19 dezembro 2011

Pré-fácil 2: "Os subterrâneos da liberdade."



Esta trilogia maravilhosa influenciou a minha visão de mundo quando a li na adolescência. Dividido em "Ásperos tempos" , "Agonia da noite" e "Luz no Túnel" , fala de parte da História do Brasil que expressa a espada feroz da ditadura do Estado Novo.

É um romance que te deixa sem ar pela narrativa, diálogos e o romantismo de abnegados militantes do antigo PCB na luta contra a repressão cruel do governo de Getúlio Vargas. Alguns críticos com mau humor, ou não tão bem intencionados ideologicamente, falam que os personagens são ingênuos, mas quem um dia não acreditou em uma utopia social e vive mergulhado no mundo do consumo e das banalidades nunca vai entender.

Muitos personagens bem construídos ao longo de centenas de páginas em aventuras fascinantes na luta pela liberdade e por uma sociedade mais justa.

Leituras errôneas, como a demonização dos trotskistas e o endeusamento de Stalin, fazem parte do imaginário militante de uma época onde a informação não circulava facilmente como nos dias de hoje.

 A mais importante mensagem para os dias de hoje é a da abnegação e a disponibilidade ao outro, algo que sucumbiu diante do individualismo  e competitividade espalhados pelo ideário neoliberal que se vive nos dias de hoje.

09 dezembro 2011

Esperando o sol, esperando o trem ...,esperando um filho prá esperar também...Até quando esperar?



Importante momento vivemos no RJ,simbólico,dizem alguns,outros mais exultantes falam em erradicação da venda de drogas.Muitos "especialistas" em segurança pública falam,ou alertam,sobre a necessidade de ocupação do espaço público das mãos do "Estado paralelo" e por fim, o "restabelecimento" do monopólio do uso da força física por parte do Estado,definição clássica do Estado contratualista.

Pois então vejamos. É óbvio que a abolição da venda ilegal de drogas interessa muito àqueles que são oprimidos por sua violência, responsável por abreviar vidas de um verdadeiro exército de jovens carentes e sem perspectivas, abandonadas pelo Estado, e que se sentem pertencidos a grupos, obtendo o respeito de suas comunidades pelo poder que acabam por exercer graças a ascensão econômica ou ao status de poder. Claro que a juventude de classe média merece não ser destruída pelo consumo das drogas que encurtam a vida e a consciência de si no mundo.

Por conta de quanto se tem falado sobre a necessária ocupação social que deveria vir após a ocupação dos órgãos de repressão é que me chama a atenção para a antiga promessa, e que desse caráter de promessa não nos livramos.

Pois então meu caro,que até aqui teve a paciência de me ler,eu pergunto:Em que momento governantes investiram seriamente em programas sociais,políticas públicas de saúde,saneamento e educação em áreas não deflagradas pelos conflitos?Ao ouvirmos declarações dos representantes políticos sobre suas ações futuras pós-upps,me vem à cabeça imediatamente o descaso de Cabral e Paes com a educação e com a saúde,onde os funcionários públicos,aqueles que atendem prioritariamente os mais necessitados,são tratados com salários aviltantes,fazendo com que tenham cargas de trabalho gigantescas para obter o mínimo necessário.Será que o senhor Cabral quer agora nos fazer acreditar que fará o que nunca fez?Será mesmo que acreditaremos mais uma vez na ladainha de que se trata de um processo e que os abandonos das questões sociais são de longa data e não existem recursos para satisfazer as demandas sociais?

Carecemos de um verdadeiro choque de vergonha na cara. O cinismo é a maior qualidade destes que nos governam, onde todas as vezes que há investimentos sociais que não podem esperar,por conta até da própria governabilidade,tem que ser secundário diante da emergência de se beneficiar o Capital e promover "caixas 2".

Portanto senhores cidadãos, a você me refiro diretamente: cairão mais uma vez nesta arapuca?Quantos moradores de áreas livres do tráfico conhecem saúde e educação pública de qualidade?Quantos moradores da baixada ou zona oeste conhecem água tratada da CEDAE?

Quanto à propalada ocupação ,o espetáculo circense em torno da ocupação da Rocinha,sem dúvida esconderá por algum tempo a omissão do governo com relação às milícias e seus recentes episódios de desestabilização das instituições jurídico-políticos democráticas.
Que venha a Paz,de onde quer que venha,será muito agraciada,mas a pacificação que desejamos passa necessariamente por investimentos sociais, que só virão quando houver uma verdadeira inversão de prioridades,e lógico, pelo fim do cinismo de quem nos governa.

