15 março 2013

Morte.





Por Giovana Lidizia

Eu via tantas pessoas percorrendo aquele caminho, naquela direção que eu ficava curiosa. Até que um dia eu tomei coragem e fui até lá, mas não cheguei muito perto e então perguntei “Quem é você?” e ela me respondeu ,“Prazer, sou a morte.”. Nisso passaram duas pessoas ao meu lado, uma mulher e um menino chorando e me perguntei “Será mesmo um prazer?”, afinal ambos que passaram ao meu lado estavam jorrando lágrimas de tristeza e eu não podia fazer nada, estava de mãos atadas. Sai dali.

No caminho encontrei mais uma pessoa, um homem, em torno dos 40 e poucos anos e perguntei “Com licença, aonde esse caminho leva as pessoas?” e ele me respondeu “Para a morte.”. Espera, quem é ou o que é a morte? Indaguei para mim mesma, e logo em seguida, indaguei em voz alta para o homem. Ele disse ,“A morte é o final desse caminho aqui.” Tá, mas como, por quê? Qual a finalidade dela? Quando virei-me de lado para fazer novas perguntas, o homem já estava quase no final do caminho. Engraçado que ele parecia apressado e ansioso para chegar ao fim desse caminho. Mas as outras duas pessoas que haviam passado por mim mais cedo, estavam aos prantos.

Continuei andando, na mão contrária a das pessoas. Enquanto as pessoas iam, eu voltava. Só eu.

O caminho era bem grande, muito grande e cada pessoa tinha uma linha que a seguia. De umas pessoas ela era maior do que de outras. Era como se fosse o quanto ela viveu.

Parei outra pessoa e perguntei “Que caminho é esse”?”e ela me respondeu “é a vida, querida.” perguntei mais uma coisa ,“que vida?” Ela respondeu “a que vivemos, existimos, porque pergunta?” Um pouco confusa tentei responder “ por que tem tanta gente nesse caminho?Uns jorram lágrimas de tristeza, outros aparentam alívio, uns felicidade...?Por quê?” e ela mais uma vez me responde, “É o que eles estão sentindo em relação ao fim da vida. Quando morremos, não voltamos para nossa antiga vida. Saímos da vida das pessoas e de tudo mais, tudo aquilo que durante anos fomos obrigados a conhecer, a gostar. Agora somos obrigados a desapegar, principalmente das coisas e pessoas que mais amamos e prezamos,ver os outros sofrerem.” E eu indaguei “Mas quando se morre, se sai da vida das pessoas? Por completo?” e ela disse um simples e sonoro “sim” e eu mais uma vez a procura de respostas “ Mas e a memória, a saudade que você deixou? É extinta também? Será possível...” e ela respondeu “não sei, mas sei que tenho curiosidade de saber o que está atrás do ultimo passo do caminho a minha frente” e eu perguntei “mas então quer morrer? Não se importa com as pessoas que deixará para trás, ou a saudade?” e ela me surpreendeu “muitos me deixaram e eu não morri por isso.”

Então espera, você tem uma vida que lhe é entregue e dizem “vai em frente, vive.”, mas como podemos nos entregar a algo que sabemos que um dia vai ser tirado da gente. Tirado sem pedir licença ou perguntar se ao menos queremos. Somos apresentados à vida, falam que temos duas opções, viver ou existir. Fazer juz aquela vida que você recebeu e viver mesmo, com intensidade, fazer o que quer fazer ,o que tem curiosidade. Ou viver, seguir regras e não se importar, apenas viver, não fazer nada de importante, que “mude o mundo” ou que mude você.

Falam que a vida tem um fim e esse fim é a morte, mas será que depois da morte não tem nada  mais? Será que não voltamos?

Eu tenho curiosidade sobre a morte, para mim, mas não para os meus parentes, familiares, amigos porque eu sei qual é a sensação que é provocada quando alguém que você se importava, amava, gostava, morre. Sensação amarga e de perda de um pedaço de dentro de você. Eu penso que se eu, por exemplo, perder algum ente muito próximo como minha mãe, hoje, eu não vejo futuro na minha vida. Porque a minha mãe é meu chão, ela que me direciona aos caminhos e me incentiva a ser alguém na vida, não necessariamente uma pessoa boa para o país que trará lucro, mas uma pessoa na vida pra mim.

Mas será mesmo que eu não conseguiria seguir em frente sem ela? Será que exatamente por não tê-la eu queira seguir em frente?

Enquanto eu não descubro a morte eu vou viver com o máximo de intensidade e curiosidade possíveis dentro de mim. Permitir que eu sinta as sensações mais estranhas que podem existir, me apaixonar, me machucar milhares e milhares de vezes, aprender, errar e fazer tudo que quero. Mas o principal, quero viver meus sonhos, quero achar minha razão de viver, se é que existe.

Quero estender a mão quando precisarem, quero beijar quando quiser, abraçar quando quiser. Quero viver, quero ser uma estranha nesse mundo tão grande, quero ser uma estranha diferente no meio desses 7 bilhões de pessoas estranhas no mundo.
Estranha.

Um comentário:

Vozes da América disse...

Parabéns a este jovem talento. Que muitas letras ainda sejam escritas por suas mãos.