27 novembro 2013

Por uma nova ética,por um novo sistema.


Dentro das limitações de entendimento da realidade da classe média,onde sua capacidade de reflexão só vai até leituras atentas da mídia oficial,é necessário um julgamento que condene os políticos(profissionais) e que ,no grande esforço do funcionamento de seu "cérebro de toucinho",o máximo que se pode alcançar ,é eleger uma alternativa "ética" para gerenciar o absurdo capitalismo.

O problema não é moral,ou fundamentalmente moral.A des-moralização é um dos produtos culturais das estruturas sociais,econômicas e políticas,que está engendrada na máquina capitalista.A origem da aberração moral,está na aberração política de um sistema que se apoia na legitimidade da força dos "fortes",poderosos economicamente, que com seu glamour de pântano,sujeita às solas de suas botas todos os que não alcançam o status de reconhecimento social .Individualismo,competitividade,cidadania relacional("jeitinho brasileiro","levar vantagem em tudo"...) superioridade técnica(inclusive as multiplicações de diplomas,que são os modernos títulos de nobreza do passado,que diferenciam o especialista do povo) e todos os valores morais da hipócrita sociedade,tem suas origens nos valores morais construídos pelo sistema de trocas capitalista,na exploração do homem pelo homem,na supremacia do Ter sobre tudo e a todos que não possuem.

A alternativa à "velha merda"(expressão de Marx) não está em encontrar o "ético",pois o ético dentro da ordem burguesa,pode ser algo um pouco melhor,mas nunca menos contraditório do que este bolo fétido e apodrecido que é o capitalismo.Portanto,não acredito no mal menor,não acredito na reforma do capitalismo.Colocar perfume na privada cheia até à beirada,não vai fazer dela higienizada,mas um pouco mais aceitável.

O fim do capitalismo é a saída ética,sem contradições,sem acrobáticos e mentirosos discursos analgésicos da dor que este sistema do capital produz.

Por uma outra moral,por uma outra educação ,por uma nova cultura ,por uma nova política ,pois não existe alternativa ética dentro do capitalismo e seu liberalismo político.

"Mensaleiros"

A origem do PT não participa da atualidade do PT.Desde as "teses de 90",a bandeira vermelha se descolora a olhos vistos,passando pelos expurgos de 93,onde Dirceu se utilizou da "bancada" da Folha de São Paulo para expulsar os setores radicalizados do partido.

Isto passando pelo apoio ao plano real e a expulsão dos que vieram formar o PSOL,por causa da reforma neoliberal da previdência social.Quem ainda alimenta alguma expectativa de um PT social-democrata,ou acredita na permanência do PT no campo das suas bandeiras originais só pode ter uma leitura da realidade bastante obtusa.A cada dia vemos o PT ratificar sua "Carta aos brasileiros" sua opção clara pelos princípios do Consenso neoliberal.
As ações jurídicas da extrema direita que condena o PT ,legitimada pela carga de preconceito da classe média,pelas origens de classe de Lula,só demonstra para a esquerda socialista que não devemos ter nenhuma confiança nas instituições burguesas,que não é possível que sejam reformadas.Estes fatos são um recado aos socialistas de parlamento,que alimentam ilusões em meros processos eleitorais.Às ruas camaradas!Elas sabem o caminho.

Dirceu e Genuíno acreditaram em seus atos de soberba ,adentram às grades que a burguesia guarda para todos que ousarem questionar a ORDEM LIBERAL,que não é o caso destes neo-stalinistas,patrocinadores das alianças mais espúrias que consolidaram a vontade da aristocracia atrasada e do mercado financeiro.Nenhuma confiança neste PT dos ricos,o PT que consolidou o "cordão sanitário" do pmdebismo, que impede reformas sociais e afirma o projeto neoliberal.

06 outubro 2013

As ruas devem prevalecer.

Por uma FRENTE DE ESQUERDA contra o fascismo e seus defensores.Fora cabrais,PTs e Marinas!As ruas devem prevalecer sobre as tentativas de pactos que visam acalmar as reivindicações e mobilizações populares!

O momento de ascensão dos movimentos sociais no Brasil e no mundo,graças à crise estrutural do capital,afundado junto a sua democracia,incapaz de dar respostas à exclusão,pobreza e miséria que se espalham pelo planeta ao mesmo tempo em que os lucros do grande capital somam  trilhões todos os dias,produz uma contraofensiva dos “donos do mundo”.

A criminalização dos movimentos sociais que denunciam e obtém a legitimidade das populações do planeta em forma de grandes mobilizações anticapitalistas , é uma resposta que efetivamente abala a credibilidade dos defensores deste modelo falido.

Temos observado esse processo no mundo e também no Brasil. Graves violações dos direitos humanos são postos em prática a partir das ações violentas e truculentas das polícias,nas favelas e na periferia e também aos movimentos sociais organizados,visam barrar à força às vozes daqueles que negam o sistema e suas políticas de reestruturações,perdas de direitos e diminuição de gastos sociais,ataques aos serviços públicos que atendem aos mais pobres.

Durante todas as crises do capital nas últimas décadas, a midiocracia foi capaz de contornar os problemas com altas doses de produção de falsa consciência da realidade.Os grandes oligopólios da comunicação atuam como verdadeiro partido político,criando necessidades,organizando as visões de mundo, e sobretudo contendo revoltas populares ou filiação da indignação aos projetos e movimentos anticapitalistas.Neste momento,a falha na produção ideológica de falsificação da realidade dá espaço de atuação ao aparato de repressão policial.

