A defesa dos Direitos Humanos
aglutina lutadores de várias concepções ideológicas.Desde os “radicalizadores
da democracia” até os clássicos movimentos contestadores da ordem social e
promotores da substituição do sistema e seu aniquilamento.
Portanto,a defesa dos direitos
humanos aponta para a necessidade de buscar nas origens sociais as causas para
os atos criminosos.A defesa dos direitos humanos visa universalizar o
pensamento e as práticas contra qualquer ato,principalmente os que partem do Estado,contra
a dignidade humana ,marcadamente dos mais empobrecidos,resultantes de um
sistema excludente.
Ativistas,partidos e entidades da
sociedade civil se debruçam em uma luta,muitas vezes antipopular,dado o senso
comum prevalecer,na busca da preservação da vida em toda a sua dignidade.Defender
a luta contra o racismo,o direito à moradia,à terra,à opção sexual,à afirmação
cultural,à alimentação,à saúde... Se configuraram nos tempos da globalização
econômica,da crise da modernidade,em lutas no varejo contra a dominação
política e a exclusão de boa parte da população do exercício da cidadania
plena,onde quem se atreve a fazê-la,recebe como “prêmio” a espada do Estado
historicamente subordinado aos interesses das classes proprietárias.
Os movimentos de luta em defesa
dos direitos humanos, além de tentar consagrar uma ética universal de tornar a
Vida como algo acima das culturas que submetem à indignidade os amplos setores
marginalizados,se tornam nos dias de hoje ferramentas essenciais na luta contra
o Capital e seus desmandos,contra o Estado opressor a serviço dos interesses
dos proprietários.
O pensador Habermas dizia certa
vez que “o fascismo era o liberalismo que perdeu seus escrúpulos.” Referia-se
certamente ao fascismo como uma faceta da burguesia de um Estado em disputa em
que as classes dominantes se viam na iminência da derrota nas disputas
hegemônicas pela consciência e pela direção do próprio Estado. No jogo da
participação política,esta sempre foi a solução histórica para barrar a ascensão
dos movimentos sociais.
Hoje vemos no Brasil, e talvez no
mundo inteiro, a desavergonhada defesa de posições políticas e morais contra a
defesa dos direitos de afirmação cultural de raça, contra a defesa da união
homoafetiva,contra a defesa dos povos originários e suas concepções culturais e
civilizatórias,e principalmente,contra a defesa da vida daqueles que se
encontram enquadrados em atividades criminosas.
O crescimento da violência tem
como causa fundamental o desenvolvimento econômico excludente, onde na festa
das grandes corporações do capital são barrados bilhões de seres humanos que
não possuem acesso ao mínimo necessário à sobrevivência, e aos que tem este
acesso,é negado a possibilidade de participação política, à prática de ações
culturais e artísticas que promovam a consciência a um patamar acima dos
padrões estabelecidos como verdadeiros.Atrelado
a isto,temos os valores burgueses propagados por meios de comunicação,igrejas e
até por meio de currículos escolares(cientificismo como modelo de verdade),os
ideais de perfeição,produtividade,beleza,competitividade,individualismo e
vários outros ,que acirram as disputas pelo acesso à propriedade como valor
ético,máximo a ser atingido,como ato significante de status social e fator de
diferenciação em uma sociedade cada vez mais homogeneizada e padronizada pela
cultura de massa espalhada pelas classes proprietárias e seus aliados de
primeira ordem,os meios de comunicação.
Neste sentido, verificamos que
com o crescimento da violência, o senso comum desfralda como bandeira para a
solução da escalada da anomia social, a vingança.Confundida como justiça,ou
mesmo mascarada como tal,é defendida com fervor como solução. Estes setores que
compõe as classes médias mais variadas, que possui acesso a crédito e ao consumo,
defende sua estreita visão como solução aos conflitos violentos.
No Brasil, as polícias militares,
herdeiras do Estado ditatorial,onde a farda valia mais do que a lei,são as
correias de transmissão destes setores conservadores que buscam preservar suas
propriedades conseguidas como muito custo e trabalho explorado,por meio da
mesma violência praticada pelos setores delituosos.Exemplo disso são as
sucessivas defesas do aumento da maioridade penal,que como já é
tradicional,busca a reparação do ato delituoso com o espírito da vingança nos
termos do antigo “Código Hamurabi”,”olho por olho,dente por dente”.Percebemos
hoje uma intensa e armada repressão aos movimentos sociais,onde a questão de
direitos é tratada como caso de polícia.
Lamentamos e nos assustamos com a
violência,onde qualquer um de nós não estará livre em uma sociedade de classes
cada vez mais concentradora de renda e de capital,mas o meu maior susto e medo
é perceber que das bocas horrorizadas das classes médias saem as mais
intemperadas propostas ,conservadoras e mesmo reacionárias,da morte como
solução.Esta tsunami conservadora é percebida por alguns políticos
profissionais como senha para expor seus tentáculos de horror,na tentativa de
se promoverem eleitoralmente,espalhando o “leviatã” ,monstro da moral
conservadora promotora da ordem aos mais pobres,para que haja estabilidade no
plano de acumulação material dos mais favorecidos economicamente.
Contra a face fascista do Estado
e das classes médias com acesso ao consumo,mas sem acesso à educação de
qualidade,à cultura e aos valores da alteridade e solidariedade,este é um
desagravo em defesa de todos os indivíduos e entidades comprometidas com as
lutas pela construção de um novo mundo,uma nova ordem social livre da
exploração econômica,e que portanto,estará livre da violência como solução para
violência ,por todos aqueles que dão sua vida pela emancipação das populações e
das mentes amarradas pelos grilhões da falsa consciência da realidade.