29 outubro 2011

"Manifestación".Diálogo com o quadro de Antonio Berni (1934).

Somos multidões no desamparo.Perspectivas de dignidade não é expressão que se possa dizer que o caminho do sistema ofereça.

Multidões com seus olhos lustrados de dor se acotovelam pelas migalhas que sobrem das mesas abastadas. Olhares com raiva, ”pois a raiva é coisa do homem, a fome é coisa do homem”, olhares de busca pela esperança ao céu se dirigem.

 Em momentos angustiantes de fome e desespero é melhor seguir o ascetismo, o abandono deste mundo que lhe tratou como mais um número nas estatísticas do desolamento. Às margens da festa somos multidões de gritos engolidos. Em planeta com tamanha abundância não é o destino nem os céus que nos condenaram a não participação como protagonistas neste cenário de inversão de prioridades.

Transformaram em selva o contrato social que não assinei, mas não foi a genética nem a falta do esforço que me condenaram. Os atrozes leões financeiros nos engolem como  cana de açúcar esmagada para o caldo. E somos tragados e digeridos pela máquina que nos desconsidera, como quem não valha à pena existir.

Haja Luz! Procurarei no templo  explicações que não obtenho para tanta irracionalidade e/ou acreditarei na minha força para romper o círculo vicioso dos horrores por ser ignorado. O trabalho faz parte das minhas preces, minha luta com os meus me libertará das argolas de ferro que envolvem meu pescoço, meu estômago e nossa consciência.

05 outubro 2011

Não me diga que não faremos o dia que está sendo construído!



Não me diga que não faremos o dia que está sendo construído.

E chegaremos então ao tempo em que lamentaremos termos feito parte do tempo onde o silêncio do falso consenso predomina.

Suas armas contêm silenciadores poderosos, no entanto há de chegar o dia em que o simulacro da existência que você criou, desabará como um frágil castelo de cartas marcadas. Marcadas pela dor dos que não participam da tua abundância, do calor que abriga poucos e da saciedade que nunca vem.

Nunca diga que irá me silenciar, pois arcarei a vida de rebeldes trombetas permanentes da denúncia da farsa que você é. A vigília permanente que faço do teu caráter é alimentada permanentemente pela dor que forjas todos os dias na humanidade.

Que o meu cansaço seja amenizado pelo manto de esperança que aquele da cruz semeou. E não me diga que não faremos o dia que está sendo construído, por que eu então andarei sobre tuas palavras em minhas solas, espremendo-as até impingir a tua retirada deste cenário de autômatos e então, ter o desvelo com quem sofreu com tuas mandíbulas malcheirosas de tártaro-financeiro.

Não me diga que não faremos o dia que está sendo construído.

31 agosto 2011

CAOS NOS TRANSPORTES PÚBLICOS DO RJ


Governador do Rio de Janeiro criminaliza de forma generalizada os transportes alternativos.Se aproveita o mandatário já que alguns,principalmente na zona oeste são ligados às milícias,companheiras de palanque do senhor governador, para fotalecer seus apoios políticos de empresários do ramo do transporte.

A Ilegalidade nos transportes públicos é o resultado direto da omissão do governador,facilitando a farra dos empresários de ônibus.Este senhor que nos governa junto ao seu boneco de louça Paes,pretende a extinção completa do transporte alternativo,até mesmo em lugares onde não há cobertura de linhas de ônibus.

Transporte público é concessão pública do Estado,não deveria estar a mercê das vontades de empresários por lucros fáceis. As linhas de trem do Brasil e do Rio de Janeiro, são as únicas que diminuiram de tamanho nos últimos 20 anos graças ao modelo rodoviarista adotado pelo liberal-desenvolvimentista JK.

O que é de responsabilidade direta do governo estadual,os bondes,ficaram por décadas abandonados até que começaram a matar.A associação de moradores de Santa Tereza,denuncia há muito este descaso do governo.

Existe a expectativa de que em 2014 o Rio terá 3milhões de veículos particulares,número que corresponde a metade da população.A corrida aos carros ou ao uso de transportes alternativos não existiria se o transporte público no RJ não fosse caótico.Isso sem falar no potencial hidroviário desprezado.

A ausência de políticas públicas sérias nos transportes públicos asfixia a qualidade de vida da população pobre carioca,que passa horas diárias em ônibus,que em lugar nenhum do mundo é considerado transporte de massa.Engenheiros de trânsito afirmam que construções de vias rodoviárias não solucionam problemas do transporte nas grandes cidades.