Ideologia(falsa consciência da realidade,expressa por meios de comunicação de massa e currículos escolares) e polícia(órgão de proteção propriedade e da ordem excludente) são parceiros na manutenção da ordem social,quando uma falha, a outra entra em ação.Repressões violentas à professores no México,Grécia,Chile e Brasil são simbólicos na medida que expressam o ataque do capital e seus meios de comunicação à contra hegemonia,às tentativas de setores sociais de desmistificar um sistema que se apresenta como flor e age como cravo,afundando nas mãos da classe trabalhadora mundial seus espinhos que provocam a dor de bilhões.

O processo eleitoral viciado é uma destas frentes de controle social do grande capital. Variações de siglas partidárias e “personalidades” ,tentam dar conta da manutenção da injustiça. Embora outros afirmem o desejo de reformar o sistema por dentro,contribuindo para o controle dos movimentos sociais e buscando migalhas que o sistema oferece em troca do silêncio e apatia das massas ,controladas e sufocadas pelos partidos políticos da ordem social.

PT e Marina (assim mesmo,e não REDE,graças ao seu personalismo) são as correias de transmissão deste processo de controle social.Aliados ao que mais atrasado existe no Brasil,como ruralistas,agronegócio,capital internacional... ,agem para domesticar a juventude em ebulição e os trabalhadores organizados que lutam para conter a ânsia demolidora da perda de direitos,afirmação de opressões e continuidade do estado de coisas de uma política mesquinha e corrupta.

O PT e seu social-liberalismo avança na destruição de conquistas sociais históricas e tem como aliado principal o PMDB,responsável por legitimar o sistema político corrupto,formando um grande “cordão sanitário” ,isolando qualquer tentativa de insurgência parlamentar,ou a repetição do que aconteceu com Collor.É responsável pelo cordão de isolamento onde a corrupção de PSDB e PT mantiveram intactas a governabilidade,onde prevalecem as trocas de favores,compras de voto e toda a sorte do que há de mais nojento na política burguesa.

Os partidos de esquerda têm como  grande  tarefa neste momento ,construir a mobilização popular,incentivar a ocupação das ruas,afirmar o espaço público como a grande ágora popular,ou seja,ratificar de que só os movimentos sociais,periferia,favelados,juventude,oprimidos e excluídos de todas as formas,podem destruir este edifício social construído sobre areia movediça,escorado por “Marinas” e PTs para que não seja alterada a ordem da exclusão.


Cabe à PCB, PSOL, PSTU, PCO, Anarquistas...juntos aos movimentos de juventude e trabalhadores,se juntarem aos excluídos de voz,aos favelados e periferias,entidades progressistas da sociedade civil, em um grande movimento cultural e político contra-hegemônico,anticapitalista e antifascista.A FRENTE DE ESQUERDA deve ser construída no chão do cotidiano dos movimentos e das lutas contra este sistema e seus defensores,sem “vanguardismos” e ”hegemonismos autoproclamatórios”.A horizontalidade da frente de esquerda garantirá a democracia popular,baseada nos conselhos populares e na democracia direta,assentados nos movimentos populares.A máscara democrática caiu neste momento em que o fascismo coloca suas “mangas de fora”.O liberalismo perdeu seus escrúpulos e mostra que pode ser fascista,a verdadeira cara destes que nos governam e oprimem.

25 setembro 2013

A mulher e o capital.


Uma mulher morre no Brasil a cada uma hora e meia, vítima da violência(IPEA).A maioria ,vítima do próprio parceiro ou ex .Nossa cultura patriarcal ,os valores do capitalismo de supremacia da força , da competitividade ,da sensualização como instrumento de alienação e de subjugação da imagem feminina como objeto de consumo são determinantes para a permanência deste holocausto de gênero.

Os valores subjetivos desenvolvidos pelo capitalismo matam tanto quanto os objetivos(como exploração da força de trabalho).Assim como o racismo e a homofobia,a submissão da imagem da mulher como mero "depósito de esperma",são subprodutos da cultura de massa do capital.Enquanto houver capitalismo haverá a inferiorização do que se pareça diferente do modelo instituído.

Machismo ,racismo e homofobia são elementos da gênese deste sistema.Derrubar o capitalismo é instituir não somente um modelo sem exploradores e explorados,mas também uma sociedade com uma cultura sem opressões de todos os tipos.Onde houver capitalismo haverá opressão e discriminação.

16 agosto 2013

Polis partida é polis rebelada.



“Devemos apostar na rebelião do desejo.Aqueles que se apegarem às velhas formas serão enterrados com elas.” Mauro Luis Iasi – “A rebelião,a cidade e a consciência”-

As grandes mobilizações de juventude que se dão há dez anos pelo menos,o crescimento e maior visibilidade dos movimentos sociais ,são produtos da explosão do capital.O capitalismo não vive somente uma crise cíclica,vive uma crise de seu projeto de acumulação e de seu projeto civilizatório que desemboca em uma crise urbana.

As cidades partidas,viraram cidades fragmentadas onde o individualismo produz conflitos permanentes,conflitos esses que contém em si mesmos a luta de classes.As várias cidades contidas em uma só se enfrentam e chegam ao limite quando o Estado,que detém o monopólio do uso da força física,coloca seu aparato repressor a serviço da ordem e do controle social.

