A sala de aula era o sonho da
família.Primeiro a mãe,filha de operário,entrou para o curso normal.Depois os
filhos.Havia o orgulho ,ou o status de reconhecimento por proferir aquilo que
estava posto como o fruto do esforço da humanidade.Cresci cheio de vontade de ser eu também alguém que
possuísse as “verdades” da humanidade.
Não gostava de ir às aulas, mas aquele ambiente da escola me fascinava. O
respeito que tinha por aquelas pessoas que detinham toda aquela sabedoria era muito,
parecia a música do Chico.
Cresci cheio de ansiedade e impaciência, pois na minha cabeça, a sala de
aula era igual à música do Chico.
Fui fazer direito. E nas aulas que me esforçava para gostar, ficava
pensando que gostaria muito mais de estar no lugar do mestre.
Internei-me nos códigos, que não me faziam sentido. Pareciam algo
artificial e sem importância perto da sabedoria de meus Mestres, sabedoria que
parecia música do Chico.
Senti-me traído com sua burocracia, odiei, me revoltei. Insultei o que
me pôs neste caminho.Lembrei de quem dizia que com o curso de magistrado
poderia ter uma vida mais confortável,sem as agruras do cotidiano do educador.
Na minha cabeça a sala de aula era música do Chico. Só volto à faculdade
quando as aulas falarem do conhecimento acumulado pela humanidade!
As provas de tributário, Penal e Civil não me alegravam como as de Antropologia,Ciência
Política e Sociologia. Estas me lembravam música do Chico.
Depois, larguei. Fui fazer Sociologia para dar aulas.Na minha cabeça dar
aulas perfeitas seriam como Pedro Pedreiro,Construção,Deus Lhe Pague,Cotidiano...Na
minha cabeça ,dar aulas era música do Chico.
Ainda hoje ,depois de quase duas décadas de trabalho em sala de
aula,cada uma delas me soa como música
do Chico.Em todos os lugares,em todas as salas,na escola do Oscar,em todas,a
aula tem que ser música de Chico.
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