Alguma
coisa me atraiu à sala na visita feita à instituição de ensino.
A
percepção primeira foi a de paz, mas acolhido pelo silêncio sepulcral, este me
fez senti-lo em forma de agonia.
Não
havia o sorriso farto e abundante. Não
havia o “tapa amigo” no amigo adormecido.
Não
havia a carícia dos neo-namorados, nem a manipulação “escondida” de bugigangas eletrônicas.
Não
havia o debate acalorado sobre o tema premente.
Não
percebia alegremente o despertar do interesse, pré-requisito para o amanhecer da consciência.Questionamento
e rebeldia não se sentira.
Não
estavam presentes os olhos jovens transbordando brilho,esguichando hormônios e
tempestades em copos de água,nocauteados pela velha “notícia” da fome no mundo.
Não
havia a sensibilidade quanto a um dia não tão bom do professor.
Não,a
sala era esqueleto morto,sem sentido,sem projetos,sem sonhos ou
alegrias.Alegrias em excesso que muitas vezes se assemelham a anomia
completa,hoje faz falta.
De
olhos bem fechados senti que a sala de aula parecia fazer uma prece, pedindo
aos céus o retorno do que lhe fazia existir como tal. Ela, a sala de
aula,pereceria sem os tais que lhe habitam o ano inteiro.Não importaria se
aqueles que ali frequentassem estivessem com a mente na praia,futebol,namorados
ou férias.
Percebi
que os desejava de volta o mais rápido quanto pudessem. Cada grupo que ali
passava deixava uma marca única,caráter coletivo único,personalidade original.Nenhuma
turma se assemelha a outra,por mais semelhanças que houver.E cada marca deixada
é como carimbo permanente marcado em toda nossa vida.
Senti-me
solidário com a tristeza daquelas paredes e carteiras,me senti vazio como elas.Ainda que saiba que não é
preciso estar em uma sala de aula para se tornar um educador,e que estamos ali
aprendendo muito mais do que ensinando,entre aquelas paredes em espaços os mais
diferentes possíveis,podemos dizer que não há vida onde a educação não esteja
presente.
Entre aquelas paredes,eu e aquelas salas nos sentimos mais vivos do que em qualquer
outro espaço e carregamos juntos todos os dias, o significado do mundo.
6 comentários:
Que texto bonito cara!
Como sempre seus textos são belíssimos professor.Eu sempre os leio com o coração mais do que com a cabeça e muitas vezes você me emociona.
BEIJOS mil!!!!!
Priscilla Milhomem
Lindo!
Que Beleza Wallace!
Nilza Lima
Mais uma vez, meu irmão, você me emocionou. O dia a dia tem se tornado mais feliz com o "sentimento do mundo" de quem ama educar...Um dia a dia solitário muitas vezes ao precisar esconder a alegria de chegar numa sala de aula ou em presença de aprendizes.Educar, nos dias de hoje tem sido navegar contra a correnteza de quem quer jogar um rio inteiro de horizonte, criatividade e sonho no lixo de um sistema que sorri, enquanto destrói.Um abraço carinhoso da irmã-colega-amiga, Fabíola Camargo.
Escreve pra cara*** irmão!Senti cada palavra que você escreveu como se fosse minha.
Valeu caro colega.Orgulho de compartilhar meus dias de trabalho com alguém como você.
Marcio Luiz
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