A solução política tem sua continuidade na violência expressa pelas polícias,que demonstram também que o aparato ideológico da midiocracia não vem dando respostas às necessidades das elites dominantes de paz,palavra esconderijo da ordem da exclusão.

Violência,conflitos de ocupação  fundiária/periferização/gentrificação/especulação,alarmantes engarrafamentos, que mostram a crise de mobilidade... são resultados claros do esgotamento do projeto de cidade que tenta ser viabilizado à força dos "choques de ordem" em programa que restaura o século XIX da política higienista,da limpeza étnica que mostra a limpeza como sinônimo de ordem de ocupação da cidade burguesa.
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As mobilizações atuais são processos de ocupação da Polis.Marginalizados e o proletariado precarizado em vias de perda total de direitos sociais,trabalhistas e até mesmo políticos,estudantes que enxergam o futuro sem perspectivas,excluídos de todas as ordens empreendem ação pela apropriação da cidade,enquanto espaço plural e republicano,no sentido de que pertence a todos,e a apropriação da Política sem mediadores.

A esse protagonismo político no cenário urbano,o espetáculo da encenação de uma nova ordem está sendo gestada.Do caos sai o novo e das mobilizações não sairão somente direitos conquistados,mais a consciência da força eruptiva e orgástica de um novo modelo de cidade,de um novo modelo de política,e por fim,de um novo modelo de humanidade alternativo ao do capital.


24 julho 2013

Somos campeões!


Somos campeões!

Essa gente que luta é a nosso orgulho.Denunciamos nas ruas como se joga o jogo cruel do balcão de negócios que virou o Estado brasileiro.

Todos já sabemos como o belo joga da bola é utilizado como instrumento de alienação e esta,utilizada como ferramenta de opressão.Continuemos a levantar nossas bandeiras nas ruas e o fim da opressão terá data marcada.Minha homenagem especial a todos esses craques que ocuparam as ruas deste país !

Ocuparemos todos os campos desta nação e tomaremos em nossas mãos o que é nosso.Pra quem ainda tem dúvidas da garra de quem luta,nunca conquistamos tanto em tão pouco tempo.Fica impossível pedir autógrafo a esses ídolos que vestiram a camisa da coragem e do inconformismo. 

Nossas bandeiras continuarão hasteadas,mostrando para o mundo com orgulho nossas conquistas.Contra a força da juventude e dos trabalhadores unidos ninguém pode,nem essa polícia fascista que nós temos.E pra não perder a viagem,Fora Cabral!

Como na política,pelo fim da militarização da polícia.


O fim da polícia militar é uma necessidade urgente.A farda que fala mais alto que o direito individual só se mantém em uma disfarçada democracia.A polícia que indiscriminadamente há décadas mata nas favelas os mais pobres,já nem mais respeita os filhos de trabalhadores e trabalhadores que vão às ruas negar a condição em que foi posto o Estado brasileiro como refém da vontade da burguesia.Presenciei em manifestações o despreparo emocional e profissional de quem se acredita acima das leis,legado este da ditadura civil-militar que vivemos a partir de 1964.

Na verdade a polícia é um aparato criado originalmente para a proteção exclusiva da propriedade privada e da ordem social,contribuindo para a manutenção do status de exclusão presente no sistema capitalista.A ideia de uma polícia defensora do cidadão é uma tentativa de reinventar os princípios da democracia,e nem isto as classes dirigentes brasileiras são capazes,como são incapazes de criar condiçôes básicas de sobrevivência para as maiorias excluídas do banquete opulento do globalitarismo capitalista.Assim como outras tarefas democráticas,o sistema não é capaz de reformar esta instituição militar agonizada,que não tem marcado o seu enterro,por ser uma instituição a serviço do crime organizado intestinamente no Estado brasileiro.

A máquina repressora e criminalizadora de Movimentos Sociais vem de longa data,e vivemos o mais grave momento diante do comando policial de Sérgio Cabral.

Uma polícia marcadamente corrupta,claramente instrumento de violência do Estado aqueles que praticam o direito mais elementar da democracia liberal,o direito de manifestação e participação política nas ruas,denunciando as mazelas do sistema.Para que haja a sobrevivência da democracia,mesmo esta que se quer propalar como verdadeira,mas do que nunca é necessária a desmilitarização da polícia bem como se tem feito um hercúleo esforço para a desmilitarização da política ,que nos deixou de herança a corrupção e a apatia como cultura.

Não existe,e não existirá democracia sem Movimentos Sociais,bem como não há pulmão que sobreviva sem oxigênio.O fim das polícias militares é uma exigência da lucidez ,um apelo da maioria que não enxerga mais em um policial a presença da proteção do Estado brasileiro.

08 maio 2013

Direitos Humanos?Sim,Direitos humanos!



A defesa dos Direitos Humanos aglutina lutadores de várias concepções ideológicas.Desde os “radicalizadores da democracia” até os clássicos movimentos contestadores da ordem social e promotores da substituição do sistema e seu aniquilamento.

Portanto,a defesa dos direitos humanos aponta para a necessidade de buscar nas origens sociais as causas para os atos criminosos.A defesa dos direitos humanos visa universalizar o pensamento e as práticas contra qualquer ato,principalmente os que partem do Estado,contra a dignidade humana ,marcadamente dos mais empobrecidos,resultantes de um sistema excludente.

