16 outubro 2005

Los Hermanos

Há qualquer coisa de velho nos Hermanos. Nostálgico no som que lembra pelos sentidos , pois não há razão neles. Sentimental dizem eles, é o Amarante, porém o Camelo passa neste disco ruminando uma dor. Dor de progressivos, de mineiros, de décadas de 60 e 70, de Vandré, de sintetizadores existencialistas, de múltiplas influências. Ferreira Gullar, o poeta, diz que apesar da morte das vanguardas a Arte continua a se reproduzir, ou melhor , a se produzir. Nestes tempos pós-modernos, onde tradição e modernidade se enlaçam, neste mundo de ilusões midiáticas, da supervalorização da estética-espetáculo, do fragmentado e especializado, os Hermanos se reinventam, se reconstroem dos cacos do sucesso de "Ventura" e da valorização momentânea da indústria cultural de massa, e produzem Arte, pois são Artesões preocupados com os detalhes que vão inebriar os sentidos de quem os ouve. "Eu preciso andar um caminho só, vou buscar alguém que nem sei quem sou".Que a procura seja sempre neles o sepultamento da mesmice enquadradora. Se lessem isto, diriam, como disseram, que "as pessoas estão pesadas, falta leveza". Este disco 4 é denso mas não um peso, é "Vento" que acaricia em um "Horizonte distante" pertencente à memória sensível.

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