Alguma
coisa me atraiu à sala na visita feita à instituição de ensino.
A
percepção primeira foi a de paz, mas acolhido pelo silêncio sepulcral, este me
fez senti-lo em forma de agonia.
Não
havia o sorriso farto e abundante. Não
havia o “tapa amigo” no amigo adormecido.
Não
havia a carícia dos neo-namorados, nem a manipulação “escondida” de bugigangas eletrônicas.
Não
havia o debate acalorado sobre o tema premente.
Não
percebia alegremente o despertar do interesse, pré-requisito para o amanhecer da consciência.Questionamento
e rebeldia não se sentira.
Não
estavam presentes os olhos jovens transbordando brilho,esguichando hormônios e
tempestades em copos de água,nocauteados pela velha “notícia” da fome no mundo.
Não
havia a sensibilidade quanto a um dia não tão bom do professor.
Não,a
sala era esqueleto morto,sem sentido,sem projetos,sem sonhos ou
alegrias.Alegrias em excesso que muitas vezes se assemelham a anomia
completa,hoje faz falta.
De
olhos bem fechados senti que a sala de aula parecia fazer uma prece, pedindo
aos céus o retorno do que lhe fazia existir como tal. Ela, a sala de
aula,pereceria sem os tais que lhe habitam o ano inteiro.Não importaria se
aqueles que ali frequentassem estivessem com a mente na praia,futebol,namorados
ou férias.
Percebi
que os desejava de volta o mais rápido quanto pudessem. Cada grupo que ali
passava deixava uma marca única,caráter coletivo único,personalidade original.Nenhuma
turma se assemelha a outra,por mais semelhanças que houver.E cada marca deixada
é como carimbo permanente marcado em toda nossa vida.
Senti-me
solidário com a tristeza daquelas paredes e carteiras,me senti vazio como elas.Ainda que saiba que não é
preciso estar em uma sala de aula para se tornar um educador,e que estamos ali
aprendendo muito mais do que ensinando,entre aquelas paredes em espaços os mais
diferentes possíveis,podemos dizer que não há vida onde a educação não esteja
presente.
Entre aquelas paredes,eu e aquelas salas nos sentimos mais vivos do que em qualquer
outro espaço e carregamos juntos todos os dias, o significado do mundo.