Ativistas,partidos e entidades da sociedade civil se debruçam em uma luta,muitas vezes antipopular,dado o senso comum prevalecer,na busca da preservação da vida em toda a sua dignidade.Defender a luta contra o racismo,o direito à moradia,à terra,à opção sexual,à afirmação cultural,à alimentação,à saúde... Se configuraram nos tempos da globalização econômica,da crise da modernidade,em lutas no varejo contra a dominação política e a exclusão de boa parte da população do exercício da cidadania plena,onde quem se atreve a fazê-la,recebe como “prêmio” a espada do Estado historicamente subordinado aos interesses das classes proprietárias.

Os movimentos de luta em defesa dos direitos humanos, além de tentar consagrar uma ética universal de tornar a Vida como algo acima das culturas que submetem à  indignidade os amplos setores marginalizados,se tornam nos dias de hoje ferramentas essenciais na luta contra o Capital e seus desmandos,contra o Estado opressor a serviço dos interesses dos proprietários.

O pensador Habermas dizia certa vez que “o fascismo era o liberalismo que perdeu seus escrúpulos.” Referia-se certamente ao fascismo como uma faceta da burguesia de um Estado em disputa em que as classes dominantes se viam na iminência da derrota nas disputas hegemônicas pela consciência e pela direção do próprio Estado. No jogo da participação política,esta sempre foi a solução histórica para barrar a ascensão  dos movimentos sociais.

Hoje vemos no Brasil, e talvez no mundo inteiro, a desavergonhada defesa de posições políticas e morais contra a defesa dos direitos de afirmação cultural de raça, contra a defesa da união homoafetiva,contra a defesa dos povos originários e suas concepções culturais e civilizatórias,e principalmente,contra a defesa da vida daqueles que se encontram enquadrados em atividades criminosas.

O crescimento da violência tem como causa fundamental o desenvolvimento econômico excludente, onde na festa das grandes corporações do capital são barrados bilhões de seres humanos que não possuem acesso ao mínimo necessário à sobrevivência, e aos que tem este acesso,é negado a possibilidade de participação política, à prática de ações culturais e artísticas que promovam a consciência a um patamar acima dos padrões  estabelecidos como verdadeiros.Atrelado a isto,temos os valores burgueses propagados por meios de comunicação,igrejas e até por meio de currículos escolares(cientificismo como modelo de verdade),os ideais de perfeição,produtividade,beleza,competitividade,individualismo e vários outros ,que acirram as disputas pelo acesso à propriedade como valor ético,máximo a ser atingido,como ato significante de status social e fator de diferenciação em uma sociedade cada vez mais homogeneizada e padronizada pela cultura de massa espalhada pelas classes proprietárias e seus aliados de primeira ordem,os meios de comunicação.

Neste sentido, verificamos que com o crescimento da violência, o senso comum desfralda como bandeira para a solução da escalada da anomia social, a vingança.Confundida como justiça,ou mesmo mascarada como tal,é defendida com fervor como solução. Estes setores que compõe as classes médias mais variadas, que possui acesso a crédito e ao consumo, defende sua estreita visão como solução aos conflitos violentos.

No Brasil, as polícias militares, herdeiras do Estado ditatorial,onde a farda valia mais do que a lei,são as correias de transmissão destes setores conservadores que buscam preservar suas propriedades conseguidas como muito custo e trabalho explorado,por meio da mesma violência praticada pelos setores delituosos.Exemplo disso são as sucessivas defesas do aumento da maioridade penal,que como já é tradicional,busca a reparação do ato delituoso com o espírito da vingança nos termos do antigo “Código Hamurabi”,”olho por olho,dente por dente”.Percebemos hoje uma intensa e armada repressão aos movimentos sociais,onde a questão de direitos é tratada como caso de polícia.

Lamentamos e nos assustamos com a violência,onde qualquer um de nós não estará livre em uma sociedade de classes cada vez mais concentradora de renda e de capital,mas o meu maior susto e medo é perceber que das bocas horrorizadas das classes médias saem as mais intemperadas propostas ,conservadoras e mesmo reacionárias,da morte como solução.Esta tsunami conservadora é percebida por alguns políticos profissionais como senha para expor seus tentáculos de horror,na tentativa de se promoverem eleitoralmente,espalhando o “leviatã” ,monstro da moral conservadora promotora da ordem aos mais pobres,para que haja estabilidade no plano de acumulação material dos mais favorecidos economicamente.

Contra a face fascista do Estado e das classes médias com acesso ao consumo,mas sem acesso à educação de qualidade,à cultura e aos valores da alteridade e solidariedade,este é um desagravo em defesa de todos os indivíduos e entidades comprometidas com as lutas pela construção de um novo mundo,uma nova ordem social livre da exploração econômica,e que portanto,estará livre da violência como solução para violência ,por todos aqueles que dão sua vida pela emancipação das populações e das mentes amarradas pelos grilhões da falsa consciência da realidade.

15 março 2013

O "Fenômeno" Yoani Sánchez. Uma reflexão sobre o papel dos meios de comunicação.





Por Gabriela Coelho
O sucesso da blogueira cubana: natural ou pretensão? A enorme importância de analisarmos e pensarmos a respeito de tudo que lemos e vemos nos meios de comunicação.