Presenciamos hoje no Rio de janeiro junto a tentativa de extinção dos transportes alternativos, a extinção da governabilidade e da moralidade pública.Só não serão extintas as relações libidinosas entre o público e o privado.



07 agosto 2011

Síndicos do edifício do Capital.


Organismos financeiros internacionais e seus governos marionetes tem nos cortes de gastos sociais,suas ferramentas preferidas para aplacar as crises que seus especuladores provocam.

Estados nacionais,em tempos do "globalitarismo" atuam como meros administradores dos negócios de banqueiros e das elites econômicas nacionais,como o agronegócio,cada vez mais ligado às regras do jogo internacional.

Nos EUA,republicanos e democratas fazem um jogo de cena,com relação as tarefas para soluções da crise.Jogam os dois,o jogo do mercado,bem como fazem aqui PT e PSDB.

Ficaremos a mercê das sobras e migalhas das classes dominantes ou nos mobilizaremos para impedir as perdas de direitos e aprofundamento das desigualdades,fruto de uma receita que dita a subserviência com atrelamento das riquezas à pagamentos de juros das dívidas,onde o suor do trabalhador brasileiro é o óleo para a máquina do enriquecimento dos ricos. 

Esta nova crise do Capital deveria ser paga pelo próprio,mas não será isso que veremos.Temos um governo comprometido com as soluções apresentadas pelos organismos financeiros.Aguardemos os movimentos dos síndicos do Capital ou enchamos as ruas.Outra solução não haverá.


15 junho 2011

Cabral: farsa ou tragédia?


Em "18 de brumário de Luís Bonaparte" Marx dizia que a História se repete,primeiro como tragédia,depois como farsa.

De Cabral à Cabral,tenho dúvidas de como classificar o último Cabral:Tragédia ou farsa?

Os dois cabem bem ao governador do RJ.É uma farsa,na medida que constrói sua imagem com factóides,ou com ações na segurança que lhe serve de lastro para as aberrações que pratica com servidores públicos, e como consequência,com quem mais precisa dos serviços prestados pelo Estado,os mais pobres.

É uma tragédia na medida que a opção pela solução dos problemas sociais não existe.Cedae decadente,corrupção em superfaturamentos de obras,virulência contra professores,bombeiros e médicos,etc.Pobreza e miséria se alastram na Baixada Fluminense,por exemplo,onde serviços essenciais como água potável e saneamento básico,são ainda um sonho distante.

A História marcará esta época no RJ como a aplicação dissimulada de um projeto fascista com tintas liberais:O Estado à serviço do Capital.Não mudou muito desde os tempos de Marx.

13 maio 2011

Por uma nova Globalização,por uma nova Abolição!


É urgente a reflexão sobre o processo de globalização excludente.O mundo hiper-real das novas tecnologias alucina as classes médias,atrofia a capacidade de pensar no outro,empaca as lutas sociais que desejam a promoção da justiça e da paz.

Neste 13 de maio(BRASIL) é preciso refletirmos sobre a nova abolição que desamarre os grilhões da fome,da pobreza e da miséria.Metade da população mundial não faz três refeições por dia e 1 bilhão não possuem sequer acesso à água potável.Por uma nova globalização,solidária entre os povos e não competitiva.Por uma nova abolição!

17 abril 2011

REFORMA AGRÁRIA OU BARBÁRIE!



O massacre de Eldorado dos Carajás em 17 de abril de 1996 é um símbolo dos conflitos de terra no Brasil.Símbolo de uma reforma agrária que ainda não foi feita,pelos comprometimentos dos governos com os latifúndios ou agro-negócios.

"Passados 13 anos do massacre no Pará, permanecem soltos os 155 policiais que mataram 19 trabalhadores rurais, deixaram centenas de feridos e 69 mutilados. Entre os 144 incriminados, apenas dois foram condenados depois de três conturbados julgamentos: o coronel Mário Collares Pantoja e o major José Maria Pereira de Oliveira. Ambos aguardam em liberdade a análise do recurso da sentença, que está sob avaliação da ministra Laurita Vaz, do STJ (Superior Tribunal de Justiça).Fica aqui a lembrança pelo aniversário do ocorrido e a esperança de que seja feita justiça."

