20 agosto 2006

"Política,mentiras e videoteipe".

Pense. Esta é uma palavra que possui vários significados. No entanto, o pensar é muito mais do que não agir por instinto, característica dos animais. Pensar significa fugir do senso-comum. Pensar é projetar. Se libertar da opinião, do pensamento médio da população, significa romper as barreiras da realidade indo ao imaginável, construir novas possibilidades, criar, negar o corriqueiro. Como diz o escritor Rubem Alves, o pensar tem “o poder de chamar à existência coisas que não existem e de tratar as coisas que existem como se não existissem.”. Pensar é apelar à Utopia, lugar que não existe, mas que pode ser construído, portanto, muito diferente da ilusão, da fantasia. Imaginar, no sentido de perceber as entranhas da realidade, onde o poder criativo está ligado à percepção do mundo.

Pois é isto que proponho. Negar o corriqueiro, em tempos de eleição, é deixar de acreditar que, o que é posto como verdade, necessariamente significa à atenção às necessidades da maioria. Se analisarmos a história recente do nosso país, veremos que em se tratando de processo eleitoral, os programas políticos, dos partidos e candidatos à presidência, possuem uma continuidade. Não há rompimento, ou descontinuidade nos programas políticos de José Sarney à Lula. Enquanto a ditadura militar preparou o Estado brasileiro para financiar a burguesia, todos os outros projetos políticos atenderam às demandas desta burguesia, em busca da desconstrução deste Estado.

Marx dizia que o "Estado é a ante-sala da burguesia" onde ela aguarda para ser atendida ansiosamente, e muitas vezes, quando não é rapidamente atendida, violenta a porta de entrada, mostrando o quão absurdo é, os poderosos economicamente não serem servidos com bandejas onde em cima conste, todo o produto do trabalho de milhões. É impossível que achemos normal que proprietários de latifúndios, banqueiros e grandes empresários sejam beneficiados pelo suor diário da maioria da população brasileira. Fazem-nos querer crer, através dos meios de comunicação, que os problemas sociais por que passam os brasileiros, serão resolvidos com ajustes pontuais e morais de deputados e ou presidentes.

O maior problema do estado brasileiro e da sociedade, não é a corrupção, embora conte muito o roubo de merenda escolar, superfaturamento de obras e tantas outras ilegalidades praticadas, o problema central é o volume de dinheiro escorrido pelos "ralos" legais, amparados pelas leis e pela burocrática - ideológica justiça, bilhões são sugados nacionalmente ou internacionalmente por poucos.
O povo brasileiro paga, em média, 180 bilhões de dólares por ano, de juros da dívida externa, tudo para que seja garantida a estabilidade econômica que enchem os bolsos de especuladores e banqueiros e garantam a continuidade do "status quo”, que vitimiza os trabalhadores e suga para a pobreza, a classe média proletarizada deste país. Lula é o novo comandante desta nau produzida pela classe dominante. Está sentado no colo do poder econômico, dando continuidade às políticas do PSDB, de Fernando Henrique e Alckmin, que foram produzidas pelo “Consenso de Washington”, pelos organismos econômicos internacionais.
Portanto Pense, assim mesmo com letra maiúscula, não se engane que a equação, PSDB+PT+PFL+PTB+PL+PMDB, resulta na continuidade desta realidade que hoje se apresenta. Privatizações, Reforma Trabalhista, reforma da previdência, são pontos determinados em 1992, pelo banco mundial e pelo FMI. Sim senhor ! Por mais que não pareça, estas instituições continuam à comandar o leme do país. Para o calafrio de alguns iludidos com o PT, este partido e seu programa, representam a política econômica iniciada pela ditadura militar, que passando por Sarney, Itamar, Collor, Fernando Henrique e Lula, mantém os mesmos pressupostos econômicos e políticos que garantem a alegria dos banqueiros, empresários e latifundiários do nosso país. PT e PSDB são partidos social-democratas, de origens diferentes, que aplicam criteriosamente os planos chamados de neo-liberais, com todos os princípios, a nova máscara do capitalismo que se adapta como camaleão às dificuldades que este sistema capitalista possui, graças as suas contradições.
Este filme-programa de Lula e de Alckmin é requentado, nós já o vimos com outras roupagens.