No último mês, um nome específico tem sido bastante repetido pela mídia. O nome não diz respeito a alguém que tenha morrido numa famosa tragédia ou que esteja envolvido em algum grande crime. É só um rosto cubano que tem aparecido por aí (e, até aparecido bastante, diga-se de passagem – aparecimento que não é muito esperado de uma figura cubana). O rosto é de Yoani Sánchez, uma blogueira que escreve muitas críticas a seu país e, por estas mesmas, tem sido valorizada e prestigiada pelo mundo afora. A verdadeira questão em torno da blogueira é: por que (e/ou por quem) um rostinho de Cuba tem ganhado tanta visibilidade nos veículos de massa?

Há muitos que dizem por aí que a razão pela qual esse rostinho tem ganhado toda essa atenção é justamente por ser um rostinho diferenciado. Diferenciado porque, supostamente, a blogueira tem agido como uma voz da verdade e um ícone mundial a todos que enxergam (ou querem fazer os outros enxergarem) uma tirania stalinista em Cuba. Devo concordar que a imagem de Yoani Sánchez representa mesmo algo diferenciado, mas não consigo dizer que seja porque ela mesma representa essa diferença.
 
A revolução cubana, para muitos ("idealistas" ou não), representou um grande sonho em torno de toda a América Latina. E, até hoje, Cuba mostra-se como uma prova de resistência e sabedoria. Não é muito à toa que o país possui os melhores índices de alfabetismo e a marca zero da pobreza, por exemplo (segundo dados da ONU) - mesmo privado e sancionado de tantos benefícios comercio-econômicos. Mas, para muitos outros, e até de maneira muito compreensível, devo admitir, o modelo político de Cuba, hoje, pode parecer um retrocesso. Em meio a tantas tecnologias, novas mídias e publicidade, Cuba perdeu o charme diante de um mundo tão entregue às lógicas do capitalismo. Por isso mesmo, vemos o país também em abertura política. Assim, Yoani entra nessa história como alguém que resolve falar de todas essas coisas que o capitalismo proporciona e sobre o quanto Cuba age como uma ilha de isolamento e alienação a tudo isso. Contudo, minha intenção não é desmerecer o que ela diz e critica, mas só analisar o percorrer de suas falas.

Assim, sinceramente, o que ela pensa a respeito de Cuba não muito me interessa agora. Não quero analisar suas opiniões, apesar de ter grandes críticas a estas. Ela fala o que quiser e tiver bem vontade de falar, seja de sua espontânea crença ou não. Confessemos que, se ela também não falar só o que acredita por conta própria, mas também o que agrada e satisfaz outros interesses privados e particulares, não seria uma grande surpresa. Desta forma, o meu interesse em falar de Yoani é justamente o fato da possibilidade de haver um grande interesse de outras pessoas por trás dela. O interesse seria em querer que o que ela fala ganhe muita notoriedade. Para incitar mais isso, por exemplo, posso citar o fato de seu blogue ser traduzido para mais de 10 línguas (o que é quase um recorde em se tratando de uma página virtual).

Portanto, o importante me parece ser o reconhecimento de que sua figura só transcende porque a fizeram transcender. Há um nítido interesse midiático em tornar Yoani uma voz do saber. O interesse fica sempre mais claro quando analisamos por trás toda a polêmica que a blogueira arrastou em torno de suas críticas à falta de liberdade individual em Cuba. Por si só, o conceito de liberdade individual já me é relativo - mas, mais relativo ainda é pensar que Yoani alega estar insatisfeita com alguns dos fatores que mais faz o país consagrar-se como uma nação mais igualitária. Mas, é claro: o conceito de uma sociedade mais igualitária também é relativo. Penso que, o que não pode ser relativo, é imaginar que transformem uma pessoa em figura-celebridade e coloquem o que ela diz como frases de um oráculo de luzes divinas. 
É claro que a grande responsabilidade disso cai muito mais em cima das grandes revistas e jornais, e das grandes emissoras de televisão (que são controladas por pessoas que têm interesses além dos informativos, obviamente). E, é claro também que, alguns desses interesse são fáceis de serem decifrados. Afinal, criticar Cuba, com embasamento e sérias informações, ou não, é sempre divertido.
Não importam, o preço, a ética, a moral. Se tiverem que criar um preço para fazerem a crítica, criarão. Se tiverem que ajustar as éticas de comunicação e jornalismo, ajustarão. E, se tiverem que romper com algumas morais cívicas básicas, romperão da maneira mais esdrúxula possível: com a manipulação.Por isso, a crítica vai diretamente à comunicação, e não à blogueira – mesmo que ela possa agir como empregada deste ramo.

Deste modo, o que mais me parece sensato agora é entender que é preciso criticar a importância que associaram a ela - e associam a quaisquer outras celebridades inventadas de momentos passados, ainda mais com tanto furor. O que imagino ou idealizo é respeito. Respeito que venha tanto dos meios de comunicação de massa, vendidos e entregues, que insistem em desinformar; assim como de quem pensa que tem o direito de cortar a fala de Yoani, mesmo que esta seja falsa.

Morte.





Por Giovana Lidizia

Eu via tantas pessoas percorrendo aquele caminho, naquela direção que eu ficava curiosa. Até que um dia eu tomei coragem e fui até lá, mas não cheguei muito perto e então perguntei “Quem é você?” e ela me respondeu ,“Prazer, sou a morte.”. Nisso passaram duas pessoas ao meu lado, uma mulher e um menino chorando e me perguntei “Será mesmo um prazer?”, afinal ambos que passaram ao meu lado estavam jorrando lágrimas de tristeza e eu não podia fazer nada, estava de mãos atadas. Sai dali.

