15 julho 2018

Futebol e um outro mundo possível.


Tenho acompanhado com atenção as discussões pela rede sobre apoio ou não apoio às seleções, como França com seleção de origem africana ou Croácia, que possui torcedores e jogadores fascistas(alguns deles),principalmente por questões históricas.
Isso é longo em minha vida, quando a seleção brasileira é usada politicamente para a afirmação da filosofia da ditadura civil-militar no Brasil ou, quando nas vésperas da copa de 2014 já se apontava a corrupção generalizada e uso dos recursos públicos para o benefício do capital, que escolheu países dos Brics,nas últimas copas para sugar os Estados nacionais de África do Sul, Brasil e Rússia.

É muito triste ver que o futebol como identidade das culturas brasileiras possa ser absorvido pela sanha do capital.
No entanto, trago outros pontos que seriam importantes nesta discussão.

O primeiro deles, observados no debate sobre as seleções desta Copa é perceber a "Questão nacional" como referência. Como a torcida por uma ou outra seleção, dentro das esquerdas foi muito além do futebol.

Aqueles que veem na esquerda socialista referência na tática de alianças com países que enfrentam o imperialismo estadunidense,como a Rússia,e que tem a ver com posicionamentos políticos diante da questão da Síria e o governo de Assad,aliado russo frente aos EUA.A mesma questão aparece no debate que envolve as questões nacionais de Croácia,a antiga Iugoslávia,Ucrânia e Rússia,que envolvem a influência fascista   na formação da nação croata,a aliança sérvia com a rússia e etc etc..
Por outro lado,outros setores socialistas que não identificam a questão nacional como parâmetro,ou seja,identificam os setores populares,suas aspirações e demandas independente de governos e Estados,acabam se aproximando mais do marxismo original(e também em Weber),quando caracteriza o Estado como viabilizador da dominação burguesa,ferramenta de repressão política,onde trabalhadores não deveriam ter referências em nações,que mesmo reconhecendo a autodeterminação dos povos ,engrossariam o caldo da dominação política do capital.
A segunda questão a tratar, é a questão da Identidade cultural.

É fato que a questão da cultura é ponto importante nos debates intestinos às esquerdas socialistas, principalmente quanto a ideia de a cultura e a identidade são ou não prioridades aos marxistas originais ou seu desenvolvimento,quando podemos identificar que a agenda da esquerda hoje tem como pontos importantes questões específicas relativas ao indivíduo e sua autonomia diante de questões como o racismo , a homofobia,a proteção das culturas originárias e etc, dentro do modelo capitalista de lutas de classes.

As questões de classe e afirmação da individualidade são questões ainda que carregam muitas polêmicas no campo da esquerda,que envolvem princípios das correntes políticas emancipatórias.

É duro demais perceber como o Futebol, forma cultural que permite a caracterização do brasileiro  foi e é,e não só aqui, fator de alienação e manipulação política,meio de controle social e dominação.

O capitalismo se apropria de todas as formas culturais como forma de obter lucro e reproduzir suas formas de dominação.
Sobre torcer ou não para tal ou qual selecionado nacional aprofunda debates que revolvem as profundezas das "almas" socialistas e comunistas.

Tenho pra mim,que assim como os meios de comunicação de massa,futebol e religiosidade são sim ferramentas de alienação e manipulação,mas vejo que todas as formas culturais são passíveis de manipulação,no entanto,não a principal.

O principal eixo de controle,alienação e dominação está centrado no currículo escolar ,sem o qual não se pode discutir os processos de "anestesiamento social" e desertificação da racionalidade e de leitura da realidade e  dos acontecimentos sociais(tema tratado em outro momento e outros textos já discutidos).

Portanto, se cada apropriação que o capital faz dos elementos culturais formos envolver nossos princípios, não sobrará nada que possa nos envolver com o mundo real, seremos meros principistas ,alienados do mundo real,portanto,incapacitados para disputar a hegemonia política na sociedade.

Torça e se envolva com a sociedade e o mundo cultural,mesmo sabendo dos propósitos da indústria cultural, pois se condenamos a religião ,o futebol ou a novela, o fazemos por sabermos a que servem e a quem serve, mas ao nos afastarmos deste mundo Real não poderemos ler e identificarmos o que pensa o senso comum, e mais ainda, a cultura popular é propriedade do povo e dos trabalhadores,ao negarmos, pensarmos e nos envolvermos com eles, mas me parece prepotência e principismo ,as vezes, auto proclamação e não passa de um sentimento de pertencimento aos grupos políticos por parte de militantes das causas, vanguardismo que aponta contradições, necessárias mas insuficientes para fazer revolução.

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