“Devemos apostar na rebelião do desejo.Aqueles que se apegarem
às velhas formas serão enterrados com elas.” Mauro Luis Iasi – “A
rebelião,a cidade e a consciência”-
As grandes mobilizações de
juventude que se dão há dez anos pelo menos,o crescimento e maior visibilidade
dos movimentos sociais ,são produtos da explosão do capital.O capitalismo não
vive somente uma crise cíclica,vive uma crise de seu projeto de acumulação e de
seu projeto civilizatório que desemboca em uma crise urbana.
As cidades
partidas,viraram cidades fragmentadas onde o individualismo produz conflitos
permanentes,conflitos esses que contém em si mesmos a luta de classes.As várias
cidades contidas em uma só se enfrentam e chegam ao limite quando o Estado,que
detém o monopólio do uso da força física,coloca seu aparato repressor a serviço
da ordem e do controle social.
A solução política tem sua continuidade na
violência expressa pelas polícias,que demonstram também que o aparato
ideológico da midiocracia não vem dando respostas às necessidades das elites
dominantes de paz,palavra esconderijo da ordem da exclusão.
Violência,conflitos de ocupação
fundiária/periferização/gentrificação/especulação,alarmantes
engarrafamentos, que mostram a crise de mobilidade... são resultados claros do
esgotamento do projeto de cidade que tenta ser viabilizado à força dos
"choques de ordem" em programa que restaura o século XIX da política
higienista,da limpeza étnica que mostra a limpeza como sinônimo de ordem de
ocupação da cidade burguesa.
.
As mobilizações atuais são
processos de ocupação da Polis.Marginalizados e o proletariado precarizado em
vias de perda total de direitos sociais,trabalhistas e até mesmo
políticos,estudantes que enxergam o futuro sem perspectivas,excluídos de todas
as ordens empreendem ação pela apropriação da cidade,enquanto espaço plural e
republicano,no sentido de que pertence a todos,e a apropriação da Política sem
mediadores.
A esse protagonismo político no
cenário urbano,o espetáculo da encenação de uma nova ordem está sendo
gestada.Do caos sai o novo e das mobilizações não sairão somente direitos
conquistados,mais a consciência da força eruptiva e orgástica de um novo modelo
de cidade,de um novo modelo de política,e por fim,de um novo modelo de
humanidade alternativo ao do capital.