No caminho encontrei mais uma pessoa, um homem, em torno dos 40 e poucos anos e perguntei “Com licença, aonde esse caminho leva as pessoas?” e ele me respondeu “Para a morte.”. Espera, quem é ou o que é a morte? Indaguei para mim mesma, e logo em seguida, indaguei em voz alta para o homem. Ele disse ,“A morte é o final desse caminho aqui.” Tá, mas como, por quê? Qual a finalidade dela? Quando virei-me de lado para fazer novas perguntas, o homem já estava quase no final do caminho. Engraçado que ele parecia apressado e ansioso para chegar ao fim desse caminho. Mas as outras duas pessoas que haviam passado por mim mais cedo, estavam aos prantos.

Continuei andando, na mão contrária a das pessoas. Enquanto as pessoas iam, eu voltava. Só eu.

O caminho era bem grande, muito grande e cada pessoa tinha uma linha que a seguia. De umas pessoas ela era maior do que de outras. Era como se fosse o quanto ela viveu.

Parei outra pessoa e perguntei “Que caminho é esse”?”e ela me respondeu “é a vida, querida.” perguntei mais uma coisa ,“que vida?” Ela respondeu “a que vivemos, existimos, porque pergunta?” Um pouco confusa tentei responder “ por que tem tanta gente nesse caminho?Uns jorram lágrimas de tristeza, outros aparentam alívio, uns felicidade...?Por quê?” e ela mais uma vez me responde, “É o que eles estão sentindo em relação ao fim da vida. Quando morremos, não voltamos para nossa antiga vida. Saímos da vida das pessoas e de tudo mais, tudo aquilo que durante anos fomos obrigados a conhecer, a gostar. Agora somos obrigados a desapegar, principalmente das coisas e pessoas que mais amamos e prezamos,ver os outros sofrerem.” E eu indaguei “Mas quando se morre, se sai da vida das pessoas? Por completo?” e ela disse um simples e sonoro “sim” e eu mais uma vez a procura de respostas “ Mas e a memória, a saudade que você deixou? É extinta também? Será possível...” e ela respondeu “não sei, mas sei que tenho curiosidade de saber o que está atrás do ultimo passo do caminho a minha frente” e eu perguntei “mas então quer morrer? Não se importa com as pessoas que deixará para trás, ou a saudade?” e ela me surpreendeu “muitos me deixaram e eu não morri por isso.”

Então espera, você tem uma vida que lhe é entregue e dizem “vai em frente, vive.”, mas como podemos nos entregar a algo que sabemos que um dia vai ser tirado da gente. Tirado sem pedir licença ou perguntar se ao menos queremos. Somos apresentados à vida, falam que temos duas opções, viver ou existir. Fazer juz aquela vida que você recebeu e viver mesmo, com intensidade, fazer o que quer fazer ,o que tem curiosidade. Ou viver, seguir regras e não se importar, apenas viver, não fazer nada de importante, que “mude o mundo” ou que mude você.

Falam que a vida tem um fim e esse fim é a morte, mas será que depois da morte não tem nada  mais? Será que não voltamos?

Eu tenho curiosidade sobre a morte, para mim, mas não para os meus parentes, familiares, amigos porque eu sei qual é a sensação que é provocada quando alguém que você se importava, amava, gostava, morre. Sensação amarga e de perda de um pedaço de dentro de você. Eu penso que se eu, por exemplo, perder algum ente muito próximo como minha mãe, hoje, eu não vejo futuro na minha vida. Porque a minha mãe é meu chão, ela que me direciona aos caminhos e me incentiva a ser alguém na vida, não necessariamente uma pessoa boa para o país que trará lucro, mas uma pessoa na vida pra mim.

Mas será mesmo que eu não conseguiria seguir em frente sem ela? Será que exatamente por não tê-la eu queira seguir em frente?

Enquanto eu não descubro a morte eu vou viver com o máximo de intensidade e curiosidade possíveis dentro de mim. Permitir que eu sinta as sensações mais estranhas que podem existir, me apaixonar, me machucar milhares e milhares de vezes, aprender, errar e fazer tudo que quero. Mas o principal, quero viver meus sonhos, quero achar minha razão de viver, se é que existe.

Quero estender a mão quando precisarem, quero beijar quando quiser, abraçar quando quiser. Quero viver, quero ser uma estranha nesse mundo tão grande, quero ser uma estranha diferente no meio desses 7 bilhões de pessoas estranhas no mundo.
Estranha.

13 março 2013

Devolvam o nosso Cristo!

Eu quero a presença de Cristo me guiando.Eu quero o tempo onde o “religar”(significado de religião) signifique igualar a todos,sem discriminação e desigualdade econômica.

Eu não quero Papa e bispos evangélicos homofóbicos,racistas ,defensores de pedófilos e colaboradores de ditaduras.Eu quero o exemplo do homem simples e barbado que não excluía,abraçava aqueles que os conservadores criminalizaram.

Meu Cristo foi um preso político condenado à pena de morte,meu Cristo de sandálias só ostentava a alteridade,amor e respeito profundo aos simples e deserdados da terra.

Eu quero seu exemplo orientando os pedantes religiosos que se acham os donos do mundo,das verdades e da política.Um líder religioso não pode colaborar com este presente absurdo,nem tampouco indicar o retrocesso moral como caminho.

