08 maio 2013

Direitos Humanos?Sim,Direitos humanos!



A defesa dos Direitos Humanos aglutina lutadores de várias concepções ideológicas.Desde os “radicalizadores da democracia” até os clássicos movimentos contestadores da ordem social e promotores da substituição do sistema e seu aniquilamento.

Portanto,a defesa dos direitos humanos aponta para a necessidade de buscar nas origens sociais as causas para os atos criminosos.A defesa dos direitos humanos visa universalizar o pensamento e as práticas contra qualquer ato,principalmente os que partem do Estado,contra a dignidade humana ,marcadamente dos mais empobrecidos,resultantes de um sistema excludente.

Ativistas,partidos e entidades da sociedade civil se debruçam em uma luta,muitas vezes antipopular,dado o senso comum prevalecer,na busca da preservação da vida em toda a sua dignidade.Defender a luta contra o racismo,o direito à moradia,à terra,à opção sexual,à afirmação cultural,à alimentação,à saúde... Se configuraram nos tempos da globalização econômica,da crise da modernidade,em lutas no varejo contra a dominação política e a exclusão de boa parte da população do exercício da cidadania plena,onde quem se atreve a fazê-la,recebe como “prêmio” a espada do Estado historicamente subordinado aos interesses das classes proprietárias.

Os movimentos de luta em defesa dos direitos humanos, além de tentar consagrar uma ética universal de tornar a Vida como algo acima das culturas que submetem à  indignidade os amplos setores marginalizados,se tornam nos dias de hoje ferramentas essenciais na luta contra o Capital e seus desmandos,contra o Estado opressor a serviço dos interesses dos proprietários.

O pensador Habermas dizia certa vez que “o fascismo era o liberalismo que perdeu seus escrúpulos.” Referia-se certamente ao fascismo como uma faceta da burguesia de um Estado em disputa em que as classes dominantes se viam na iminência da derrota nas disputas hegemônicas pela consciência e pela direção do próprio Estado. No jogo da participação política,esta sempre foi a solução histórica para barrar a ascensão  dos movimentos sociais.

Hoje vemos no Brasil, e talvez no mundo inteiro, a desavergonhada defesa de posições políticas e morais contra a defesa dos direitos de afirmação cultural de raça, contra a defesa da união homoafetiva,contra a defesa dos povos originários e suas concepções culturais e civilizatórias,e principalmente,contra a defesa da vida daqueles que se encontram enquadrados em atividades criminosas.

O crescimento da violência tem como causa fundamental o desenvolvimento econômico excludente, onde na festa das grandes corporações do capital são barrados bilhões de seres humanos que não possuem acesso ao mínimo necessário à sobrevivência, e aos que tem este acesso,é negado a possibilidade de participação política, à prática de ações culturais e artísticas que promovam a consciência a um patamar acima dos padrões  estabelecidos como verdadeiros.Atrelado a isto,temos os valores burgueses propagados por meios de comunicação,igrejas e até por meio de currículos escolares(cientificismo como modelo de verdade),os ideais de perfeição,produtividade,beleza,competitividade,individualismo e vários outros ,que acirram as disputas pelo acesso à propriedade como valor ético,máximo a ser atingido,como ato significante de status social e fator de diferenciação em uma sociedade cada vez mais homogeneizada e padronizada pela cultura de massa espalhada pelas classes proprietárias e seus aliados de primeira ordem,os meios de comunicação.

Neste sentido, verificamos que com o crescimento da violência, o senso comum desfralda como bandeira para a solução da escalada da anomia social, a vingança.Confundida como justiça,ou mesmo mascarada como tal,é defendida com fervor como solução. Estes setores que compõe as classes médias mais variadas, que possui acesso a crédito e ao consumo, defende sua estreita visão como solução aos conflitos violentos.

No Brasil, as polícias militares, herdeiras do Estado ditatorial,onde a farda valia mais do que a lei,são as correias de transmissão destes setores conservadores que buscam preservar suas propriedades conseguidas como muito custo e trabalho explorado,por meio da mesma violência praticada pelos setores delituosos.Exemplo disso são as sucessivas defesas do aumento da maioridade penal,que como já é tradicional,busca a reparação do ato delituoso com o espírito da vingança nos termos do antigo “Código Hamurabi”,”olho por olho,dente por dente”.Percebemos hoje uma intensa e armada repressão aos movimentos sociais,onde a questão de direitos é tratada como caso de polícia.

Lamentamos e nos assustamos com a violência,onde qualquer um de nós não estará livre em uma sociedade de classes cada vez mais concentradora de renda e de capital,mas o meu maior susto e medo é perceber que das bocas horrorizadas das classes médias saem as mais intemperadas propostas ,conservadoras e mesmo reacionárias,da morte como solução.Esta tsunami conservadora é percebida por alguns políticos profissionais como senha para expor seus tentáculos de horror,na tentativa de se promoverem eleitoralmente,espalhando o “leviatã” ,monstro da moral conservadora promotora da ordem aos mais pobres,para que haja estabilidade no plano de acumulação material dos mais favorecidos economicamente.

Contra a face fascista do Estado e das classes médias com acesso ao consumo,mas sem acesso à educação de qualidade,à cultura e aos valores da alteridade e solidariedade,este é um desagravo em defesa de todos os indivíduos e entidades comprometidas com as lutas pela construção de um novo mundo,uma nova ordem social livre da exploração econômica,e que portanto,estará livre da violência como solução para violência ,por todos aqueles que dão sua vida pela emancipação das populações e das mentes amarradas pelos grilhões da falsa consciência da realidade.

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