. Controles e patrulhas ideológicas(lembrando das personagens de Chico Buarque, onde os tribunais das  redes sociais confundem o "eu lírico" com o autor) submetem às consciências às lógicas empobrecedoras da consciência.
A arte livre é revolucionária, a barbárie tem outro nome: indústria cultural capitalista.