Definitivamente minha referência não é a farsa que eles defendem.Meu Cristo não andava de braços com poderosos e opressores.Dissimulados líderes que esqueceram o exemplo daquele que só tem a ensinar e não a falsificar,colaboradores dos regimes do ódio e da exclusão,que caiam suas máscaras sob a Luz de quem só indica a Paz na humanidade,hoje,tanto quanto há dois mil anos, afogada nos paradigmas da intolerância.

Eu quero o tempo onde religiões não sejam balcões de negócios e ideologia.Um tempo onde não seja necessário mais do que o coração e a consciência para indicar o caminho a seguir.

11 março 2013

Senhores da escuridão.







“O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.”
M.Luther King


Feliciano,a aberração eleita como presidente da comissão de direitos humanos da câmara federal,Bolsonaros e Malafaias,Eduardo Cunha(Homem de Cabral e Paes no congresso) e alguns outros conservadores tem se manifestado mais claramente contra negros,indígenas,homossexuais e etc.Além disso,estes fazem coro com governadores que criminalizam e agem com violência contra manifestações democráticas.

Vemos em algumas cidades,remoções forçadas para a festa da FIFA,desalojando e reprimindo sem tetos e sem terras,incêndios criminosos em favelas localizadas em áreas nobres,repressão sem dó nem piedade à professores e médicos em luta por melhores condições de trabalho e remuneração,ocupação de territórios de povos originários e outras tantos terrorismos de Estado.

 Demonstram o quanto perderam a vergonha de expor o que seria impensável falar com tanto descaramento há algum tempo, mesmo que suas ações políticas nunca deixassem de existir.

A própria eleição destes cidadãos já demonstra o quão na contramão estamos caminhando.Se a esquerda vive um refluxo político,hoje podemos dizer que vivemos em plena era de refluxo cultural,e por que não moral,quando os fascistas se sentem a vontade para se colocar inescrupulosamente a favor de ódios preconceituosos.Há clima para a barbárie quando há público e eleitores para estes desajustados.


Se fizermos um exame do momento onde o nazi-fascismo teve seu auge, veremos que da mesma forma dos dias de hoje, existiam discursos na base para justificar o injustificável frente à ética universal.

Ao mesmo tempo percebemos que existem resistências, nas ruas e nas redes sociais, setores progressistas compostos pela juventude e movimentos sociais dão respostas a altura, embora os meios de comunicação se neguem a fazer eco à mobilizações legitimas para a democracia.

Habermas dizia que o "fascismo é o liberalismo que perdeu seus escrúpulos”. Hitler foi eleito antes de se tornar o que se tornou e teve o apoio do povo alemão e de vários espalhados pelo mundo. Afrontas à dignidade humana colaboram com estado de coisas postas no momento.Há em curso um projeto civilizatório preocupante. Parte de nossa sociedade e seus representantes fascistas preparam em panela de pressão um totalitarismo à moda da casa, construindo o prato cultural para o banquete político que está por vir.O que de pior há na humanidade ainda sobrevive.



27 fevereiro 2013

Tire seu cinismo do caminho.Por uma nova "estética da existência".



Muito se discute sobre a falta de ética.Não há falta de ética,o que há é uma ética que fundamenta os caminhos e normas sociais em que vivemos.Melhor dizer que sobrevivemos à ética atual,a ética é um conjunto de  princípios universais.Um problema moral é quando um desejo pessoal se contrapõe aos princípios éticos.O edifício teórico ético nos assombra quando queremos desestabilizar este modelo instituído.Mas a minha ação moral ou contra-moral,é afirmação dos valores aceitos ou pode significar a transgressão da moral vigente.

A ética que prevalece em nossos tempos é a ética construída historicamente pelos sistemas filosóficos que acompanharam as transformações burguesas ao longo da história.Vivemos a ética burguesa.E nos alarmamos,quando somos críticos a este modelo de civilização que está posto.Um modelo do Capital,que cria signos que não correspondem ao humanismo,a valorização da vida com toda a dignidade.

Foucault,ao estudar Epicuro definiu ética como a “estética da existência”.O modo como o indivíduo vê beleza em sua vida, a maneira e os caminhos  com que deseja construir sua existência.E este modelo pode ser moral,aceitável enquanto padrão de comportamento ou não.Eis a encruzilhada da humanidade.Ratificamos os comportamentos da ética do Capital,a mesquinha ética do capitalismo,competitiva antes de solidária,individualista antes de reconhecer o outro como parte da construção de si mesmo(Alteridade).

A moral vigente é estabelecida pela ética do consumo e do lucro,somos modelados pela manufatura do sucesso,que nos permite Status,fator de diferenciação dos outros,não “tão bons quanto nós”.E aceitamos tudo isso.

Em “Romeu e Julieta” de Shakespeare nos contorcemos de dor, quando do final infeliz do casal que se ama se concretiza. Esta história coloca a regra social em xeque ,o valor moral expresso na paixão vai de encontro a ética estabelecida.Precisamos entender o recado do autor.O que está estabelecido não necessariamente nos servirá para eternidade.A paixão,em dose controlada,pode significar um novo estado de coisas,uma nova ordem,uma nova ética.

Os gregos construíam  a imagem do confronto das paixões,os desejos, com a ética,como um barquinho em meio à tempestade em alto mar,sem rumo,sem direção,pronto a afundar.É assim que nos vemos quando estamos apaixonados,no sentido largo da palavra,quando desejamos algo,alguma coisa ou alguém.O caminho da correção dos sentidos ou dos sentimentos estaria em racionalizar esta tempestade,adaptar ou sucumbir meu desejo às normas éticas universais estabelecidas como padrões de correção.Este é o princípio da ordem,que pode ser “benéfico”,calmante filosófico,na medida em que nos vemos de novo adaptados às rotinas morais.Será esta a solução?