Existem hoje aproximadamente 4 milhões de famílias sem terra no Brasil,um dos poucos países que não fizeram reforma agrária,que é a divisão de terras,assentando brasileiros que produzirão alimentos mais baratos,pois não estarão atrelados ao modelo agroexportador e monocultor. Todo apoio às lutas dos trabalhadores rurais sem-terra!


15 abril 2011

LIXO (ou A arte de me lixar pra vida do planeta).


A corrida espacial, característica do período da guerra fria, fez com que agências espaciais de USA e URSS projetassem em grande velocidade elementos eletrônicos para atender às demandas da concorrência espacial. Mais do que nunca, esta corrida era fundamental para propagandear a excelência do sistema.

A NASA então descobre que boa parte de suas descobertas serviria ao mercado, a internet é uma delas,e a descoberta mais importante seria a vida curta dos objetos e tecnologias inventadas.Este processo ficou conhecido como “obsolescência programada” e “obsolescência planejada”.

Desde então o mercado se lambuza com os altos lucros com cada vez menos custos, aliados ao espaço conquistado pela tecnologia sobre os postos de trabalho. Estava pronta a receita para a expansão global do Capital.
O resultado é a obsolescência absurdamente rápida dos produtos consumidos nos dias de hoje, graças a pouca durabilidade e principalmente, um elemento advindo da cultura de massa, a moda.
Mesmo que o produto dure mais tempo, a moda é capaz de enterrar em definitivo a vida útil de produtos ainda em funcionamento.

O fenômeno da descartabilidade do produto em busca de outros que atendam as expectativas de maior tecnologia ou potência é o mais cruel dos elementos da Globalização econômica.
O Status da posse de um produto recém lançado é o maior incentivo para trocar um produto por um mais novo.

Empresas de tecnologia nem precisam se preocupar em que os produtos quebrem com rapidez.Basta que se criem novos softwares(programas) que não se adaptem aos “velhos” hardwares,para decretar o enterro das máquinas.

Todo este planejamento do Capital faz surgir um problema crucial que é o lixo produzido.Sem a devida importância dada a este problema,o planeta é incapaz de absorver com a mesma velocidade com que se descarta,tanto quanto a velocidade com que se retira do meio ambiente a matéria prima para se produzir a partir das demandas colocadas pela moda,pelas obsolescências planejadas e programadas.

A capacidade de adaptação e manipulação do Capital e seu aliado imediato,os meios de comunicação, é grande.Aí inventaram a expressão “Desenvolvimento sustentável”.Retirar matérias primas da natureza  de forma sustentável passou a ser a palavra de ordem dos defensores do sistema e até mesmo de forças progressistas reformistas.  

Há uma incompatibilidade entre “desenvolvimento sustentável” e a expropriação do planeta na escala em que se verifica.

A cultura do consumismo é construída desde a infância pelos meios de comunicação.Existem pesquisas que demonstram que se tenta através da propaganda ,através da erotização da infância,diminuir a infância para que se alcance a adolescência com maior velocidade,visto que, é a faixa de consumo maior na vida de um ser humano,faixa de idade que atende mais facilmente aos apelos do consumismo.Da mesma forma,a programação das televisões sem qualidade(de qualidade rasteira) tendem a “emburrecer” os telespectadores que por conta disso, sem perspectivas culturais interessantes se debruçam sobre o consumo como forma de esvaziar frustrações e permitir o status recorrente da competitividade, onde eu me apresento ao mundo como alguém bem sucedido a partir das coisas que posso adquirir. 

A obsolescência do SER é o problema maior em um sistema da descartabilidade dos produtos. A pós-modernidade ao mesmo tempo nos apresenta o hedonismo, prazer máximo em mínimo tempo, e o abandono do passado e do futuro para decretar o deus-prazer da sociedade do espetáculo.As vitrines de Shopping Center se tornaram o altar das novas orações.

O SER é determinado pelo TER, e o ser também pode ser descartado. Posso matar com a legitimidade da sociedade aquele que impede que goze do prazer de usufruir da minha mercadoria. Quanto vale a vida? Depende de quanto vale a propriedade que  perdi. Quanto  vale o conforto que o descartável me proporciona? A continuidade da vida do planeta que agoniza neste processo.

A saída seria o estímulo à educação que busque a construção de novos valores, alternativos aos valores do grande Capital que desconstrói nossa morada e nossa existência. O apelo à cultura e ao conhecimento como valor universal colocará novas perspectivas para existência humana.

O lixo do Capital é o maior problema da humanidade. Ao se tornar a lixeira do universo, o planeta terra pede socorro.