É aí que entra a relativização do Universal.O Universal que a humanidade consagra em um esforço histórico,”sagrados” valores, podem em certa medida serem desconstruídos.A crítica à moral vigente é uma necessidade para o desenvolvimento ético da humanidade.Ela sim,pode significar descontrole,pode significar ausência de ordem,mas será mesmo que a ordem estabelecida,os valores burgueses sacralizados pelo Iluminismo,será que eles ainda nos servem?Alguns dizem que ainda não alcançamos a utopia iluminista.Outros,que elas são a atualidade ética em que vivemos.Não precisamos de psicanálise,não há crise no indivíduo,a crise é filosófica,a crise é do modelo de valores petrificados pelo sistema capitalista,seu liberalismo político e sua cultura de massa.O estresse social deve implodir os rumos atuais,construindo um novo modelo,uma nova ética.O descontrole também pode ser interpretado como liberdade.

Só a transgressão da ética atual pode resignificar a humanidade.A crítica da moral é um papel filosófico que deve ser assumido por cada indivíduo,que conseguirá com a força da sua razão,iluminar espaços que são obscurecidos pela cultura capitalista,superar o Simulacro de realidade que nos foi imposto,promover a autonomia do pensar,desamarrar os grilhões que falsificam a realidade.

Somente a subversão de valores éticos pode permitir uma ética universal que seja Transcendência,superando a Imanência material,o que nos prende a falta de lucidez,o que nos torna uma humanidade angustiada,que sofre quando enxerga as  mazelas produzidas pelo sistema da exclusão.A culpa é a sombra que nos acompanha mas a ignoramos como fazemos como as  sombras de nossos corpos.Mas esta angústia coletiva é logo superada pelas “falsas crenças da realidade”,como dizia o filósofo Epicuro.A ilusão é a constituição da nossa vida atual.É o psicótico desejo de fugir de uma vida que pesa aos ombros ,que pesa na alma,mas banalizamos e naturalizamos esse modelo de existência irreal,incompatível com o modelo ético que almejamos,incompatível com os valores de justiça que gostaríamos de alcançar.

Só a subversão nos salvará da ética que condena a vida de bilhões.Condenados à fome,uma fome de nova ética que venha substituir o sistema,este padrão ético que faz parecer que o erro é individual,quando na verdade é o modelo universal de existência que condena a cada um na medida em que consagra seus falsos sonhos,ilusões descabidas que nos tornam doentes moralmente,decadentes mesmo que economicamente  felizes,mesmo que tenhamos alcançado os píncaros do alpinismo social.

A nova “estética da existência”,a nova ética,os novos princípios de uma nova humanidade que sufocará  a crise civilizatória em que vivemos,certamente não passa pelo modelo filosófico do capitalismo.Uma nova ética que supere a abominação que nos tornamos,ao ignorar a hipocrisia social que fazemos de conta não existir neste modelo global carcomido,com o rumo apontado para o abismo ético.Estamos no precipício,frente as escolhas que podemos fazer,por uma nova ética,ou continuemos a viver com a morte do sentido existencial.

24 fevereiro 2013

Na escola do Oscar,a sala de aula de Chico.







 A sala de aula era o sonho da família.Primeiro a mãe,filha de operário,entrou para o curso normal.Depois os filhos.Havia o orgulho ,ou o status de reconhecimento por proferir aquilo que estava posto como o fruto do esforço da humanidade.Cresci  cheio de vontade de ser eu também alguém que possuísse as “verdades” da humanidade.

Não gostava de ir às aulas, mas aquele ambiente da escola me fascinava. O respeito que tinha por aquelas pessoas que detinham toda aquela sabedoria era muito, parecia a música do Chico.
Cresci cheio de ansiedade e impaciência, pois na minha cabeça, a sala de aula era igual à música do Chico.
Fui fazer direito. E nas aulas que me esforçava para gostar, ficava pensando que gostaria muito mais de estar no lugar do mestre.

Internei-me nos códigos, que não me faziam sentido. Pareciam algo artificial e sem importância perto da sabedoria de meus Mestres, sabedoria que parecia música do Chico.

Senti-me traído com sua burocracia, odiei, me revoltei. Insultei o que me pôs neste caminho.Lembrei de quem dizia que com o curso de magistrado poderia ter uma vida mais confortável,sem as agruras do cotidiano do educador.

Na minha cabeça a sala de aula era música do Chico. Só volto à faculdade quando as aulas falarem do conhecimento acumulado pela humanidade!

As provas de tributário, Penal e Civil não me alegravam como as de Antropologia,Ciência Política e Sociologia. Estas me lembravam música do Chico.

Depois, larguei. Fui fazer Sociologia para dar aulas.Na minha cabeça dar aulas perfeitas seriam como Pedro Pedreiro,Construção,Deus Lhe Pague,Cotidiano...Na minha cabeça ,dar aulas era música do Chico.

Ainda hoje ,depois de quase duas décadas de trabalho em sala de aula,cada uma delas me soa como  música do Chico.Em todos os lugares,em todas as salas,na escola do Oscar,em todas,a aula tem que ser música de Chico.